Cinema e Televisão, Editorias

Os Homens do Presidente (1976): Jornalismo vs Corrupção

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Em 1976 surgia nos cinemas o filme Os Homens do Presidente (All the president’s men no título original) baseado no livro homónimo, escrito em 1974, pelas lendas do jornalismo Bob Woodward e Carl Bernstein.

Realizado por Alan J. Pakula, Os Homens do Presidente arrecadou o Óscar para melhor ator secundário, melhor argumento adaptado, melhor edição de som e ainda melhor direção artística.

O filme conduz-nos ao escândalo de Watergate e à história da investigação levada a cabo pelos jornalistas Carl Bernstein (protagonizado por Dustin Hoffman) e Bob Woodward (protagonizado por Robert Redford).

A história inicia-se no ano de 1972, no decorrer da corrida eleitoral, quando o jovem e então inexperiente jornalista Bob Woodward, do Washington Post, fica encarregue de cobrir a história acerca do que era então considerada uma pequena invasão da sede nacional do partido Democrático.

No entanto, o acontecimento, que a início não parecia ser mais que um pequeno delito, com o desenrolar da investigação levada a cabo por Carl Bernstein, que por indicação do editor do jornal se viu a trabalhar na investigação com Bob Woodward, revela-se uma complexa e perigosa teia de espionagem política que envolve inclusive altas figuras da política Norte-Americana e acabaria por conduzir à demissão do presidente Richard Nixon.

Este filme, além de contar com grandes interpretações de atores consagrados do mundo cinematográfico, como Robert Redford, Dustin Hoffman, Jason Robards (que interpretou Ben Bradlee, papel que lhe valeu um óscar) entre outros, conta ainda com um extraordinário trabalho do seu realizador, que conseguiu juntar cenas históricas (passagens de entrevistas da época, discursos) àquelas por si dirigidas, transmitindo uma ideia bastante realista de toda a situação vivida na época e de toda a investigação levada a cabo pelo Washington Post.

Ao longo do filme é possível observar as dificuldades que os dois jornalistas de investigação tiveram que enfrentar, como a descrença geral quanto à investigação que tentavam levar a cabo, o facto de inicialmente a direção do Washington Post defender que a história devia ser entregue a jornalistas mais experientes e ainda o facto de a grande maioria das possíveis fontes e testemunhas temerem represálias caso decidissem prestar declarações, sendo que cada vez que avançavam numa determinada direção na investigação se deparavam com uma figura cada vez mais preponderante no panorama político.

O que fez este filme destacar-se é, acima de tudo, a forma interessante como o realizador conseguiu descrever uma história verídica sem lhe dar um cunho excessivamente documental. Foi capaz de transportar-nos para o dia-a-dia dos dois jornalistas durante a investigação, levando-nos a compreender melhor os métodos usados pelos jornalistas de investigação da época e a entrosarmo-nos em toda a vivência da redação de um jornal tão importante como o Washington Post. Ficaram também presentes as dificuldades vividas por dois jovens jornalistas que se veem em mãos com uma história que podia abalar as estruturas políticas mais profundas do seu país, comprovando ainda a importância e o peso que o jornalismo de investigação possui no desenrolar na sociedade.

Assim sendo, quer se seja fã de cinema, estudante de jornalismo, apreciador de história, ou um pouco de todos, este filme é uma ótima forma de ficar a conhecer melhor o escândalo Watergate, a realidade do jornalismo e de ver um clássico do cinema que, na minha opinião, é um bom filme.