O Terrorista Elegante
“Rompe-se o silêncio e a escuridão da sala. Na parede surge um vídeo, uma reportagem a um inspetor na PJ. Fala-se de um alegado terrorista, Charles Poitier Bentinho, que havia sido detido pelas autoridades e de quem pretendiam escrutinar respostas sobre uma suposta ligação com o estado islâmico. Bentinho revela fazer tudo menos espalhar terror. É apenas um “pateta” feliz, que se encontra e se liberta nos voos das aves.”
O Terrorista Elegante é uma obra dos angolano e moçambicano José Eduardo Agualusa e Mia Couto (respetivamente), adaptada e encenada por João Mota e que conta com a participação do sonante Virgílio Castelo.
É uma peça que quebra a rotina, o provável. Transporta-nos para uma tolice alegre de um africano, com apenas boas intenções e amor para dar, que se encontra numa encruzilhada e cede ao clichê do sacrificio em prol da amada; mas fá-lo com tanta destreza e elegância que nos dá a sensação de entrarmos num mundo nunca antes visitado.
Esta adaptação ao teatro mostrou equilíbrio cénico, contrastando com um possível entediamento dos monólogos insípidos e um tanto previsíveis, aos quais poderia ter sido atribuída mais emoção, com passagens cómicas e inteligentes.
Toda a peça se revelou uma boa surpresa, talvez resultante da pretensiosidade e arrogância de quem tende a olhar de lado as peças de salas mais humildes, que promete bons momentos a quem assistir.
A peça encontra-se em cena até ao dia 18 de dezembro no Teatro da Comuna.