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A importância de um momento de descanso

Passam-se semanas e semanas em que damos por nós sem saber o que é um momento de descanso. “Que bom!”, pensamos nós quando nos apercebemos de que os dias passaram a correr, mas, na verdade, estivemos apenas demasiado ocupados para dar pelo tempo passar.  O ritmo de vida que levamos é tão automatizado e acelerado que não nos damos conta do que não fazemos, que, por sinal, é o mais importante: descansar.

Abdicamos, muitas vezes, dos momentos de descanso para nos focarmos naquilo que consideramos ser realmente importante: trabalhar e lutar para sermos pessoas bem-sucedidas. No fundo, teimamos em resistir às pressões da sociedade, porque é mais fácil seguir a norma do que desviarmo-nos dela, mas isso são outros quinhentos.

Assim sendo, há que saber parar, tirar um tempo e refletir. Durante esse tempo, é aconselhada a leitura deste artigo.

Uma breve pesquisa no dicionário leva-nos a muitas definições de descanso. No entanto, podemos simplificá-las afirmando que o conceito está ligado a todas as atividades mais passivas, como dormir, repousar no sofá ou simplesmente não fazer nada. É um momento de pausa durante uma atividade que nos obriga a fazer algum esforço, seja qual for.

Tendemos frequentemente a associar unicamente o momento de descanso a uma noite bem dormida. Será aí que começa a nossa confusão? Achamos que por dormir oito horas seguidas sem pesadelos tivemos um bom descanso, quando, na verdade, passamos o dia todo à velocidade da luz, sem fazer pausas.

Dispensam-se estudos quando se trata de falar do sono em Portugal. Somos dos países onde menos se dorme, e essa privação está associada a razões sociais, como afirma a psicóloga Teresa Espassandim numa entrevista à Notícias Magazine. O défice e as horas de trabalho estão ligados. Esta “síndrome do trabalho” que nos atinge enquanto povo retira-nos momentos de repouso durante o dia e começa a invadir também as horas de sono. Isto é, além de não tirarmos um momento do nosso dia para repousar, ainda estamos a perder horas de sono.

Fazemos isto a nós mesmos. Será porque não sabemos os benefícios de descansar, ou porque não temos tempo para pensar nisso?

As pausas são amigas da memória e da concentração. Por outro lado, a falta de descanso faz com que tenhamos lapsos de memória e falta de concentração e de paciência. Advêm muitas outras consequências disto que afetam o nosso dia a dia. Todos nós nos identificamos com a situação. Além disso, tirar um tempo para recarregar energias aumenta a criatividade, uma vez que permite que o cérebro consolide informação, e ainda reduz o stress.

Mas então como podemos melhorar?

Nestas questões não há fórmulas mágicas, há sim estratégias que funcionam com algumas pessoas. Para Teresa Espassandim, a chave está na intenção, no querer efetivamente repousar, ou seja, em “Reservar tempo para fazer uma atividade prazerosa da mesma forma que planeio obrigações”. É necessário percebermos o que gostamos de fazer. Fazer uma lista de atividades com interesse é um bom ponto de partida. Mas atenção, há que ser realista neste primeiro passo, pois não podemos planear fazer coisas para as quais não temos tempo. Além disso, definir os objetivos de forma clara e direta também ajuda à concretização dos mesmos: um “Vou começar a caminhar mais” ou um “Vou começar a caminhar durante 15 minutos todos os dias” não significam o mesmo.

No início, o ideal será começar por pequenas coisas:

  • tirar 15 minutos para ler todos os dias;
  • fazer uma caminhada de meia hora dia sim, dia não;
  • ver um episódio de uma série todos os dias;
  • brincar por tempo indeterminado com o animal de estimação sempre que chegar a casa;
  • meditar todos os dias ao acordar.
Fonte: Blog da Liv Up
Fonte: SpaTourLife

Tudo isto implica um processo gradual pois, para se tornar um hábito, é necessário que seja praticado com periodicidade, sem que seja demasiado forçado. Aliado a isto, exercícios mentais de “sacudir a culpa” também devem ser desenvolvidos. Muitas vezes, quando descansamos, sentimos-nos culpados, com peso na consciência por não estarmos a fazer algo útil como a última tarefa da nossa lista de responsabilidades. Mudar isso pode passar por mudar também a lista de obrigações, reduzindo-a e tornando-a realista. Caso não seja possível, priorizar tarefas e deixar algumas para o dia seguinte é a solução. Tudo se trata da forma como planeamos a nossa vida e isso começa quando deixamos de acreditar no ditado “Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”.

Foto de capa: Unsplash

Artigo revisto por Daniela Matias

AUTORIA

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Luísa Montez é redatora da ESCS Magazine desde novembro de 2020, tendo começado por escrever apenas para a secção de Moda e Lifestyle. Após o sucesso do seu artigo escrito, excecionalmente, para a secção de Grande Entrevista e Reportagem, decidiu aceitar o convite e fazer parte da mesma. Antes de entrar na ESCS já sabia que queria pertencer à revista, pois a escrita é um dos seus pontos fortes.