Por favor, acabem com as touradas
O tema das touradas tem sido bastante discutido nos últimos tempos, com as tentativas sucessivas de as proibir, e as respetivas retaliações dos tauromáquicos, muito ofendidos por lhes tentarem tirar o seu “legítimo direito” de fazer animais sofrer para o seu requintado, tradicional e honrado prazer.
No entanto, aquilo que para mim difere esta discussão de muitas outras é a falta de argumentos a favor decentes, algo mais do que “porque é giro” ou “porque é cultura, e quem não gosta não precisa de ver”. Desde já, começamos a discordar, porque, na minha opinião, ver um touro a ser espetado e a sangrar não é prazeroso e nunca achei que se deve fechar os olhos a situações com as quais não concordamos.
Ora, a minha questão (principal) é: será a diversão de algumas pessoas justificação suficiente para ferir animais?
Quando esta questão é colocada a apoiantes de tauromaquia, estes respondem com ofensas ao PAN, afirmando que parece dar-se o mesmo ou mais valor aos animais que às pessoas. Não, não se trata de ser “apaixonado pelos bichinhos”, mas sim de ter a humildade de assumir que a diversão não tem mais valor que uma vida, mesmo que não humana. Somos assim tão egocêntricos para pensar que é aceitável trespassar um animal, que sente dor, só por diversão? A vida dos animais não tem necessariamente o mesmo valor que a de um humano, pelo menos para muitos, e eu respeito essa visão. Mas achava que era certo que uma vida tinha mais valor do que uma diversão.
Vários deputados afirmam que as tentativas de suspender as touradas representam uma imposição de ideologia. Bem, eu posso não saber muita coisa, mas acho que entendo que, por cada vez que um partido tenta aprovar ou chumbar um Decreto de Lei, está a tentar fazer prevalecer aquilo que acha correto, as suas ideologias. A este confronto de ideais chamamos democracia. Quando um deputado faz lobby para chumbar uma lei contra o fim das touradas, está, então, a fazer exatamente o mesmo que os deputados que fazem lobby no sentido contrário. parece-me, então, que também este argumento será inválido.
Um outro grande medo dos nossos deputados é que a cidade de Lisboa perca parte da sua identidade com a proibição de corridas de touros no Campo Pequeno… nem me vou alongar muito com debates sobre a validade desta questão… apenas sinto a necessidade de confessar que se é esta a identidade de Lisboa, junto-me ao Almada Negreiros e quero é ser … bem não digo espanhola, porque, neste caso, não seria adequado…
Ainda se põe em causa os valores da tolerância e do respeito. O cúmulo é mesmo que estes valores sejam reclamados quando se trate do divertimento de um ser com panca por touros espetados, mas não quando a reclamação seja feita em nome de uma vida, mesmo que não humana. Não me parece que faça sentido.
Por tudo isto, peço: por favor, acabem com as touradas.
Por favor. Pedi com jeitinho…
Artigo revisto por: Gonçalo Taborda
AUTORIA
A Constança é aluna de Relações Públicas e Comunicação Empresarial, sendo uma nerd pela estratégia e pela comunicação interpessoal. Com uma paixão por escrever e debater, a escrita de opinião sempre foi o elemento natural desta autora. O seu objetivo é conseguir ser versátil na escrita ao abordar todo o tipo de temáticas e receber feedback que a ajude a elevar a sua escrita para o próximo nível.
Artigo que poderia ser interessante mas que achei que tivesse muita falta de investigação por traz. Escrito com muitas verdades aliás, vendo do lado anti touradas a informação é bastante e a argumentação com alguns pontos corretos.
Porém do lado pró touradas acho que a investigação foi muitíssimo curta pois os argumentos usados para ser criticados era fáceis e básicos.
Achei um texto bem escrito achei só triste a falta de investigação de ambos os lados da moeda para ter uma opinião mais sustentada e uma argumentação mais incisiva. Termino só a dizer que não sou a favor das touradas nem contra, mas compreendo com algum conhecimento os dois lados, pois cresci a ir a muitas por ter uma grande parte da família amante da tauromaquia. E neste momento já li e discuti muito com pessoas que lutam contra a mesma, daí a minha opinião neutra deste assunto tão sensível nesta sociedade.
Obrigada pelo comentário, António! Iremos ter a tua opinião em conta.