“Pearl Harbor”: Um Valente Bocejo
Blockbuster preguiçoso de Michael Bay. Nem é documento histórico, nem melodrama útil, fica-se no meio de algo que nunca chegamos a entender.
Faz, neste mês de dezembro, 79 anos desde o ataque do Japão à base aérea americana de Pearl Harbor, no Havai. Assinalando tal data, consideramos pertinente a análise ao filme Pearl Harbor, de Michael Bay.
O ataque por parte do Japão é o principal catalisador para a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial e consequente equilíbrio na balança do conflito. A intenção de Bay ao transpor para a tela tal momento é um clássico da doutrina comercial de Hollywood: pegar num evento definidor dos Estados Unidos da América e travesti-lo de pompa e circunstância, aliada a um orçamento escandaloso. Se a esta panóplia de exercício temática juntarmos grandes estrelas de Hollywood, como Kate Beckinsale, Ben Affleck ou Josh Hartnett , o menino bonito do início do século XXI, a conclusão só pode ser uma – blockbuster.
Mas afinal de que é revestida a trama de Pearl Harbor? É-nos contada a história de dois amigos, Rafe (Ben Affleck) e Danny (Josh Hartnett), que cresceram juntos e que decidem alistar-se na Força Aérea dos Estados Unidos. Ambos irão disputar o amor da enfermeira Evelyn (Kate Beckinsale), com o ataque à base americana como pano de fundo, nesta estória de romance que decorre no início da década de 1940.
O problema do filme não é o excêntrico orçamento (cerca de 140 milhões de dólares americanos), mas a empreitada em que se insere . É um filme checklist: segue todos os passos preguiçosos do sucesso comercial; as proezas tecnológicas com os cenários plásticos e os estratosféricos efeitos especiais não disfarçam a fragilidade do argumento, nem a pouca elasticidade das personagens; aliás, elas são colocadas num desfile de estrelas: encontramos Jon Voight, Cuba Gooding Jr, Tom Sizemore, Alec Baldwin ou Jeniffer Gardner, mas nenhuma delas é explorada o suficiente para se extrair algo de útil ou palpável.
Pouco ou nada se salva desta desalmada sequência de clichês maquilhados por uma torrente desenfreada de lugares comum, como a relação “amorosa” de Rafe (Affleck) e Evelyn (Beckinsale), que se fica por confrangedora – e estamos a ser simpáticos -, ou o próprio ataque a Pearl Harbor, pois, em vez de explicar minimamente a sequência do evento, se diverte a fazer melodrama barato e de gosto gasto. A caracterização do conflito fica-se pelo preguiçoso “eles contra nós”. No fim, não encontramos suporte para proferir muito de positivo – antes pelo contrário, o emaranhado de cenas decadentes acumula-se numa pilha demasiado grande para passar incólume.
Artigo redigido por Luís Carvalho
Artigo revisto por Maria Madeira
Fonte da imagem de destaque: IMDb
AUTORIA
Olá, sou o Luís, tenho 27 anos e nasci em Cascais. Vivo desde, quase sempre, em Sintra e sinto-me um Sintrense de gema. Adoro cinema - bem, adorar não é a palavra adequada, venerar parece-me um adjetivo mais justo - e sou também obcecado por política e relações internacionais. Gosto também muito de desporto.