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Do Velho ao (Ano) Novo

À medida que o Ano Novo se aproxima, é fácil ser envolvido pela euforia das novas promessas e propósitos. Mas, talvez, o verdadeiro encanto deste momento esteja, não apenas no que aspiramos adicionar às nossas vidas, mas no que ousamos deixar para trás. Pensar em resoluções de Ano Novo muitas vezes evoca uma sensação de renovação, uma promessa de transformação pessoal. Esta visão é, de facto, inspiradora, mas muitas vezes omite uma verdade crucial: a necessidade de deixar ir aquilo que já não contribui para o nosso crescimento. Não se trata de um mero descartar de velhos hábitos ou relações desgastadas, mas de um ato de coragem, autoconhecimento e libertação. 

O conceito de “deixar ir” é tão essencial quanto o de adotar novas metas. As nossas vidas, vistas como jardins, requerem não apenas o cultivo de novas flores, mas também a eliminação de ervas daninhas que sufocam o seu crescimento. Este processo pode envolver pessoas, hábitos ou até emoções que, nalgum momento, pareciam necessárias ou simplesmente confortáveis, mas que agora se tornaram obsoletas ou prejudiciais. Este processo engloba uma variedade de aspetos, desde pessoas a hábitos, e até emoções que, em tempos passados, nos serviram, mas que, na luz do presente, revelam-se desgastados ou prejudiciais para o nosso bem-estar.

Ao longo das nossas vidas, as relações humanas formam um espetro variado de interações. Algumas dessas relações destacam-se por nutrir e fortalecer o nosso ser, oferecendo apoio, entendimento e crescimento mútuo. Por outro lado, existem aquelas que, contrariamente, esgotam a nossa essência, caracterizadas por conflitos constantes, mal-entendidos ou um desequilíbrio na troca emocional. Deixar para trás pessoas não significa necessariamente cortar relações abruptamente. Trata-se de reconhecer que algumas relações não contribuem mais para o nosso crescimento pessoal. O processo de distinguir quais as relações que merecem o nosso tempo e energia e quais as que devemos deixar para trás é um aspeto crucial da maturidade emocional. Não é uma questão de frieza, mas de uma compreensão clara dos impactos que cada interação tem na nossa vida. Aprender a reconhecer quando uma relação deixa de ser benéfica e agir de acordo não é apenas um ato de autocuidado, mas também uma forma de respeito próprio e ao outro. Isto implica entender que as pessoas e as relações evoluem ao longo do tempo. Relações que antes eram fundamentais para a nossa identidade e felicidade podem deixar de se alinhar com quem nos tornamos. Aceitar esta realidade não significa desvalorizar o passado, mas reconhecer que a mudança é uma parte natural da vida.

Os hábitos, que vão desde pequenos rituais diários até padrões de pensamento enraizados, são os arquitetos silenciosos da nossa realidade. São estes que influenciam a nossa perceção do mundo, as nossas reações e, em última análise, o curso das nossas vidas. Avaliar cuidadosamente os hábitos que escolhemos adotar, distinguindo aqueles que nos impulsionam daqueles que nos restringem, é uma tarefa que não pode ser subestimada. Frequentemente, os hábitos que antes nos serviam bem, talvez por oferecerem conforto ou eficiência, podem tornar-se barreiras invisíveis que impedem o alcance do nosso verdadeiro potencial. O desafio de modificar hábitos, embora exija uma dose considerável de consistência e dedicação, tem o poder de transformar radicalmente a nossa experiência da vida. 

Além da revisão dos hábitos, é igualmente essencial processar e libertar emoções, especialmente aquelas que são negativas e de longa duração. Sentimentos como rancor, tristeza ou frustração, se retidos, podem tornar-se pesos que arrastamos connosco, obscurecendo a nossa visão do futuro. Reconhecer a necessidade de processar estas emoções, seja através de reflexão pessoal, diálogo aberto com outros, ou assistência profissional, como a terapia, é um passo crucial na jornada de cura e avanço pessoal. Lidar com emoções negativas significa aprender a entender e transformá-las em insights que ajudam a atingir mudanças positivas. Quando nos permitimos experienciar e depois libertar certas emoções, abrimos caminho para um estado de ser mais equilibrado e preparado para os desafios, assim como oportunidades, que o futuro nos reserva.

A chegada do Ano Novo abre espaço para novas intenções, mas também para uma reflexão sobre o desapego. É o momento certo para reconhecer e libertar-se de velhos padrões, relacionamentos e emoções que já não contribuem para o seu bem-estar. Expulsar aquilo que já não tem lugar na história de cada um é uma oportunidade para um recomeço mais leve e desobstruído. Embora desafiante, este ato é fundamental para dar espaço ao crescimento e à descoberta de novos caminhos. É um convite para abraçar o futuro com um espírito renovado e uma perspetiva mais clara.

Fonte da capa: criada pela editora

Artigo revisto por: Inês Gomes

AUTORIA

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Daniela nasceu nos Estados Unidos, mas cedo se mudou para a ilha da Madeira, onde foi criada. Embarcar para a cidade de Lisboa é um primeiro passo para conquistar o seu sonho de criança: ser uma renomada Jornalista. Ambiciona criar conteúdos para grandes revistas turísticas, porque, para além da escrita, a sua paixão é viajar. São os pequenos prazeres da vida que a movem, e deseja partilhar esse olhar único sobre a vida.