Editorias, Opinião

Sobre cinemas, restaurantes e primeiros encontros


Uma das maiores preocupações que passam pela cabeça de um jovem apaixonado em relação a um primeiro encontro com uma encantadora mulher é: para onde levarei esta rapariga?

Então, em meio de dúvidas e dilemas existenciais, o jovem decide que o lugar ideal para levar sua pretendente é um lindo restaurante; ou então, decide levá-la a assistir a um filme no escurinho do cinema.

E é aí que entra a minha posição ativista e filosófica contra todo esse ritual de primeiro encontro.

Mas antes de argumentar o porquê desses lugares serem os piores destinos para um primeiro encontro, vale lembrar que eu também já me encontrei com algumas mulheres no cinema e já participei em encontros não formais com criaturas do sexo oposto em restaurantes lisboetas. Até porque, é isso que nos é ensinado nos filmes românticos, nas telenovelas e pela sociedade. E é claro que a sociedade e os meios de comunicação estão sempre corretos, não é verdade?

No meu caso, eu comecei a questionar toda essa realidade num belo dia no outono de 2012, quando estava num primeiro encontro a assistir ao filme ‘’A Saga Twilight — Amanhecer Parte 2’’.

Eu claramente não queria estar ali, por motivos óbvios. Entretanto, quando o filme chegou ao fim, eu pude observar vários outros casais de mãos dadas que também estavam ali, a presenciar as aventuras dos lobinhos e vampiros.

A grande questão é que eu conseguia ver no rosto dos homens ali presentes o desgosto e falta de vontade de estar ali a ver aquele filme. Foi então que dei-me conta de que estávamos todos apenas a seguir uma grande convenção social. Estávamos ali porque ‘’tínhamos que estar’’.

Depois daquele dia, nada foi o mesmo, e agora, vou tentar convencer-te do por quê; temos que destruir esse ritual de encontrarmo-nos em cinemas e restaurantes no primeiro encontro.

No cinema
É claro que quando encontras alguém de quem gostas, em um primeiro encontro, o que mais queres é conhecer melhor a outra pessoa, e isso só é possível através da boa e velha conversa. Então é mais do que óbvio que o melhor lugar para encontrarem-se e conhecerem-se melhor é num cinema, lugar onde devem estar sentados um ao lado do outro e calados durante duas horas a olhar para uma tela.

E tentar beijar a pessoa em questão sem derrubar as pipocas ou o refrigerante é uma missão quase impossível. Realmente ir ao cinema no primeiro encontro é a melhor escolha que possas fazer.

No restaurante
Essa é uma questão mais pessoal, eu simplesmente não aprecio o facto de outra pessoa estar a olhar para mim enquanto eu como, porque se tem uma coisa que gosto de fazer é comer, e eu sou uma pessoa que come sem nenhuma classe, então não olhe para mim e deixa-me comer em paz. Sem contar que no momento do beijo, existem altas chances de passares a língua no pedaço de bacon que ficou preso no dente da outra pessoa, um momento lindo e extremamente romântico.

Sem esquecer que num primeiro encontro, contacto físico é essencial, mesmo que seja um abraço, uma mão que pousa descaradamente na coxa da outra pessoa, um olhar penetrante que entrega todas as suas intenções para a noite, ou seja, proximidade é essencial. Porém, como isso é possível se existe mais de um metro de mesa que distancia o casal? Pois, ninguém debate estas questões importantíssimas nas salas de aula. Esse é o grande problema desse país.

Por este motivo, quando encontro-me com uma mulher pela primeira vez, geralmente, vamos a um bar onde podemos sentar lado a lado e conversar, tocar, beijar, além do facto de podermos beber até perdermos a noção da realidade humana. E o próprio bar transmite a ideia do que deveria ser um primeiro encontro, o bar é ‘’casual e divertido’’.

E é claro que depois do encontro chegar ao fim, podemos ir a qualquer outro lugar, como por exemplo minha casa, que coincidentemente, fica a cinco minutos do bar.

O Filipe Wesley escreve ao abrigo do novo acordo.