Villa Soledade: e o céu explodiu.
Foi enquanto quarteto que os Sensible Soccers se fizeram ouvir a partir de Vila do Conde para Portugal inteiro, tornando-se uma das bandas mais importantes e refrescantes do panorama musical nacional. Se “Sofrendo Por Você” foi o som pré-LP mais sonante do grupo que cativou a atenção de alguns, o álbum de estreia “8” ditou que a sua presença iria ser duradoura. A banda apresentou na Galeria Zé dos Bois nos passados dias 12 e 13 de março, com ambos os concertos esgotados, o novo álbum, lançado no primeiro dia do mês, “Villa Soledade”. Será que, depois de um álbum aplaudido por todos, o agora trio iria superar-se a si mesmo dois anos depois?
“Villa Soledade” abre com o nome que fecha e fecha com o nome que abre. Confusos? Ouçam “Clausura”, a primeira faixa do álbum, e entrem num novo mundo – quem não entra num novo mundo ao som de Sensible Soccers, não é? “Villa Soledade”, a faixa homónima e também o primeiro single extraído do álbum, leva-nos a crer que o mundo de “Soledade” será mais dançante do que o que explorámos em “8”. O clímax desta dança acontece duas faixas depois, com a inesquecível “Nunca Mais Me Esquece”. E nisto já passámos por metade do álbum.
Mas melhor do que a primeira metade do álbum é a segunda. “AUX” podia ser uma religião de tão divina que é e abre o que, para mim, é o melhor momento musical do álbum – “Shampom”. São dez minutos de êxtase em que a dança volta a cobrir os céus de Villa Soledade e o apocalipse acontece. Morremos a dançar o som da nossa vida. Morremos felizes. O céu explode e abre-se com “Apertura”. A bonança a seguir à tempestade, em que o disco se encerra. Somos transportados para fora deste mundo que durou quarenta minutos. E quem nos dera que estivéssemos presos nele para sempre.
Certamente será um dos álbuns do ano, e ninguém passará indiferente a este trabalho. Isto é mais do que um disco. É uma viagem por vários paraísos. E sim: o trio vila-condense superou-se a si próprio.