Música

Who ‘s the Clown?: o regresso do fun pop

Neste verão, o mundo da música pop recebeu mais uma aquisição ao seu vasto leque de artistas. Audrey Hobert é uma cantora e compositora norte-americana que, apesar de ter iniciado recentemente o percurso musical, já se tem vindo a destacar pelo trabalho de co-composição no álbum The Secret of Us, de Gracie Abrams, a sua amiga de infância. Além do seu papel como compositora, Audrey já demonstrou o seu talento ao cantar em palco com Gracie, nomeadamente o hit That’s so True” antes de ser oficialmente lançado. 

No início deste ano, Audrey publicou um vídeo no Tiktok, no qual tocava uma batida de uma música. Esta publicação começou a gerar especulações de que um novo projeto estaria a caminho. A verdade é que as especulações se tornaram verdade quando, novamente através da app, a cantora partilhou uma parte da sua música e o que viria a ser o seu primeiro single: “Sue me”.

A artista não quis deixar os fãs à espera e, no espaço de um verão, lançou três singles com direito a videoclipe, anunciou o seu álbum de estreia e uma digressão pelos EUA, Austrália e Europa.

O álbum de estreia de Audrey, Who’s the Clown?, é uma explosão vibrante de pop moderno com um toque de fun pop, que combina batidas cativantes com uma estética que oscila entre o glamour e o sarcasmo. As letras, afiadas e cheias de ironia, desmontam com humor os clichês do amor, da fama e da cultura digital, revelando uma artista com uma visão crítica e espirituosa do mundo que a rodeia. Musicalmente, Audrey demonstra um domínio técnico notável: harmonias bem construídas, camadas vocais ricas e uma produção que funde sintetizadores retro com texturas eletrónicas atuais. O resultado é um trabalho que tanto convida à dança como à reflexão: um manifesto pop que prova que a leveza e a profundidade podem coexistir na perfeição.

Em “Sue Me”, explora a busca por validação de forma irónica, enquanto “Bowling Alley” aborda a indecisão entre sair ou ficar em casa, transformando um dilema comum em uma narrativa cativante. “Wet Hair” destaca-se pela sua produção envolvente e letras que capturam a essência da juventude e da auto-descoberta. Cada faixa oferece uma visão distinta da experiência humana, mantendo a autenticidade e o estilo característicos da compositora.

Audrey Hobert é daquelas artistas que não dá para ignorar: tem carisma, atitude e um sentido de humor afiado que a destacam. No palco, nas músicas e nos seus videoclipes – criados e editados por si – mistura sarcasmo, confiança e um toque de vulnerabilidade. É divertida sem ser superficial, tem uma energia autêntica, meio rebelde, meio despreocupada, que faz dela uma figura única no pop atual. Dá para rir, dançar e ainda pensar um bocado – tudo no mesmo refrão.

Fonte: Universal Music Publishing Group

O website da cantora é quase uma extensão da sua cabeça criativa – caótica no melhor dos sentidos -, cheio de cor, ironia e pequenos detalhes que mostram o quanto ela se diverte com o próprio processo artístico. Entre secções interativas, notas soltas e vídeos de bastidores, o site funciona como um arquivo vivo do processo de escrita do álbum, onde os fãs podem espreitar rascunhos de letras, gravações caseiras e ideias que nunca chegaram à versão final. É um espaço que mistura transparência e teatralidade: Audrey mostra o “making of” sem perder o mistério. Os vídeos, meio documentais, meio performativos, revelam o lado mais humano e curioso da artista, sempre entre o improviso e a perfeição pop. Navegar pelo site é como entrar no estúdio (ou na mente) de Audrey: uma viagem divertida, estética e um bocadinho caótica, tal como ela.Pode não ser para todos os gostos, mas Audrey traz mesmo uma lufada de ar fresco ao pop, lembrando-nos como é divertido criar só pelo prazer de criar. A sua música e presença estão cheias de energia, diversão e aquela vibe despreocupada que contagia quem a ouve. Ela prova que ser artista também é  brincar, rir e arriscar – e é exatamente isso que a torna tão especial.

Fonte da Capa: Rolling Stone

Artigo revisto por: Ana Ferreira

AUTORIA

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Atualmente no seu terceiro ano de licenciatura em Jornalismo, a Marta já descobriu o que é estar por detrás das câmaras, dos ecrãs e das páginas escritas. Mais do que tudo, adora ouvir música e estar a par do que se passa no universo pop, além de procurar sempre os melhores filmes e séries para uma tarde chuvosa perfeita. Assim que entrou na ESCS, encontrou na ESCS Magazine o seu lugar: começou como redatora de Cinema e Televisão, passou a Editora no ano seguinte e, agora, no seu último ano na melhor revista de Benfica, abraça com entusiasmo o cargo de Editora Executiva — um desafio que aceitou com todo o carinho!