Entrevista: Mary Simses
Da pequena localidade de Darien, no estado do Connecticut, EUA, Mary Simses passou a ser uma autora reconhecida um pouco por todo o mundo. O seu primeiro livro, The Irresistible Blueberry Bakeshop & Café, já está à venda em vários países. Enquanto o livro não chega a Portugal, a ESCS MAGAZINE dá-te a conhecer um pouco mais da autora que trocou o Jornalismo pelo Direito e se tornou escritora.
O que lhe deu a ideia de The Irresistible Blueberry Bakeshop & Café?
A ideia para o livro veio de algo que ouvi na rádio. Uma mulher contou uma história sobre a sua avó que tinha morrido e sobre como, pouco antes de morrer, ela disse: “Apaga o meu disco rígido.” Eu comecei a perguntar-me sobre o que estaria no computador da avó que ela não queria que ninguém soubesse. Isso deu-me a ideia de uma mulher de oitenta anos de idade, a rever a sua vida e a sentir necessidade de resolver certas coisas antes de morrer. Apesar de ter utilizado uma carta como o veículo para desenvolver a história, ao invés de um computador, a história do disco rígido é que acabou por me levar a escrever o livro.
Como se sente quando sabe que as pessoas de lugares tão distintos no mundo lêem o seu livro?
Estou muito feliz por pessoas no Brasil e numa dúzia de outros países estarem a lê-lo! Ainda não consigo acreditar. Foi uma surpresa ter o livro publicado, mas descobrir que pessoas de outros países também se relacionam com a história faz-me especialmente feliz. E eu adoro ler e-mails que recebo de leitores de todo o mundo e responder-lhes. Isso é uma das coisas mais divertidas de ser um autor publicado.
É licenciada em Jornalismo, mas então decidiu tornar-se advogada. Como é que isso aconteceu?
Estava a trabalhar para uma pequena revista em Connecticut, onde cresci, e queria encontrar um trabalho numa empresa de publicações maiores. Para fazer isso, sabia que teria de procurar um emprego em Nova Iorque, porque era onde estavam as maiores oportunidades. Naquele ponto da minha vida não queria trabalhar lá. Tinha alguns bons amigos que eram advogados e fiquei interessada na lei. Trabalhei durante um ano como assistente num escritório de advogados, decidi que gostava e acabei por me candidatar e ir para a faculdade de Direito.
Como é que o sua família lida com o seu sucesso?
O meu marido e a minha filha estão muito orgulhosos de mim e estão tão entusiasmados quanto eu com o sucesso do livro. São os meus maiores fãs e eu tenho muita sorte em tê-los. Eles habituaram-se a ver-me a toda a hora, dia ou noite, sentada à secretária a escrever e apoiam muito a minha carreira de escritora.
Quem são os seus escritores favoritos?
Ah, esta é uma pergunta difícil. Eu adoro tantos escritores diferentes que é difícil escolher alguns favoritos. Vou, no entanto, mencionar dois livros que adoro desde sempre: To Kill a Mockingbird (em português: Mataram a cotovia), de Harper Lee, e O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald. Releio-os de vez em quando e gosto sempre. São ambos grandes obras literárias.
O que a inspira?
Uma boa escrita inspira-me. Quando leio um livro (ou uma peça de teatro ou um poema) que está bem escrito, sinto-me motivada para ser melhor escritora e abordo o meu trabalho com nova energia e criatividade. Amo livros que me forçam a parar e a ler frases repetidamente por estarem tão bem escritas.
Está a trabalhar em algum livro novo?
Sim, estou a escrever outro romance. Tal como acontece com Blueberry Café, também ocorre numa cidade fictícia em Nova Inglaterra – desta vez em Connecticut. Trata-se de uma mulher que regressa à sua cidade natal para uma visita e é forçada a enfrentar alguns problemas do passado. Vida de cidade pequena, as mulheres protagonistas, e lidar com o passado parece ser aquilo sobre o qual gosto de escrever. Também há algum humor que não resisto a incluir. Será publicado nos Estados Unidos no verão de 2016. Espero ter o tipo de distribuição internacional anterior e espero que os leitores gostem
Qual é o seu conselho para futuros escritores?
Em primeiro lugar, aconselho a começar com algo pequeno. Escrever histórias curtas é uma óptima forma de o fazer. Muitos romancistas começaram dessa forma, eu incluída. Escrever um bom conto força-te a criar e desenvolver uma personagem e a ter uma intriga do início ao fim, num número limitado de páginas. Também te prepara para escrever um romance porque cada capítulo de um romance é, basicamente, uma história curta. Escrever um conto é também muito menos intimidador do que escrever um romance.
Também sugiro tentar encontrar um curso de escrita de ficção e/ou um grupo de escritores. Quando estava a trabalhar como advogada corporativa matriculei-me em aulas de escrita, à noite, numa universidade local. Não escrevia um conto há anos e foi, provavelmente, a coisa mais importante que fiz para a minha carreira de escritora. O que aprendi com outras pessoas da turma — sobre a voz, estrutura do enredo, desenvolvimento da personagem e a mecânica geral de contar histórias — foi inestimável. Também me inspirei nos outros estudantes e pelo que escreveram. Grande parte do trabalho foi incrível e encorajou-me a trabalhar mais.
AUTORIA
Sofia Costa Lima nasceu em Trancoso, em 1994. Estuda Jornalismo e é
apaixonada por escrita. Tem um blog pessoal desde 2009 e publicou dois livros — em 2013 e 2014. Colabora com a Associação Juvenil de Trancoso desde 2013, fazendo parte da equipa responsável pelo Jornal Escrever Trancoso.