Artes Visuais e Performativas

Um século de modernices

Já dizia Santa Rita, pintor do século XX, que o mais difícil é “ser original”. Talvez tenha sido por isso que nesse mesmo século, após todas as transformações vividas, se tenha edificado uma nova e presente corrente cultural: o modernismo, todo um novo traço de produção artística no qual se rompe com enraizados cânones de beleza e heranças culturais.

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No passado dia 1 de Novembro realizou-se uma conferência sobre este tema, iniciada com a menção do centenário da revista Orpheu e com a impossibilidade da celebração do mesmo por propostas vistas com algum indiferença no parlamento e com desagrado na comunidade literária. Os oradores foram Raquel Henriques da Silva (Professora na FCSH-UNV), Carlos Vargas (Assistente Convidado do Departamento de História da FCSH-UNV), Paulo Ribeiro (coreógrafo) e Luís Tinoco (compositor/músico).

Sucintamente, são evidenciadas algumas das transformações socioculturais que transpassam o século passado e o modo como, lentamente, alguns artistas conhecidos revolucionam a arte e a concepção que temos dela. Uma das obras mais marcantes é a “Sagração da Primavera”, um bailado ainda actual e que, ao surgir no ano de 1913, revoluciona primeiramente a dança e consequentemente traz à tona as novas composições musicais de Stravinsky, que em nada se assemelhavam às tradicionais e clássicas peças de Tchaikovsky.

Na pintura evidenciam-se pintores como Almada Negreiros ou Santa Rita, que se recusam a estudar por afirmarem que na escola “desaprende-se” e desaproveita-se a criatividade que nos é inata e que as verdadeiras aprendizagens dão-se com o conhecimento de novas culturas e tradições. Surgem quadros onde o movimento, o som e a paisagem são tão ou mais importantes que aquilo que se pretende representar.

Assim como na pintura, também no ramo da literatura surge, em 1915, a revista Orpheu, na qual Sá Carneiro e Fernando Pessoa participam e de onde brotam estilos de escrita que até então se considerariam fora do normal.

Com isto, e nas palavras de Pessoa, sob o heterónimo de Ricardo Reis, ressurge Lídia (recuperada do poeta Horácio), anexada à ideia de calma, e, mais tarde, num dos poemas de Sophia de Mello Bryner Andersen, como uma mulher mais activa, que não se comanda pela apatia mas que quer aproveitar a vida.

A personagem Lídia é uma importante marca nesta celebração centenária da revista Orpheu, tal como a capacidade modernista de inovar até as personagens que, há séculos, se encontravam enraizadas em poemas e poetas sem fim.

 

AUTORIA

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A Ana e a Luísa são duas personalidades distintas numa só rapariga: a bailarina e a aspirante a escritora. Às vezes juntam-se ambas e nascem sublimes risos no papel. No caso de se chatearem, é favor de manter longe delas quaisquer sapatilhas ou folhas em branco.