Desporto

Resumo da 8ª jornada da Liga NOS – Muriel ou muro?

A abertura da oitava jornada decorreu na sexta-feira em solo madeirense, com o Nacional a defrontar o Portimonense, que vinha duma encorajadora vitória em casa frente ao Sporting. Num jogo relativamente bem disputado e competitivo, o Nacional começou por cima e até marcou, por intermédio do hondurenho Bryan Rochéz, mas o avançado alvinegro estava adiantado. A partir daí, o Portimonense acordou e acabou por marcar, por intermédio de Ewerton, que aproveitou um passe meio desviado de Bruno Tabata e uma desatenção de Mauro Cerqueira. O Portimonense chegou a marcar o segundo por intermédio de Jackson Martinez, mas o antigo avançado do Porto estava em fora de jogo e, a 15 minutos do fim, Paulinho acertou no poste. O Portimonense assegurou mais três pontos e está agora confortável a meio da tabela, enquanto que o Nacional está na linha de água.

Também na sexta decorreu o sempre escaldante dérbi minhoto. Na cidade-berço, o Vitória adiantou-se, ao minuto 14, com uma cabeçada do formando leonino e antigo avançado do Aves, Alexandre Guedes, após excelente cruzamento de Davidson. Nem 5 minutos depois, Claudemir, antigo médio do Club Brugge e do Copenhaga, empatou para o Sporting de Braga, após alguma confusão da área vimaranense, na sequência de um canto. Na segunda parte, ambas as equipas tiveram inúmeras oportunidades para se adiantarem no marcador: Dyego Sousa, o melhor marcador do campeonato (empatado com Pizzi), marcou ao minuto 73, mas estava adiantado. Após tanto desperdício, o jogo terminou em nulo. O Braga perdeu uma boa oportunidade para se isolar provisoriamente na tabela e o Vitória não conseguiu descolar-se do miolo.

No sábado, os primeiros a entrar em ação foram o Desportivo das Aves e a grande surpresa do campeonato, o Santa Clara. Ao minuto 16, Bruno Lamas adiantou o Santa Clara após um exemplar livre frontal, que entrou no canto inferior ao primeiro poste, perante um perplexo André Ferreira. Ao minuto 22, o central César, antigo jogador do Benfica, aumentou a vantagem após uma bela cabeçada, na sequência de um canto. Os micaelenses dominaram a primeira parte e boa parte da segunda, até que Defendi reduziu a desvantagem do Aves ao minuto 80. Quando o Santa Clara se preparava para recomeçar a partida, o avançado do Aves Fernando Andrade viu o amarelo após alguma confusão com jogadores do Aves. Depois de lançar vitupérios indesejáveis ao árbitro, Fábio Veríssimo, foi expulso. Isto tudo foi num piscar de olhos. No entanto, o Aves foi incapaz de aproveitar este descalabro e acabou derrotado. O Santa Clara soma a sua terceira vitória consecutiva, ficando a quatro pontos do Braga, líder provisório. O Aves é último.

Em Vila do Conde, o Rio Ave defrontou o Chaves, que vinha de uma derrota precisamente frente ao Santa Clara, num jogo muito bem disputado e competitivo, com ambas as equipas a somarem inúmeras faltas. Vinícius adiantou o Rio Ave com 30 segundos de jogo, mas estava em posição irregular. Já na segunda parte, Nuno André Coelho quase adiantou o Chaves, mas o seu potente remate acertou num desamparado Buatu, que estava no chão, e ressaltou em Leonardo, o guarda-redes vilacondense, antes de sair para novo canto. O momento do jogo surgiu ao minuto 66, quando Galeno finalizou isolado para o único golo da partida, após um soberbo passe do “Crak”, Gelson Dala. Vinicius marcou mais um golo irregular ao minuto 73. Com esta vitória, o Rio Ave consegue o seu melhor arranque de sempre na primeira divisão e segue a apenas um ponto da liderança.

O primeiro grande a subir ao relvado nesta jornada foi o Benfica, que foi ao Jamor defrontar o Belenenses SAD. Avizinhava-se um jogo fácil para o vice-campeão, que massacrou o visitado durante os primeiros 25 minutos. O apogeu do jogo surgiu ao minuto 16, quando Rafa surgiu isolado após um remate transviado de Seferovic. O natural de Alverca podia ter logo rematado, mas preferiu sentar o lateral moçambicano Reinildo. Avizinhava-se uma soberba finalização do extremo, que explodiu ao serviço do Braga. Mas a ganância e audácia desmedida do ribatejano despoletaram o momento que mudou o rumo da partida, quando num momento de pura genialidade acidental, Reinildo serviu de rampa e de propulsor para um incrível voo acrobático do formando do Sporting e lateral direito azul, Diogo Viana, que foi suficiente para bloquear o remate de Rafa, que provavelmente passaria um pouco ao lado do segundo poste da baliza daquele que foi o carrasco das águias, Muriel. O jovem Gedson, isolado, rematou à figura do irmão de Alisson, o guarda-redes do Liverpool, cinco minutos depois.

 

Alisson, irmão mais novo de Muriel, partilha titularidade da seleção brasileira com o antigo redes do Benfica, Ederson, agora no Manchester City

 

Ao minuto 25, Reinildo derrubou Salvio na grande área. Artur Soares Dias deixou seguir, mas, na seguinte paragem de jogo, consultou o VAR e marcou penálti. Muriel defendeu a tentativa de Toto. Quatro minutos depois, Licá foi derrubado por Vlachodimos, e Eduardo adiantou o Belenenses SAD com um potente remate no castigo máximo. O momentum do jogo mudou por completo e, ao minuto 42, Eduardo encontrou Keita, que aproveitou a desatenção de Ruben Dias ao colocar em jogo o avançado guineense (Conacri), sozinho a entrar na área benfiquista. Foi só desviar de Odisseas e estava feito o 2-0. Jonas entrou ao intervalo para ver se o Benfica ainda sacava um empate do Estádio Nacional. Ao minuto 47, a estrela do Benfica desferiu um bom remate colocado com o seu pé esquerdo à entrada da área, mas Muriel estava atento. Ao minuto 52, Rafa isolou Pizzi na meia-direita da área belenense, mas o transmontano rematou à figura do Becker mais velho. Eis que surge Jonas, sem marcação, na área de penálti. Muriel, impotente, estica-se numa tentativa inglória de tentar defender o remate de Jonas, mas só com braços de Inspetor Gadget. Ecoam gritos de golo no Jamor. Apercebendo-se daquilo que presenciaram, os gritos são abruptamente interrompidos por um burburinho ensurdecedor e alguns assobios, visto que Jonas, num autêntico disparate, remata, sem convicção, por cima. Ao minuto 57, Pizzi aparece isolado na área após grande cruzamento de Rafa, a grande figura do Benfica nesta partida. Já na compensação, Jardel cabeceia para a defesa da noite do deus Muriel, que se estica todo para uma defesa a uma mão, em desequilíbrio. Ruben Dias aproveita o ressalto para um peixinho improvisado, mas a bola saiu por cima. Foi de forma inglória, num jogo frustrante, que o Benfica sucumbiu perante o muro da baliza do Belenenses SAD, desperdiçando a oportunidade para se isolar no comando do campeonato. Os adeptos começaram a expressar de forma mais feroz o seu descontentamento em relação a Rui Vitória. Muriel fez o jogo da sua vida e ajudou o Belenenses a juntar-se, confortavelmente, ao Portimonense no meio da tabela.

Já no domingo, o Tondela recebeu o Vitória de Setúbal. A equipa da casa tentou assumir o controlo do jogo, enquanto que o Vitória procurava causar perigo sobretudo no contra-ataque. Dessa maneira, Éber Bessa isolou Fredéric Mendy, ao minuto 36, mas foi anulado pela defensiva beirã. No entanto, o avançado franco-guineense (Bissau) viu a investida do experiente José Semedo, que rematou de primeira à entrada da área. A bola desviou em Ícaro e traiu Cláudio Ramos, para o 1-0. O Tondela entrou com tudo na segunda parte e o Vitória aproveitava as investidas para tentar surpreender no contra-ataque. Na sequência de um livre lateral cobrado por Nuno Pinto, Fréderic Mendy cabeceou para o 2-0 ao minuto 76, mas, quatro minutos depois, o antigo avançado vimaranense Tomané reduziu a desvantagem em lance semelhante. O Tondela dispôs de uma oportunidade de ouro a um minuto do fim, quando Cristian Arango cobrou um livre para uma apertada defesa de Joel Pereira. O Vitória segue empatado com o congénere minhoto e o Tondela segue apertado na antepenúltima posição.

Noutro duelo, daqueles que não querem estar apertadinhos mais tarde na época, o Moreirense recebeu o Marítimo. Ao minuto 25, Danny acertou com um estrondo no poste, com um remate cruzado à baliza de Jhonatan. Ao minuto 30, o Marítimo adiantou-se num lance regular e fantástico do antigo avançado do Braga Rodrigo Pinho, mas João Capela invalidou o golo após consultar o VAR, visto que na marcação do canto que antecipou o lance do golo o argentino Leandro Barrera estava em fora de jogo. Na segunda parte, após cruzamento de Bebeto, Leandro Barrera consumou o falhanço da tarde, após uma péssima finalização com a baliza praticamente escancarada. Ao minuto 74, o moçambicano Zainadine faz um péssimo passe para Amir. Chiquinho intercetou o passe na meia-esquerda da área e atrasou para Pedro Nuno, que aproveitou o mau posicionamento do guarda-redes do Marítimo para cruzar para a pequena área. Perante uma impressionante passiva defesa do Marítimo, Arsénio, que estava em campo há cinco minutos, antecipou-se e encostou para o único golo da partida. O Moreirense igualou o Marítimo, o Belenenses SAD e o Portimonense a meio da tabela: seguem todos com 10 pontos, cinco acima da linha de água e a oito do líder provisório, o Sporting de Braga.

No Dragão, o campeão Porto recebeu o bem organizado Feirense, que chegou a liderar o campeonato à segunda jornada, mas que desde então ainda não ganhou. Como era esperado, o Porto entrou por cima na partida e adiantou-se ao minuto 7 por Danilo, mas o médio estava em posição irregular, e o golo foi invalidado após consulta do VAR. Ao minuto 21, foi Felipe a meter a pipoca lá dentro, mas Rui Oliveira voltou a ir ao VAR. Desta vez, o golo foi validado, mas a posição do central brasileiro ainda causa algumas dúvidas, devido ao ângulo da repetição e à posição do corpo e dos pés de Tiago Mesquita, o último elemento do Feirense. A equipa da Feira não se ficou: ao minuto 30, Edson Farías disparou com potência em direção à baliza de Casillas, mas a lenda mostrou ainda bons reflexos e fez uma das defesas da noite. Ao minuto 42, Tecatito Corona partiu por completo Vitor Bruno e picou a bola para a pequena área. Tiquinho Soares, pressionado, cabeceia mal, mas Brahimi surge ao segundo poste para emendar. O argelino remata com estrondo em direção à barra. Num lance seguinte, Soares encontra Marega do lado direito. Isolado, o avançado remata à entrada da área rasteiro, mas com força. Caio Secco estava batido, visto que a bola passa por baixo das suas pernas, mas desvia numa delas e sai para canto.

Na segunda parte, o Feirense marca com um toque de classe de Fábio Sturgeon, após cruzamento de Tiago Silva, mas o antigo jogador do Belenenses estava adiantado. Ao minuto 67, após uma boa combinação com Brahimi, Soarez remata contra o chão e a bola sai muito perto do poste direito da baliza dos visitantes. Ao minuto 80, Soares apanha os centrais do Feirense de surpresa com um passe para Marega, que, livre de marcação, remata fraco contra Caio Secco. Mas a bola desvia para o lado esquerdo e, sem quem a limpe, o avançado maliano faz o 2-0. O Porto ainda podia ter feito o terceiro: primeiro, Brahimi não aproveita a má defesa de Caio Secco, ao minuto 85; depois, o recém-entrado e isolado Adrián falha um golo cantado, ao atirar ao lado. Já com apenas 30 segundos de jogo, João Silva não consegue aproveitar um erro de Alex Telles e atira, isolado, à figura de Casillas. Na recarga, já com a baliza coberta por Felipe, faz o mesmo. De forma convincente, o Porto igualou o Braga na liderança do campeonato. Após dois primeiros jogos fulminantes, o Feirense de Manta Santos é 13º, com 9 pontos, a 4 das posições de despromoção.

O Sporting, por sua vez, recebeu o Boavista. Ao minuto 3, o cruzamento de Acuña é desaproveitado. No alívio, a bola sobra para Battaglia, que a ajeita e devolve com pujança, obrigando Helton Leite a defesa apertada. Ao minuto 26, Bruno Fernandes encontra Nani na área, e cabeceia para mais uma defesa apertada do goleiro axadrezado. À terceira era de vez: Montero trabalha bem na meia-esquerda e, com um soberbo cruzamento de esquerdo, encontra Nani livre de marcação, que apesar de cabecear mal, apanha Helton Leite em desequilibrio, que ainda toca na bola após o ressalto, mas não a consegue parar. Já na segunda parte, o recém-entrado Rafael Costa obrigou Renan a uma apertada defesa, após um livre decente. Bruno Fernandes tentou ofuscar essa tentativa e, 10 minutos depois, acertou em cheio na trave da baliza da equipa onde fez formação. Na jogada seguinte, Nani tentou retribuir a assistência a Montero, mas o colombiano, à queima-roupa, cabeceou à figura de Helton Leite, apesar da defesa incompleta. Ao minuto 64, surge o 2-0. Diaby combina bem com Montero. O maliano cruza rasteiro para a entrada da área, onde surge Bruno Fernandes, que finaliza de forma irrepreensível ao ângulo. Dois minutos depois, Nani aproveita um ressalto de um remate de Bruno Fernandes e faz o 3-0, noutro remate contra o chão, mas desta vez com o pé e à entrada da área. Dê-se ainda destaque ao falhanço de Diaby ao minuto 80 que, ao ser isolado por Montero, tenta picar e desviar a bola, mas sem sucesso e a tentativa fraca é anulada pelo carrinho de Edu Machado. Desta feita, o Sporting aproveita os deslizes de Braga e Benfica para recuperar terreno: está a dois pontos de portistas e bracarenses. O Boavista mantém-se ligeiramente acima da linha de água, com dois pontos de avanço sobre o Nacional.

Estamos a assistir a um início de campeonato renhido e, ao contrário do habitual, ainda nem um terço do campeonato está concluído, e os três grandes já perderam: Porto e Sporting já foram derrotados duas vezes. O Braga ainda não perdeu. Na próxima jornada, Porto e Sporting têm deslocações difíceis às ilhas (Marítimo e Santa Clara, respetivamente), e o Braga recebe o Vitória de Setúbal, que, tirando uma derrota contra o Nacional no Bonfim, está a fazer um início de campeonato respeitável, antes de visitar o Dragão. O Benfica tem uma tarefa teoricamente mais fácil, recebendo em casa o Moreirense. O Rio Ave recebe em casa o Nacional, e tem tudo para ainda se manter entre os melhores, e marcar pontos importantes rumo à Europa.

 

Destaque da semana: O guarda-redes do Belenenses SAD fez o jogo da sua vida. Muriel recebeu uma injeção telepática do irmão Alisson e defendeu com tudo aquilo que tinha a vantagem da bifurcação corporativa do histórico clube frente a um Benfica complacente.

 

Classificação:

 

  1. Porto – 18 pontos
  2. Braga – 18 pontos
  3. Benfica – 17 pontos
  4. Rio Ave – 17 pontos
  5. Sporting – 16 pontos
  6. Santa Clara – 14 pontos
  7. Vitória de Setúbal – 11 pontos
  8. Vitória de Guimarães – 11 pontos
  9. Belenenses SAD – 10 pontos
  10. Portimonense –  10 pontos
  11. Marítimo – 10 pontos
  12. Moreirense – 10 pontos
  13. Feirense – 9 pontos
  14. Boavista – 7 pontos
  15. Chaves – 7 pontos
  16. Tondela – 6 pontos
  17. Nacional – 5 pontos
  18. Aves – 4 pontos

 

Artigo corrigido por Rita Asseiceiro