O surgimento de uma “Valsa”
Não, não estou aqui para falar de valsa, muito menos de dança. Estou aqui para falar de uma pessoa que acaba por ter um apelido cujo significado na sua língua de origem é “Valsa” e que, sempre que surge no grande ecrã, enche-me as medidas com o seu talento para a representação. Se ainda não descobriram de quem se trata, então continuem a ler!
Ao longo da história do cinema houve actores que surgiram muito cedo e com o passar dos anos desapareceram da ribalta, actores que se mantiveram icónicos desde o seu primeiro grande papel e actores que deram o salto para a fama já numa fase avançada da carreira. É este o caso de Christoph Waltz, que apenas se mostrou ao mundo em 2009, aquando da participação no filme Sacanas sem Lei, de Quentin Tarantino.
Nascido em Viena, Waltz rapidamente encontrou o seu amor pela representação, o que o levou a estudar teatro, primeiro na sua terra natal e mais tarde em Nova Iorque. Foi a partir da década de 80 que iniciou a sua carreira como actor, maioritariamente na televisão alemã, participando em várias séries e filmes televisivos até 2008, ganhando grande notoriedade entre o público germânico.
Foi nesse ano de 2008 que a vida de Christoph Waltz deu uma volta de 360 graus, quando é escolhido para representar o Coronel Hans Landa em Sacanas sem Lei, como já tinha referido. Num papel que Tarantino temia ser impossível de interpretar, Waltz encantou todos os críticos e aficionados por cinema com uma das prestações mais memoráveis na filmografia de 2009 (diga-se de passagem que, em duas horas e meia de filme, Waltz falou fluentemente alemão, inglês, francês e italiano!), arrecadando o Óscar para Melhor Actor Secundário no ano seguinte.
Em 2012, e novamente numa produção de Quentin Tarantino, o austríaco voltou a soltar o seu talento. Contracenando com outros grandes nomes do cinema (Jamie Foxx e Leonardo di Caprio), desempenhou o papel do Dr. King Schultz, um dentista caçador de recompensas em Django Libertado, que culminou em mais uma nomeação e conquista de um Prémio da Academia para Melhor Actor Secundário, juntando-o a um Globo de Ouro e um prémio BAFTA. Foi uma prova que Christoph Waltz é um actor versátil, capaz de se adaptar a qualquer tipo de papel, seja ele um vilão nazi ou um justiceiro do faroeste.
Depois de inúmeras galardoações, a presença de Waltz em filmes de Hollywood tem sido uma constante. Em 2014 contou com uma pequena aparição no filme Muppets, Most Wanted e com um papel secundário na sequela de Chefes Intragáveis, este último uma estreia em comédias. No início do presente ano, trabalhou com mais um icónico nome do cinema, Tim Burton, no filme Big Eyes, no qual voltou a ser nomeado para um Globo de Ouro pelo seu desempenho no papel de Walter Keane, um norte-americano que plagiava quadros feitos pela sua mulher.
É no final de 2015 que Christoph Waltz voltará a assumir protagonismo no grande ecrã, quando der vida a Franz Oberhauser no novo filme de James Bond, Spectre. Assumindo novamente um papel de vilão, é com grandes expectativas que aguardo para ver a sua performance na sua estreia em produções de 007, o que volta a provar que os antagonistas de Bond são sempre escolhidos com muito critério.
Para terminar, há que dizer que a expressão “mais vale tarde do que nunca” assenta perfeitamente no caso de Christoph Waltz. Um homem que passou grande parte da sua carreira perdido em produções nacionais, sem revelar a sua genialidade, foi descoberto quase que por acaso, já na casa dos 50 anos, e em menos de uma década encantou o mundo inteiro com os seus fenomenais papéis. E só um génio como Tarantino era capaz de o tirar do anonimato.
Que venham mais filmes seus, Christoph!