Editorias, Literatura

Recensão crítica: A Cada Dia

Acho que o melhor é ser sincera logo de início. Este livro de David Levithan não é um livro de consensos. Pelo menos não há consenso junto das pessoas cujas opiniões ouvi. Uns adoraram, outros odiaram. Ninguém chega a acordo! Eu estou no grupo dos que consideram que o livro é bom! Li-o em quatro horas, numa viagem, e fiquei tão chateada por o terminar que quase o comecei a ler de novo enquanto não chegava ao destino. Isto é possível graças à linguagem simples e à escrita fluída do autor.

O grande ponto forte do livro é, sem dúvida, a história. No entanto, é a forma como a história se desenvolve que, provavelmente, vai motivar tantas opiniões distintas. A personagem principal desta história é A, de 16 anos. A acorda todos os dias no corpo de uma pessoa diferente, seja homem ou mulher. No entanto esta personagem não tem um género definido (daí ser “A” e não “o A” ou “a A”).

Um dia, acorda no corpo de Justin e conhece Rhiannon, o que leva a que A quebre as suas três grandes regras: não se apegar demasiado, não ser notada(o) e não interferir. Isto acontece porque A percebe que Justin não dá o devido valor a Rhiannon e opta por dar à rapariga um dia especial, com aquilo que considera que ela merece.

A partir desse dia, A percebe que não quer ficar longe de Rhiannon e faz tudo o que está ao seu alcance para a ver todos os dias, nos mais variados corpos, até que acaba por lhe contar a verdade. E é aí que chega a pior parte do livro. A fica um pouco desesperado por entrar em contacto com Rhiannon todos os dias — t-o-d-o-s — e, mesmo que ela peça alguma distância, acho que a forma como A fica logo apaixonado por ela é muito repentina.

Ainda assim, esta história de A trocar de corpo todos os dias acaba por ser interessante, porque nunca se sabe aquilo que vai acontecer. Por isso, temos contacto com várias pessoas diferentes que lidam com problemas como o suicídio, as drogas e a pressão normal de um adolescente.

O autor é claro sobre o facto de A não ter género, mas, aqui entre nós, fiquei com a ideia de que A é um rapaz. No entanto, o autor tenta passar a ideia de que não importa o género de A para que a relação com Rhiannon resulte.

No fim do livro, talvez fiquem com a ideia de que a história não pode terminar assim… Bem, a história não termina assim. Existe um livro de continuação que, por agora, não tem data de chegada a Portugal.

AUTORIA

+ artigos

Sofia Costa Lima nasceu em Trancoso, em 1994. Estuda Jornalismo e é
apaixonada por escrita. Tem um blog pessoal desde 2009 e publicou dois livros — em 2013 e 2014. Colabora com a Associação Juvenil de Trancoso desde 2013, fazendo parte da equipa responsável pelo Jornal Escrever Trancoso.