Cinema e Televisão

A essência do Cinema Independente

O cinema desenvolveu-se através de várias inovações, que vão desde o domínio fotográfico até à síntese do movimento. O cinema definido como arte surgiu por volta de 1912, quando Ricciotto Canudo, teórico e crítico de cinema do futurismo italiano, escreveu o artigo Manifesto das Sete Artes, indicando o cinema como a sétima arte, depois da arquitetura, escultura, pintura, música, dança e poesia.

Aquilo que começou como uma curta-metragem de 45 segundos a mostrar os trabalhadores a sair de uma fábrica evoluiu para filmes com mais de 3 horas a mostrar algo utópico.

Atualmente, é em paralelo às grandes produções de Hollywood que prospera o cinema independente. Com visões diferenciadas sobre a forma de fazer arte, ambas conseguem cativar pessoas até às grandes salas de cinema.  No entanto, a verdade é que os filmes independentes transmitem uma essência alternativa.

A maior diferença desta arte é que no cinema independente o produtor possui total liberdade para produzir o filme, já as grandes produções têm de responder às expectativas dos financiadores, acabando muitas vezes por saciar a vontade deles e não o desejo do produtor e do realizador.

Um dos principais suportes do cinema independente é a possibilidade de inovação. Por terem mais liberdade, podem testar novas possibilidades, já que o foco não é o lucro, mas sim a experiência artística. 

Com orçamentos baixos, os filmes independentes retratam histórias mais “reais”, tendo poucos ou nenhuns efeitos especiais. O que leva muitos críticos a assegurarem que não é pelos filmes terem muitos efeitos especiais ou orçamentos milionários que uma sequência de vídeos se transforma num filme de qualidade.

Aftersun é um dos mais recentes e aclamados filmes independentes a chegar aos grandes ecrãs. Protagonizado por Paul Mescal e Frank Corio, a curta-metragem representa a relação de um pai e de uma filha nas últimas férias que passam juntos. Memórias reais e imaginárias fazem com que a filha, agora com 31 anos, tente perceber quem era o pai que afinal desconhecia. 

Desde a sua estreia no Festival de Cinema de Cannes, em maio de 2022, Aftersun, de Charlotte Wells, acumulou um raro e veloz reconhecimento. Conquistou o British Independent Film Award e ainda o BAFTA de Outstanding Debut by a British Writer, Director, or Producer.

Une-se à magia cinematográfica a fantástica banda sonora, que se enquadra perfeitamente nos momentos certos. A última cena, considerada por muitos o clímax da narrativa, é acompanhada por Under Pressure, de Queen. Charlotte confirma que esta dualidade “felt like a gift to the viewer, like here’s a little bit more of a hint. It gives you closure that you are correct in the direction your mind has been spiraling.” 

Além de Aftersun, existem outros filmes independentes que foram produzidos fora de grandes estúdios de cinema e distribuídos por empresas de entretenimento independentes, tais como Moonlight, de Barry Jenkins; Spotlight, de Tom McCarthy; ou Call Me By Your Name, de Luca Guadagnino.

O avanço tecnológico tem tornado cada vez mais acessível a produção de um filme e a internet ajuda a facilitar o financiamento por parte de pessoas interessadas nos projetos. Atualmente, o cinema independente é palco de festivais como o de Cannes, que tem como mote “a descoberta e apresentação de filmes de alta qualidade que potencializam o desenvolvimento do cinema”.

Em Portugal, o IndieLisboa Festival Internacional de Cinema, que surgiu em 2004, investe e distingue obras que se encontram fora do radar das grandes produções, moldadas pelas produções e exibições dominantes.

Fonte da capa: Cesrei faculdade

Artigo revisto por Catarina Policarpo

AUTORIA

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A Mariana, estudante de jornalismo, nunca pensou que a sua vida iria tomar este rumo. Mas, recentemente, descobriu a sua paixão pela escrita e pela comunicação. Aventurou-se na escs magazine para sair da sua zona de conforto e atingir todos os seus objetivos. Curiosa e observadora acredita que este é o lugar certo para ela!