Duro e vulnerável: ator de Hollywood Costas Mandylor brilha nos grandes ecrãs
O nome Costas Mandylor provavelmente não te é estranho. O ator, de origem australiana e grega, de 59 anos, é mais conhecido pela sua participação nos filmes de terror da franquia Jogos Mortais, mas com certeza já o viste numa das tuas séries favoritas. A lista de filmes e séries de televisão em que se envolveu é longa – Sex and the City, Era Uma Vez, NCIS: Los Angeles, entre outras. O que muitos não sabem é que a estrela de Hollywood foi outrora uma estrela de futebol, que jogou em grandes equipas europeias, como o Panathinaikos.
Eu tive a oportunidade de conhecer o ator pessoalmente, porque, há pouco mais de um ano, Mandylor mudou-se, juntamente com a sua esposa Victoria, para a ilha da Madeira, de onde eu sou proveniente. Tanto Victoria, como Costas são seres humanos interessantíssimos: viveram intensamente, conhecendo muitos sítios e pessoas.
Numa tarde de janeiro, no Pool Bar do Hotel Pestana Carlton, Costas falou sobre o seu caminho para o sucesso e revelou uma novidade que irá mudar a sua vida.
Antes de te tornares ator eras futebolista. Porquê uma mudança de carreira tão extrema?
O grande amor da minha vida era o futebol, mas tive uma lesão que me obrigou a parar. Quando soube que teria de ficar parado durante um ano, não fazia ideia do que fazer com a minha vida. Foi então que decidi partir em direção aos Estados Unidos para visitar uns amigos… As pessoas que conheci lá diziam-me: “Tu podias ser ator”. Naquela altura, eu achei que estava a milhões de milhas de distância de me tornar num ator, ainda por cima sendo eu australiano. Mas ainda assim dei uma chance à representação e comecei a estudar.
Na verdade, nunca gostei muito de ir à escola, mas eu amei a escola para atores – é a escola do comportamento humano. Fiquei devastado por perder o futebol, mas encontrei uma nova paixão. Não poderia ter jogado futebol para sempre… Os Deuses levaram-me para o caminho certo.
Porque é que achas que os teus amigos diziam que tinhas perfil para ator?
Diz-se que certos atores têm uma “sexualidade feminina”. O grande ator Marlon Brando é um exemplo disso. Foi um senhor atraente que estudou muito e bem, mas destacou-se particularmente porque tinha, simultaneamente, qualidades masculinas e femininas – essa mistura fica muito bem no ecrã. A minha professora disse-me: “Tu podes ser o novo Brando”. Na altura não percebi muito bem o porquê de ela me estar a comparar a um génio da representação, mas hoje compreendo o que ela quis dizer… O homem que é duro, mas consegue também ser vulnerável cativa e encanta. Talvez seja por isso, ou talvez seja pela minha personalidade. Eu não julgo ninguém, tenho um espírito livre e sou honesto.
O teu primeiro filme, Triunfo do Espírito, contou com a participação de grandes atores, como Williem Dafoe e Robert Loggia. Como é que te conseguiste envolver nesse projeto?
O meu agente deu-me a conhecer o projeto e apresentou-me aos produtores. Isto foi um ano depois de eu ter entrado na escola para atores, por isso ainda estava muito “verde”. Nunca me esquecerei da última vez que os produtores me chamaram: o encontro foi na casa de um deles e estavam lá muitas pessoas conhecidas, inclusive a Madonna. Os produtores sentaram-me lado a lado com o Willem Dafoe e deram-me o guião para uma personagem diferente. Olhei para as páginas, depois para Dafoe, e limitei-me a fazer o que ele fazia – não estava a atuar, não estava a tentar provar nada… Tentei ser autêntico. No dia seguinte eles ligaram-me a dizer que eu tinha conseguido o papel.
Esta experiência foi um milagre para mim. No ano em que este filme foi gravado, o Willem Dafoe e o Robert Loggia foram nomeados para os Óscares – ou seja, eu estava a trabalhar com pessoas de muita qualidade.
Qual foi o filme que mais gostaste de gravar?
O Triunfo do Espírito foi o meu filme favorito porque foi o princípio – o nascimento da minha carreira. Eu tive a oportunidade de trabalhar com pessoas fantásticas e as filmagens foram feitas nos campos de concentração em Auschwitz – um sítio muito depressivo, na altura com uma comunidade muito suprimida, mas que me forneceu uma experiência muito educacional historicamente.
Alguns anos depois, participei num filme chamado Império Do Crime. Gostei imenso deste, porque adoro filmes sobre gansgters – são os meus favoritos! E mais uma vez trabalhei com pessoas de qualidade, nomeadamente a lenda Anthony Quinn. Ele e o Robert Loggia tornaram-se os meus “pais de Hollywood”.
As pessoas, especialmente as da minha geração, conhecem-te principalmente pelo teu desempenho em Jogos Mortais. Sempre gostaste de filmes de terror?
Eu adoro filmes de terror quando são bons. Penso que todos nós gostamos de ser surpreendidos e é por isso que este género é tão bem sucedido. Quando os filmes de terror são bons, estes tornam-se grandes e eternos, porque assustam a próxima geração e as que se seguem.
Consideras que participar num filme de terror te afetou ou alterou?
Se me afetou, foi apenas filosoficamente, porque o filme relembra que o karma trata de quem se comporta mal.
Eu aprendi a separar a realidade do mito. No entanto, enquanto existem atores que riem entre as cenas (tal como eu), existem outros que levam tudo muito a sério. Há um filme famoso chamado Marathon Man, em que um dos atores envolvidos foi Dustin Hoffman. Ele não dormiu durante dias porque queria ter uma aparência derrotada para uma cena. Então, o co-protagonista perguntou-lhe: “Meu rapaz, porque não dormiste durante tantos dias?”. Hoffman explicou o porquê e Olivier, que era um ator mais velho e com mais experiência, questionou: “Nunca ouviste falar de ‘representar’?”.
Algumas pessoas escolhem sofrer, mas eu escolho fingir e usar a imaginação. Enfim, bons atores são bons atores, e toda a gente trabalha de forma diferente!
Que outras dicas tens para dar a quem deseja ser ator/atriz?
Estuda muito, procura bons professores e a vida tratará do resto. É uma ocupação difícil, por isso o meu conselho é ter sempre um plano B.
Os melhores atores, aqueles que duram trinta ou mais anos, estudaram muito e com boas pessoas. Eles sofrem, aprendem e estudam constantemente. As pessoas que vemos nos grandes ecrãs participaram primeiro em projetos irrelevantes. Mas um dia, quando recebem um bom trabalho, estão preparados. Nada acontece do dia para a noite! Se te preparares, irás sempre aterrar com os pés; se não te preparares, algo poderá surpreender-te e provavelmente cairás.
Em 2013, casaste com a tua esposa Victoria Ramos. Queres falar um pouco sobre a vossa história de amor?
Há cerca de 12 ou 13 anos fui a um restaurante na famosa Avenida Sunset Blvd e a Victoria estava lá a trabalhar. Na altura eu não queria propriamente uma relação ou estar com mulheres, mas lembro-me de olhar para ela e pensar: “Eu casaria com esta rapariga”. Quatro anos depois voltei a encontrá-la e achei-a muito querida. Na altura apertei-lhe a mão e disse: “Eu lembro-me de ti”.
Já estamos juntos há oito anos e estamos à espera de um bebé. Ser feliz com outra pessoa não é fácil, mas eu e ela fazemos bem um ao outro.
Muitos parabéns! Como te sentes sabendo que vais ser pai?
Sinceramente, sinto-me nervoso. Sinto um novo tipo de responsabilidade: proteger a minha família, criá-la e ser um bom líder, um bom exemplo.
Muitos dos meus amigos tiveram bebés e eu sempre disse: “Boa! Fantástico!”. Mas agora está a acontecer na minha própria casa – eu e a minha mulher somos quem vai ter um bebé desta vez! Tenho uma esposa linda e estou a rezar por um parto saudável.
Onde é que tu e a tua esposa tencionam criar o(a) vosso(a) filho(a)? Qual seria o sítio ideal?
Eu sinto-me muito conectado com o meu país de origem, a Grécia, e espero que o bebé futuramente também. No entanto, ainda não decidi onde é que a criança frequentará a escola – se na Madeira ou na Grécia. Com certeza será criado nestes dois sítios maravilhosos.
Porque é que, de tantos sítios, escolheste a Madeira para ser a tua nova casa?
A política nos Estados Unidos estava maluca… e as pessoas estavam a ficar malucas também! Los Angeles perdeu muita da sua magia e eu culpo os políticos – eles não estão a fazer um bom trabalho.
Um amigo disse-me: “Existe um sítio lindíssimo chamado Madeira”. Um dia viemos cá visitar e eu apaixonei-me pela ilha. Agora já passou mais de um ano desde que nos mudámos para cá… Eu e a minha esposa amamos a nossa nova casa!
Para finalizar a entrevista, quem é Costas Mandylor?
Eu respeito quem me respeita. Às vezes sou muito “apalermado” e talvez devesse ser mais sério de vez em quando. Tento viver a vida sem medos e sem raiva. Desejo saúde e risos sinceros. Dou valor a bons amigos. Acredito em compaixão. Acredito também em honestidade: se alguém fez algo de errado, dir-lhe-ei que agiu mal.
A vida ensinou-me algumas coisas: Deus é paz dentro de mim; amor é dizer a verdade às pessoas, seja para o bem ou para o mal. É assim que vivo a minha vida!
Continuaremos a ouvir falar de Costas Mandylor daqui em diante. Neste momento o ator está envolvido em pequenos trabalhos, aproveitando assim para passar algum tempo de qualidade com a sua família, mas também para procurar novos projetos emocionantes e praticar.
Fonte da capa: Wallpapersden
Artigo revisto por Ana Sofia Cunha
AUTORIA
Daniela nasceu nos Estados Unidos, mas cedo se mudou para a ilha da Madeira, onde foi criada. Embarcar para a cidade de Lisboa é um primeiro passo para conquistar o seu sonho de criança: ser uma renomada Jornalista. Ambiciona criar conteúdos para grandes revistas turísticas, porque, para além da escrita, a sua paixão é viajar. São os pequenos prazeres da vida que a movem, e deseja partilhar esse olhar único sobre a vida.