Um mês sem Bowie
No dia anterior ao mundo perder David Bowie eu estive com um álbum dele na mão. Dizia eu “isto é tão, mas tão bom”, como quem elogia algo que acha que vai poder apreciar durante muito tempo. No dia seguinte, a primeira notícia que leio quando chego às redes sociais é a da morte do artista conhecido por “camaleão”. Isto aconteceu há um mês, de uma forma totalmente inesperada. Mas Bowie sabia o que fazia.
A 8 de janeiro, aquando do lançamento do seu derradeiro álbum, Blackstar, e do seu aniversário, ninguém iria pensar que uns dias depois todas aquelas letras iriam ganhar um novo significado. Blackstar foi um trabalho pensado, devidamente estruturado e que deixou bem claro que, mesmo doente, Bowie sempre soube o que fazia — e fazia muito bem.
Nascido em 1947, o artista britânico sempre foi uma figura ímpar no mundo da música, distinguindo-se não só pela sua música mas também pela forma como se vestia e expressava. Durante mais de 50 anos viveu sob os holofotes mas, no seu final de vida, conseguiu surpreender tudo e todos e manter-se à margem das revistas.
Como já seria de esperar, a venda dos seus álbuns disparou. Na semana passada, no Reino Unido, Bowie ocupava os dois primeiros lugares do top britânico, com Best of Bowie e Blackstar em primeiro e segundo lugar, respetivamente, além de ter outros doze álbuns no mesmo top. Também nos Estados Unidos, Blackstar conseguiu dar pela primeira vez o número um ao artista, destronando 25, de Adele. Em Portugal o efeito foi semelhante.
A verdade é que, sem Bowie, a música está verdadeiramente mais pobre. A capacidade de se reinventar e de surpreender nunca poderá ser substituída. De “Heroes” a “Space Oddity”, de “Let’s Dance” a “Life on Mars”, desafio-vos a encontrar alguém capaz de fazer tudo o que Bowie fez na música e pela música. Escrever sobre David Bowie é uma tarefa ingrata: porque resta muito pouco a dizer sobre este génio que nunca tenha sido dito. Por isso, a melhor forma de concluir este texto é, certamente, com: obrigada! Obrigada e até um dia destes!
AUTORIA
Sofia Costa Lima nasceu em Trancoso, em 1994. Estuda Jornalismo e é
apaixonada por escrita. Tem um blog pessoal desde 2009 e publicou dois livros — em 2013 e 2014. Colabora com a Associação Juvenil de Trancoso desde 2013, fazendo parte da equipa responsável pelo Jornal Escrever Trancoso.