Artes Visuais e Performativas

Para começar a fotografar

  • Experimenta aqueles botões que a máquina tem mas onde nunca tocaste

 

Hoje em dia, as máquinas fotográficas, quer compactas quer reflex, possuem o modo manual.

Por modo manual (M) entende-se o programa que define os valores de abertura do diafragma – conhecido por número f, que varia entre 1 e 22 -, a velocidade do obturador ou tempo de exposição, que varia entre 1/4000s e 30s e o ISO – de 100 até 12 000 (ou mais). Uma boa fotografia depende da combinação destes três factores e estes dependem da luz existente.

Como se chega à fórmula perfeita? Experimentando. Fazendo inúmeras tentativas com valores diferentes.

É um longo percurso e apenas se assimila automaticamente depois de muita prática mas e então? Não aprendemos todos a ler até mesmo quando as letras pareciam rabiscos sem significado?

 

  • Tens duas mãos e dois pés, não te esqueças.

 

A posição do corpo é mais importante daquilo que se pensa.

Apenas uma mão a apertar o botão disparador da câmara produzirá uma foto tremida. Segura-a com as duas mãos. Mantém os braços junto ao corpo e coloca os pés à largura dos ombros. Fará toda a diferença. Afinal, desta forma estás mais confortável, o equipamento está mais seguro e terás melhores resultados. Não queres passar por turista que usa posições de ioga esquisitas para fotografar, pois não?

 

  • Fotógrafa aquilo que os teus olhos vêem 

 

O maior desafio de um fotógrafo é conseguir retratar aquilo que está a ver num determinado momento, desde as cores fantásticas de um pôr-do-sol até à gargalhada de um chinês, que está do outro lado da estrada e, provavelmente, nunca mais o irá ver. A fotografia é feita de momentos, momentos bastante efémeros e, por isso, não há tempo para pensar em ângulos. Se queres fazer uma fotografia natural, preocupa-te em captar as expressões e cores que vês. Se queres fotografar uma paisagem lembra-te: a natureza também tem as suas próprias regras e, com certeza, já ouviste falar de ponto de fuga.

 

  • Quebra os clichés

 

Agora é o momento ideal para dizer “levanta-te do sofá e vai para a rua fotografar, que tal a baixa lisboeta?”. É uma ótima ideia mas já todos estamos cansados das fotografias de eléctricos ou do Cais das Colunas. Tudo está à vista de todos mas nem todos o vêm. Porquê? Porque há todo um conjunto de clichés que chama mais a atenção. No entanto, se calhar há muitos pormenores por aí escondidos em que ninguém reparou. Abre os olhos.

 

  • Desafia-te

 

Às vezes apetece-nos fotografar tudo mas depois não sabemos o que realmente fotografar. A melhor opção é criar desafios. Por desafio entende-se algo que não esteja facilmente ao nosso alcance. Por exemplo, fotografar só portas amarelas ou fotografar só pessoas loiras com sapatos vermelhos. O facto de procurar algo específico irá melhorar o sentido de observação e acaba por criar ensaios engraçados.

 

  • Pensa analogicamente: revelarias uma fotografia dos teus pés ou do teu almoço?

 

Cada vez mais discute-se o valor da fotografia. Será que tem que ser obrigatoriamente tirada com uma reflex e excluímos os telemóveis para esta poder ser reconhecida? A questão não está no material mas sim no objecto fotografado. Existe todo um conjunto de objectos que se banalizaram com o nascer do iPhone e do Instagram, como os pés na praia ou o almoço.

A resposta à questão está em pensar analogicamente, ou seja, como se tivesses dentro do teu telemóvel/maquina fotográfica um rolo. Gastarias dinheiro para revelar essa fotografia? Que memória te traz? Daqui a 20 anos vais lembrar-te de que no dia tal foste ao restaurante tal comer sushi com o teu namorado?

 

  • Anda de mãos dadas com a máquina fotográfica, afinal queres que seja a tua nova melhor amiga.

 

“Ah e tal, porque eu até gosto de fotografar mas nunca ando com a máquina”. Isso é um erro. Por isso tens duas opções: ou começas a usar o telemóvel como se fosse a máquina fotográfica ou começas a guardar um espaço na tua mala para ela. Não existem dias perfeitos para fotografar o que quer que seja, até porque a fotografia é congelar um micro-segundo. Se não tiveres a máquina à mão como é que vais fazer?

 

  • “Só as primeiras dez mil é que ficam mal”.

 

Tecnicamente, a experiência leva à perfeição. Em todas as ciências. Por isso, esta não é excepção. Podia citar dez frases diferentes de filósofos ou pensadores, mas, no final, todos dizem o mesmo: é preciso errar para aprender.

 

  • É uma fotografia tirada por ti. Defende-a.

 

Como já referi atrás, a fotografia banalizou-se muito nos últimos anos. Vão sempre existir pessoas que vão criticar o teu trabalho, que vão dizer que o enquadramento não está correcto, que isto e que aquilo.

Há um conjunto de técnicas que é necessário adquirir, é um facto. No entanto, apesar de tudo, a fotografia é uma arte livre. É uma tela em branco que se transforma naquilo que desejares em segundos. Se gostas daquilo que tiraste, não te preocupes com mais nada. É o teu quadro, a tua música, a tua escultura. É a tua arte e não existe definição de belo.

 

  • Por mais que os outros te ensinem, apenas irá aprender a fotografar por ti.

Poderia enunciar milhões de coisas diferentes mas, a verdade é só uma, não há uma fórmula perfeita.