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Vozes divergentes quanto à subida de Maria Luís Albuquerque

Captura de ecrã 2016-04-11, às 02.03.42

Está a ser difícil para alguns membros do PSD fazer esquecer os recentes acontecimentos ligados à ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque. A partir de agora, a vice-presidente do Partido Social-democrata diz que não há ruído quanto à sua nomeação, mas as vozes que se ouvem no 36º congresso do partido têm dito o contrário. Não há unanimidade da parte dos membros sobre a nova máquina partidária e muitas das opiniões fazem-se ouvir em surdina.

Pesa a inexperiência, porque é a primeira vez que exerce funções nos órgãos nacionais do PSD, mas pesam também as polémicas na banca durante o seu mandato. Destacam-se o Banif, o buraco financeiro que o banco gerou e o défice público de 4,4% que espoletou, já com as medidas extraordinárias. Por outro lado, cai na balança o novo emprego na Arrow Global, consultora britânica de gestão de créditos, que empacota o conjunto de motivos que provocam reticências em alguns membros do partido.

Uma das vozes dissonantes, sem se identificar, disse ao Observador que «é uma loucura» e acrescentou: «a malta acha que não havia necessidade de se fazer isto. Acham que é o Passos a apoiá-la. É o que todas as pessoas com que falo me dizem». Numa posição parecida, mas menos radical, Ribau Esteves, Presidente da Câmara de Aveiro, falou com o mesmo portal para apontar para a polémica de Maria Luís Albuquerque e a Arrow Global: «devia ter renunciado à atividade de deputada. Eu como autarca não posso acumular funções». Deixou ainda claro que não considera a nomeação da ex-ministra das Finanças como vice-presidente uma boa solução, mas que, ainda assim, respeita o líder. O problema principal é, para Ribau Esteves, a inexperiência: «não acho que tenha as competências políticas de combate para um partido que está na oposição».

Perante estas e outras opiniões, Maria Luís Albuquerque respondeu aos jornalistas com uma pergunta retórica: «qual ruído?». E recebe ainda apoio de Pedro Passos Coelho: «ela tem muito para dar ao país e ao partido também. É uma pessoa que tem não apenas uma grande qualidade técnica, mas também muita qualidade política. (…) [a nomeação para vice-presidente] não causará perturbação nenhuma [dentro do PSD]».

O certo é que os resultados da lista de Passos Coelho para o Conselho Nacional do partido deixam margem para várias interpretações: a sua comissão política nacional conseguiu quase 80% dos votos, mas é um dos piores resultados de sempre de uma comissão política e distante dos 88% que o (novamente) presidente conseguiu em 2012 e dos 85% de 2014. Desta forma, há quem aponte como causador destes resultados a nomeação de Maria Luís Albuquerque.