Na Liga Conferência, os sonhos também vão a jogo
36 equipas de 30 países diferentes disputam a fase de liga da terceira competição europeia de clubes da UEFA. Competitividade e indefinição são as palavras de ordem, apesar da presença de um elefante azul na sala.
22 anos depois da última edição da Taça das Taças, a Europa voltou a ter três competições continentais de clubes com a criação da Conference League em 2021. O objetivo era proporcionar a equipas com menos pergaminhos e provenientes de ligas mais periféricas a oportunidade de jogarem na Europa para lá do verão.
Das 30 nações que colocaram clubes na prova esta temporada, destacam-se estreantes como a Irlanda do Norte, o País Gales e a Arménia.
Na pequena vila norte-irlandesa de Larne, agigantou-se o bicampeão da Liga doméstica à boleia do goleador Andy Ryan e do ainda jovem Tiernan Lynch, à frente do clube desde 2019. Depois de quedas sucessivas no escorrega das fases de qualificação das provas da UEFA- incluindo uma derrota contra o Paços de Ferreira em 2021- o Larne finalmente ultrapassou a barreira desta maratona de verão após vencer o Lincoln Red Imps de Gibraltar.
O jogo mais aguardado pelos 3 mil adeptos que vão encher o Inver Park será frente aos vizinhos irlandeses do Shamrock Rovers, devido a toda a rivalidade entre Irlandas, que ultrapassa em larga escala os campos de futebol.
Mais ao lado, no País de Gales, face ao facto de Cardiff City, Swansea ou Wrexham disputarem as competições inglesas, a competitividade escasseia e o The New Saints assume o estatuto de rei e senhor desta Liga.
Os comandados de Craig Harrison tornaram-se no primeiro clube a jogar na Liga Galesa e a qualificar-se para uma fase final. O prémio? Jogos contra a Fiorentina em Itália e contra o Panathinaikos em casa.
Se nem TNS nem Larne têm clubes portugueses, na Arménia mora o clube mais português da Liga Conferência. O FC Noah, criado apenas em 2017, conta com uma gestão praticamente toda lusa, desde a gestão desportiva ao scouting, passando naturalmente pela equipa técnica e plantel.
Rui Mota, antigo adjunto de Sá Pinto, assumiu o comando do Noah e já fez história na Arménia. Na 3ª pré-eliminatória, os alvinegros bateram o AEK de Atenas por 3-2 no agregado das duas mãos. A vitória por 3-1 na Arménia frente ao histórico clube grego que conta com Lamela, Zuber e Pereyra nas suas fileiras é talvez a mais impressionante da curta história do FC Noah.
De Portugal à Arménia é um “saltinho”, como comprovam os três jogadores portugueses no plantel do Noah, além de três caras conhecidas do meio da tabela da Primeira Liga (Eteki, Matheus e Pablo Santos). Para a comitiva “lusa”, a história já foi feita, mas o sonho ainda agora começou.
O pico da epopeia será no dia 7 de novembro, quando a equipa da capital Yerevan se deslocar a Londres para defrontar o Chelsea. A equipa de Enzo Maresca é a grande favorita a vencer esta competição, apesar de a primeira fase servir para rodar e dar oportunidade a jogadores menos utilizados. Exemplo disso é o facto de Cole Palmer não ter sido inscrito para esta fase de Liga.
Os principais concorrentes dos londrinos são o Real Betis, o sempre competente Copenhaga e a Fiorentina, equipa que já perdeu duas finais desta competição.
Já na Alemanha está outra história bonita desta competição. Em 2023 estavam na Bundesliga 2, em novembro de 2025 vão receber o Chelsea. O Heidenheim tem tido um crescimento absurdo desde que Frank Schmidt chegou ao comando técnico em 2007/2008, ainda na quinta divisão. Pouco mais de 15 anos depois, a equipa do sul da Alemanha está a disputar competições europeias e, embalados pelo menino Paul Wanner, podem apostar numa caminhada longa Conference em prol de uma classificação inferior na Bundesliga.
Destaque ainda para o Vitória SC, a primeira equipa portuguesa a disputar a fase final da Liga Conferência. Os comandados de Rui Borges têm condições para ficar nos oito primeiros e consolidarem o estatuto do Vitória europeu.
A receção à equipa Viola e as deslocações à Suíça (St. Gallen) e à Suécia (Djurgarden) são desafios matreiros, mas há um projeto muito consolidado no Minho. Tomás Handel é talvez o jogador que mais pode beneficiar individualmente de uma grande campanha vitoriana.
O luso-austríaco é um autêntico polvo no 4x3x3 de Rui Borges, que ainda assim lhe permite chegar à área com muita facilidade. A montra europeia é apetecível para o jogador e para o clube.
As conquistas de West Ham (22/23) e Olympiacos (23/24) comprovam que esta prova é propícia a surpresas por parte de conjuntos que não estão habituados a chegar longe na Europa. “O sonho comanda a vida” e, da Bielorrússia à Islândia, todas as equipas têm licença para tentar voar e conquistar o seu lugar ao sol.
Fonte da Capa: Record
Artigo revisto por Inga Carvalho
AUTORIA
Desde miúdo que tinha duas paixões, a escrita e o desporto. Ao crescer percebi que combinar as duas áreas e tornar-me jornalista desportivo era o meu objetivo de vida. Gosto de dizer que fui criado por Pablo Aimar, Lionel Messi e Matías Fernández, dada a quantidade de horas que passei a vê–los distribuir classe e sonho pelos relvados. Tenho uma lista com duas páginas de estádios míticos que quero visitar e sim, a Bombonera está em primeiro lugar.