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Um Universo por Explorar – Porquê voltar à Lua?

Já se passaram mais de 50 anos desde que Neil Armstrong deu “um pequeno passo para o Homem, um grande salto para a Humanidade”. A partir daí, a curiosidade humana pareceu desviar-se para além do sistema solar e o nosso pequeno satélite natural foi-se afastando do interesse científico. Então, porque é que depois de explorar os nossos céus, conseguir estabelecer uma presença fora da superfície terreste, tocar pontos inimagináveis no espaço e navegar para além das “barreiras” da galáxia, vamos voltar para a lua?

O céu sempre foi lugar de fascínio para os olhos humanos, mas há um corpo celeste em específico que capta a nossa atenção sempre que o observamos: a lua.

Quando o Homem pisou na lua, depois de séculos de anseio, um capítulo da nossa história começou, mas rapidamente pareceu ter sido deixado a meio quando as missões Apollo acabaram, em 1975. No início, quando tudo era uma luta e uma batalha de supremacias, o custo de pôr um homem na lua não importava. Já de missão cumprida, as empresas espaciais começaram a pensar duas vezes e o custo de pisar mais uma vez a lua não era rentável. Ultimamente, empresas como a SpaceX têm tido um papel importante em baixar o preço envolvido na construção de naves, o seu posterior lançamento e retorno à Terra, criando assim uma esperança na possibilidade de exploração lunar. Mas os motivos não ficam por aqui.

Marcos e benefícios na ida à lua

Aos olhos do grande público, a exploração espacial parece ser, por vezes um desperdício de dinheiro sem grande retorno aparente. Mas há que pensar em todos os protótipos, conceitos e em todas invenções da NASA que, mais tarde, melhorados e adaptados para a indústria, se tornaram objetos do quotidiano, como as câmaras de telemóvel, os auriculares sem fio, os computadores portáteis, a ressonância magnética e até mesmo o leite em pó para bebés. As missões Apollo à lua, sozinhas, trouxeram-nos coisas como monitores de sinais vitais, amortecedores para terremotos, isolamento térmico… Bom, a lista continua, mas não será necessário gastar mais linhas. 

A missão Artemis, a nova missão de exploração lunar da NASA, está a dar os primeiros passos nesta nova jornada espacial e pretende marcar mais uma vez a história até 2024: levar a primeira mulher e um afrodescendente à lua.

Test Drive antes de Marte

A ida de uma tripulação a Marte parece estar cada vez mais perto. A NASA tem planos para enviar seres humanos ao planeta vermelho na década de 2030, mas, até lá, há que assegurar muitas coisas. A ida à lua servirá de teste, essencialmente, e terá de ser uma prova definitiva de que conseguimos viver noutros mundos. Além disso, se algo de errado acontecer na lua, estamos apenas a alguns dias de casa. Assim, o mais certo a fazer é jogar pelo seguro e praticar na vizinhança, antes de dar um maior passo. 

É preciso expandir os nossos conhecimentos para mostrar que a ida a Marte é, de facto, possível. Primeiro, precisamos de entender como é que os humanos conseguem sobreviver em ambientes de gravidade reduzida. Depois, temos de arranjar forma de purificar água congelada em água potável e de a refinar em hidrogénio para combustível e oxigénio para sobreviver. Pretende-se ainda criar uma órbita permanente na lua, com uma nova Estação Espacial Internacional, a Gateway. Por fim, o objetivo é criar uma base lunar sustentada por usinas de fissão nuclear. A lua será uma espécie de acampamento e um posto de controlo, de onde será mais fácil começar a viagem até ao planeta vermelho. 

Fonte: Newsweek

Recursos e Interesses Comerciais

Todos os esforços necessários para pisar a lua mais uma vez exigem a criação de novos trabalhos e com eles se marca o início de uma economia lunar, economia essa que se concentrará essencialmente na exploração de recursos do nosso pequeno e brilhante satélite. O ser humano tem de conseguir saber utilizar os recursos de um astro a seu favor e, neste caso, o recurso destacado como prioritário é o hélio-3. Apesar de raro na Terra, pode ser encontrado em abundância na lua, e é considerado um potencial combustível para a fusão nuclear, um processo que pode fornecer uma fonte de energia limpa e quase ilimitada.

Apesar do Tratado do Espaço Sideral de 1969, que obriga a que a exploração espacial humana seja pacífica e em benefício de toda a humanidade, e o Acordo Lunar de 1979, que tentou prevenir interesses comerciais de exploração de recursos no espaço, há que ter cuidado. Estes tratados não foram consentidos por todos os países e, nos últimos anos, dos 12 países que assinaram os acordos das missões Artemis, reconhecendo o interesse mútuo de exploração da lua pacificamente, nenhum deles era a China ou Rússia, duas enormes potências espaciais.

O desejo de explorar o espaço persiste, mas, pegando nas palavras de Neil Armstrong, para dar grandes saltos, é preciso dar primeiro pequenos passos. Para um novo capítulo começar, o anterior tem de acabar. Encerrando de vez este capítulo lunar, poderemos então começar a escrever o novo capítulo, cujo título será “Marte”.

Fonte da capa: CNN Portugal

Artigo revisto por João Nuno Sousa

AUTORIA

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Seria clichê dizer que eu era uma criança irrequieta. Seria clichê e errado, porque nunca fui. O pequeno Bruno gostava de estar no seu canto, sossegado, a descobrir o máximo de coisas possível e a aplicar as aprendizagens para criar o que lhe apetecesse. Hoje em dia, a única coisa que mudou foi a minha altura. Sempre fui um ávido do conhecimento e sempre o espalhei com prazer. Talvez tenha sido por isto que segui Jornalismo e não as outras mil opções que tinha em mente, porque condensa tudo o que mais amo.