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Protestos na Sérvia contra a corrupção

Desde novembro, as ruas da Sérvia têm sido palco de protestos e bloqueios regulares, em ações de contestação organizadas por estudantes contra o Governo. A 4 de março, a contestação iniciada nas ruas chegou ao Parlamento sérvio, por meio dos deputados da oposição.

A 1 de novembro de 2024, a cobertura da estação de comboios de Novi Sad ruiu, causando 15 mortos. Muitos acreditam que o colapso se deveu essencialmente à corrupção do Governo, num grande projeto de infraestruturas que envolve empresas estatais chinesas. Além disso, as autoridades sérvias são também acusadas de negligência e desrespeito pelas normas de segurança durante a reconstrução da estação de comboios.

Desde o desastre em Novi Sad, a segunda maior cidade da Sérvia, as ruas do país foram tomadas por milhares de cidadãos, liderados por estudantes universitários. Inicialmente os protestos visavam principalmente suspeitas de corrupção em contratos de construção, mas rapidamente se transformaram num descontentamento generalizado contra o Governo sérvio, chegando mesmo a levar à demissão do primeiro-ministro sérvio, Miloš Vučević.

Caos no Parlamento

Na semana passada, pelo menos três deputadas ficaram feridas depois de membros da oposição terem atirado granadas de fumo dentro do Parlamento. Uma das deputadas feridas é Jasmina Obradović, do Partido Progressista Sérvio, atualmente no poder, que sofreu um AVC depois de ser atingida por uma granada atordoante, encontrando-se em estado grave.

Alguns deputados da oposição tentaram confrontar fisicamente a presidente do Parlamento, Ana Brnabic, enquanto os ministros do Governo foram atacados com diversos objetos. No meio dos confrontos entre vários políticos, os deputados da oposição levantaram cartazes e tochas e atiraram granadas de fumo, com o lado oposto do plenário a responder com a exibição de bandeiras nacionais.

Fonte: Observador

Além das granadas de fumo, os membros da oposição lançaram gás lacrimogénio e exibiram uma faixa com a frase “A Sérvia ergueu-se para derrubar o regime”, em referência às marchas contra o governo.

Os atos de violência ocorridos no Parlamento sérvio aconteceram em apoio aos protestos estudantis que decorrem há meses no país e pelo facto de a oposição não reconhecer a legitimidade da sessão que deveria ter começado com a formalização da demissão do primeiro-ministro, o que não aconteceu.

Estudantes descontentes com a comunicação social

Na terça-feira, 11 de março, milhares de estudantes universitários bloquearam o prédio da Rádio e Televisão Sérvia (RTS), acusando a emissora de divulgar desinformação sobre os protestos que pedem a responsabilização pela tragédia na estação ferroviária de Novi Sad.

Fonte: Jornal de Notícias

Durante o bloqueio, os estudantes permitiram que todos os que estavam dentro do edifício saíssem, mas não tencionavam deixar entrar ninguém até que a emissora fosse “libertada” e passasse a dar informações objetivas sobre os protestos. “Esta noite, o apresentador da RTS chamou-nos ‘turba’ [desordeiros]. É por isso que bloqueámos o edifício da RTS esta noite. Sem violência, sem invasões“, anunciaram, no Instagram, os estudantes da Faculdade de Medicina de Belgrado.

Durante o bloqueio à RTS, os estudantes universitários voltaram a pedir aos cidadãos que se juntassem aos seus protestos.

As declarações do Presidente sérvio

Aleksandar Vučić afirmou que os protestos que se fazem sentir nas ruas da Sérvia desde novembro estão a destruir o país e acusou os estudantes e outros manifestantes de colaborarem com potências estrangeiras para derrubar o seu Governo e tirá-lo do poder.

Os estudantes exigem que toda a documentação sobre a reconstrução da estação seja publicada sem filtros, com muitos cidadãos a acusar o governo nacionalista sérvio de corrupção e de crescente autoritarismo.

Todos os dias são realizados quinze minutos de silêncio em toda a Sérvia, em memória das 15 vítimas, e são registadas manifestações em massa em Novi Sad, Belgrado, Kragujevac e Nis.

Fonte de Capa: Euronews

Revisto por Pedro Filipe Silva

AUTORIA

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Quando era criança, a Letícia sonhava em ter uma profissão diferente todas as semanas. Quando chegou a altura de escolher o que estudar no ensino superior, o cenário não podia ser mais diferente porque parecia que nada lhe interessava. Por gostar muito de ler e escrever e por ter sempre muita curiosidade em procurar respostas para as suas perguntas, a licenciatura em Jornalismo na ESCS pareceu-lhe a melhor opção. Foi durante o curso que percebeu que a sua paixão era a mesma que, em tempos, também tinha sido a da sua mãe: o Jornalismo Desportivo. Antes de acabar a licenciatura e de se especializar na área do desporto, decidiu abraçar uma nova experiência e escrever para a secção de Informação da ESCS Magazine.