Socorro, aquele rapaz saiu daquela banda!
Março estava a ser um mês pacato e interessante. Andava tudo concentrado nas suas vidas e já estava esquecido o vestido branco e dourado ou azul e preto. As redes sociais andavam calminhas. Mundo perfeito. Mas, a 25 de Março, ecoou um enorme estrondo pelo mundo: milhares de corações de adolescentes, um pouco por cada lugarzinho recôndito, partiram-se. Porquê? Zayn Malik decidiu abandonar os One Direction.
Tentei, por momentos, meter-me no lugar das dezenas de meninas que vi devastadas. Não consegui. O Zayn não me dizia nada… até porque eu só distingo os rapazes da banda por “aquele que até é giro” e “os outros quatro”, ou três, neste momento. Ainda assim, tentei perceber a dor daquelas fãs. Se um dos membros dos Linkin Park, dos Arctic Monkeys ou dos The Script decidisse sair, tenho a certeza de que também choraria e também iria professar todo o meu amor por eles nas redes sociais. Mas depois, ao fim de umas horas, passava-me. Não foi este o caso.
O Zayn é um rapaz de 22 anos que fazia parte da banda desde os 17. Depois de uma polémica instalada à volta de uma possível traição à sua noiva, que faz parte de outra banda que parece fazer as delícias de muitos adolescentes, anunciou que queria deixar os One Direction para ser um rapaz “normal de 22 anos que é capaz de relaxar e ter tempo privado fora das luzes da ribalta”. Dias depois, Naughty Boy divulgou um tema gravado com Zayn. Ouviram aquela barulheira? Sim, mais uns quantos corações despedaçados!
Mas, afinal, o que motivou o alarido à volta desta saída em particular? É que a CNN até publicou um artigo com uma espécie de kit de sobrevivência para pais. Não é a primeira vez que uma banda perde um dos membros: os The Beatles ficaram sem John Lennon; as Spice Girls separaram-se, assim como os ‘N Sync, os Oasis e uma série de outras bandas. Mas os jovens usam cada vez mais a internet e as redes sociais para falarem daquilo que lhes vai na cabeça e o hype que atingem não podia ser maior! A saída de Zayn tornou-se trend no Twitter, estava por todo o Facebook e o Instagram encheu-se de fotografias… e de hashtags perturbadoras.
Ao que parece, a melhor forma encontrada por algumas jovens para lidar com a separação foi aderir ao movimento #CutForZayn. Quanto a vocês não sei, mas eu tinha um bocadinho mais de esperança nesta geração. A verdade é que as redes sociais se impuseram com tudo o que de bom e de mau há no mundo. Mas o problema não vem só das redes: quando há jovens a, supostamente, cortarem-se ou tentarem matar-se por causa de um rapaz de uma banda é certo e sabido que há algo muito mais grave associado.
Se uma rapariga, num qualquer lugar do mundo, não consegue lidar com uma saída de uma banda, como é que vai lidar com coisas realmente graves? Cá entre nós, que ninguém nos ouve, isto devia começar com os pais a terem mais atenção à forma como os filhos lidam com as diversas adversidades, nem que sejam coisas simples como um rapaz sair de uma banda. Haverá realmente alguma coisa a fazer?
AUTORIA
Sofia Costa Lima nasceu em Trancoso, em 1994. Estuda Jornalismo e é
apaixonada por escrita. Tem um blog pessoal desde 2009 e publicou dois livros — em 2013 e 2014. Colabora com a Associação Juvenil de Trancoso desde 2013, fazendo parte da equipa responsável pelo Jornal Escrever Trancoso.