Opinião

Podes votar em mim, por favor?

Quem nunca esteve no lugar do pedinte de votos? Custa-me a acreditar que haja alguém que ainda não tenha passado por isso pelo menos uma vez. É uma posição constrangedora e incomodativa, umas vezes ingrata, outras recompensadora.

Lembro-me da primeira vez que pedinchei votos. Um dia, estava no carro a ouvir a Cidade FM e a locutora anunciou que estava a decorrer um concurso para levar uma fã dos One Direction a Londres. A vencedora teria a oportunidade de os conhecer e eu, directioner que era (e sou), fiquei maluca com esta possibilidade. Aos participantes, era pedido que tirassem uma fotografia com uma mala de viagem. De seguida, seria feito o upload para o Facebook, e ganhava a imagem com mais likes.

Se pensam que fui com uma mala de viagem fazer toda uma sessão fotográfica, enquanto utilizava uma das minhas muitas t-shirts dos One Direction… estão certos. Arrastei o meu pai e lá fomos nós para a Expo. Gostava de vos poder dizer ao certo quantas fotografias ele me tirou, mas, apesar de não conseguir revelá-lo com precisão, sei que não foram poucas. A exigência de uma miúda (não vou dizer pita, porque na altura considerava um insulto à minha pessoa) que nunca gostava de se ver nas fotos, porque estava sempre feia (ou achava que estava). Não acreditava no meu pai quando dizia que sou estupidamente fotogénica, mas talvez hoje acredite mais do que na altura.

Depois de elegermos a imagem com que iria concorrer – dentro do leque de todas as que encheram a memória da Canon do meu pai -, fui, apressada, submetê-la na página da Cidade FM. Quando lá cheguei, já havia raparigas com centenas de votos. No entanto, tratava-se dos 1D e, por isso mesmo, não desanimei. Os meus amigos do Facebook tinham de servir para alguma coisa, afinal! Quando era mais nova tinha o hábito de adicionar pessoas à toa, mesmo não as conhecendo. Se calhar porque era fixe ter buéda amigos. Não sei. De qualquer das formas, estava na hora de os spammar a todos.

Fonte: Mariana Coelho

Curiosa, fui descer as minhas conversas do Messenger até 2013. Eis a forma como abordei as pessoas. Vejam lá vocês que até estrangeiros chateei! “Hey, can you click “Autenticar para votar” so I can meet 1D? Thanks”, pedia a poliglota. Não havia mãos a medir nem limites por ultrapassar no que dizia respeito aos meus cinco namorados da altura. A verdade é que, chocantemente, o nosso encontro acabou por não se proporcionar. Quando a rapariga que estava em primeiro lugar ultrapassou os mil votos, percebi que estava a lutar por uma causa perdida. Desde então nunca fui muito adepta deste tipo de concursos.

O desgosto que tive nos píncaros da minha adolescência ditou que mais valia nem sequer voltar a tentar. São oportunidades ótimas, mas muito irrealistas e distantes de alguém que não é socialona ou figura pública. Assim, não me consigo recordar de mais vezes que tenha pedido likes ou votos para ganhar alguma coisa. Penso sempre que é trabalho em vão, porque, mesmo que consiga um número elevado, vai sempre haver alguém à minha frente.

Vejam lá que nem em giveaways participo. Se já participei em dois ou três foi muito. E nesse caso nem sequer é necessário ter votos, basta comentar ou partilhar algum post para entrarmos na lista dos possíveis sortudos. Como é lógico, quantos mais comentários, mais hipóteses de ganhar. E não tenho grande paciência para isso. Depois, há sempre o fator de achar que estou a chatear as pessoas pelo simples facto de fazer com que recebam uma notificação. Contudo, sou a primeira a torcer por alguém quando sou eu a identificada. Espero que ganhem todos os giveaways, amigos!

As circunstâncias da vida fizeram com que hoje voltasse a pedir votos. Não, não é uma tentativa de ir conhecer os 1D, uma vez que eles já não existem (ou existem, mas separaram-se. Ou estão em pausa? Não sei). Agora, vi-me em mãos com não uma, mas duas nomeações para prémios na nossa querida MAGAZINE (sim, onde estás a ler isto). Foi a hora de colocar de lado traumas passados (até um dia, 1D) e começar a definir uma estratégia. Depois de enviar aos meus amigos mais próximos, que me desejaram boa sorte, usei a primeira carta na manga: “Mãe, e que tal partilhares no teu Facebook?” Todos nós sabemos que não há mães das redes que resistam a uma boa publicação. Graças à minha mãe, consegui alguns votos e também calos nos dedos depois de agradecer uma a uma às pessoas que me ajudaram (calma, não foram assim tantas, hiperbolizei ligeiramente).

Quando me vi a ficar para trás na corrida, usei o segundo trunfo: “Pai, não és tu que tens bués seguidores no Twitter?” e bendita a hora em que o fiz. Como sempre, os twitteiros não desiludem e dei por mim a ter jornalistas, políticos e escritores a votar em mim. Foi o suficiente para levar o meu pai às lágrimas (e olhem que não estamos a falar de uma florzinha de estufa). Somando os votos que tenho nas duas categorias para as quais estou nomeada (“A Revelação do Ano” e “Melhor Artigo das Secções”), tenho, neste momento, mais de mil votos.

É algo surreal, inacreditável mesmo. A pita de 2013 não acreditaria se lhe dissessem que no futuro conseguiria acumular 1000 votos para alguma coisa. Cada um desses votos é o meu prémio. É a vitória mais importante. Consegui, em conjunto com aqueles que me são mais próximos, mover centenas de pessoas para esta causa: a de sonhar em receber um prémio num palco. Fui sempre a pessoa que ficou na plateia a aplaudir, e mesmo que continue a sê-lo desta vez, o importante já está ganho.

Obrigada a todos os que votaram em mim sempre que pedi. Quer seja para conhecer os meus ídolos, quer seja para ganhar um prémio durante a licenciatura. A todos os que tiraram uns segundos do seu tempo para clicar naquelas duas caixinhas, obrigada. É um gesto tão rápido, mas significa tanto para quem apela ao mesmo. É por estas e por outras que sou aquela pessoa incapaz de ignorar quando me pedem um like. Às vezes é incomodativo, calha numa altura em que nem dá jeito, vem interromper qualquer coisa ou simplesmente é alguém que nunca vi na vida a pedir-me um favor. Mesmo assim, posso estar a contribuir, num ínfimo espaço de tempo, para uma felicidade incomensurável. Mais uma vez, obrigada a quem o fez por mim. Estarei aqui para o retribuir!

Fonte: Twitter


Artigo revisto por Carolina Cacito

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