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A Natureza: Desconectar para Conectar

Fonte: Cedida por Patrícia Pinto

Voltar a conectarmo-nos com a Natureza significa voltar a conectarmo-nos com a nossa essência. Respeitar a Mãe Natureza e aprender a amar tudo o que nos fornece é um valor que cada um de nós deveria levar em consideração, pois tudo depende dela. Dela viemos ao mundo e dela vamos embora. E como ela se distingue pelo seu mistério e beleza que transcendem qualquer coisa… Ah, o cheiro da paz num ambiente verde e o som da harmonia quando os pássaros passam por nós, a água a cair para nos arrepiar a alma de uma maneira única, o calor de uma fogueira num dia de inverno, o azul encantador do mar que nos parece anestesiar de toda a dor, haverá melhor? Duvido.

Não sabes por onde começar a restabelecer essa ligação com a Natureza? 

Temos alguns passos para ti! 

No entanto, importa referir que isto não é uma linha reta. Por vezes voltamos passos atrás ou perdemo-nos no caminho, mas o importante é procurar sempre estarmos presentes com a nossa Mãe.  

1. Estar nela – mais simples do que isto não há. Nem todos têm a sorte de viver numa aldeia ou num sítio em contacto direto com a sua forma mais natural, logo não parece muito fácil. Mas… na verdade é. Em cada cidade há um bocado de natureza – os parques naturais, as flores que a florista da rua vende, a fruta fresquinha que entra no mercado ali no final da rua – isso tudo cria ligação. Mais do que nunca vivemos o nosso dia a dia rodeados de stress, pressão e desespero e, por causa dessa aceleração no quotidiano, importa hoje (mais do que nunca) desacelerar para apreciar. Estar nela e saber aproveitar o que de melhor nos tem para oferecer é o início para uma jornada rica em termos espirituais. 

2. Pesquisar – aprender sobre novas formas alternativas de viver, como: vegetarianismo, reciclagem de forma sustentável, entender melhor as alterações climáticas, aprender sobre nutrição… tanto conhecimento que podemos encontrar, seja em livros, seja através de um click. Hoje vivemos com acesso a uma quantidade de informação que chega a ser sufocante, mas que não permite espaço para desculpas. Está tudo ao nosso alcance e esse conhecimento é poder. Poder este que nos permite usufruir de todas as vantagens que o mundo tem ao nosso dispor. Ah, e como é tanta coisa boa… Um exemplo é a aromaterapia, que utiliza o aroma libertado por diferentes óleos essenciais para estimular diferentes partes do cérebro. Relembro: este é apenas um exemplo de um mundo de descobertas poderosas para cada um de nós. Como descobri sobre tal? Bem, uma conta no Instagram através de uma amiga. Não é genial? E fácil?

Fonte: Cedida por Patrícia Pinto
Fonte: Instagram @aromaterapia.on

3. Perde tempo contigo – nós somos natureza, nunca nos podemos esquecer disso. Fazemos parte de um processo muito maior – somos corpos e almas criadas pela nossa Mãe Terra. Conhecermo-nos é crucial para conhecermos tudo o que nos rodeia e esse conhecimento requer tempo, energia e disposição. É colocar perguntas como: “Quem sou eu? E quem quero ser?” e, mais importante, “Como estou?”, pois só conseguiremos auxiliar o outro se descobrirmos primeiro a tranquilidade e felicidade em nós mesmos. Sendo assim, analisar quem somos e como vivemos para atingirmos o nosso potencial máximo (que é muito maior do que aquilo que imaginamos) é um processo que exige atenção e investimento, mas que compensa.

Cada momento da nossa vida procura dar-nos uma lição e, por isso, não podemos ignorar aquelas tentativas do Universo de nos chamar a atenção para aquilo de que precisamos. Quando o corpo adoece, o Universo está a dizer “para”; quando choramos intensamente sem sabermos exatamente o que está a acontecer é a alma a pedir “recupera”. É essa conexão connosco (e com a Natureza) que nos permite desenvolver capacidades ao longo da nossa vida, como a inteligência emocional que nos ensina a viver mais tranquilamente. Deste modo, aceitar que não temos controlo sobre tudo, sabendo que nos podemos esforçar e temos o poder de escolha para onde queremos ir, torna-se possível quando criamos uma ligação tão forte com quem somos, respeitando e valorizando a nossa identidade, que nos permite errar e aprender com o erro (sem nos culpabilizarmos de forma exacerbada). No final, o amor próprio ganha tudo. No entanto, só é atingível com a descoberta e a aceitação.

4. Relaciona-te com os outros seres – humanos e não humanos. Contudo, é essencial ter em consideração que só te conectarás com os outros quando te conectares contigo. Assim, quando chegares a este passo, a compreensão que ganharás do mundo permitirá que vejas muito além da tua vida individual, ensinando-te a compaixão. 

Aliás, o ser humano não vive isolado. Somos seres sociais, logo precisamos do “outro” tanto quanto precisamos de nós próprios. Não numa questão de dependência, não se trata disso, mas de completarmo-nos. Somos produtos da mesma Mãe, filhos da nossa Terra, somos tudo o que a representa e, daí, irmãos – isto para todos os seres. Logo, tratar bem humanos, animais, flores, enfim, tanta coisa… é um passo que não pode, jamais, ser ignorado. Cada um de nós tem um papel fundamental no planeta e devemos respeitarmo-nos, não nos tentando superiorizar de alguma forma.

Afinal, se amas tanto aquela flor que viste no jardim, porquê arrancá-la? E se amas tanto os animais como falas, porquê matar aquela formiga? Não há necessidade se nem nos afeta.

Desperdício de tempo… Mas será mesmo?

Parece um tópico meio desnecessário, não? Afinal, é tão simples. Bem, quem me dera que fosse desnecessário, mas, atualmente, com a correia do mundo e a ascensão da vida virtual, mais do que nunca é importante relembrar a importância da Natureza para nos sentirmos completos, mais em contacto com a nossa humanidade. Assim sendo, não é nada mais, nada menos do que a necessidade de nos desconectarmos (do mundo virtual e do mundo quotidiano) para nos conectarmos (connosco e com tudo o que representa a nossa essência).

Afinal, conectar não é difícil, porque da Natureza fazemos parte. O problema é a nossa lista de prioridades e as nossas desculpas para não o fazermos regularmente ou mesmo diariamente. Essas prioridades mudaram com o tempo, mas a verdade é que esta necessidade de nos sentirmos parte do conforto da nossa Mãe vem desde os primórdios dos tempos. Uma prova de tal facto é a “Oração do Nilo”, professada na Antiguidade, sendo uma prece dos egípcios voltada para o rio: “Salve, tu, Nilo!/ Que te manifestas nesta terra/ E vens dar vida ao Egito”. Assim, podemos entender como os egípcios colocavam o Nilo, um rio, como personagem principal de um povo.

Ainda hoje, em muitas partes do mundo, vemos uma profunda conexão da comunidade com a Natureza, como, por exemplo, as tribos indígenas na Amazónia. Uma prova: quando os incêndios tomaram posse da Amazónia, a tribo Shanenawa dançou para que o fogo cessasse. A profunda ligação que se estabelece com a ideologia de que a Natureza nos observa e ouve mostra a sua devoção pela mesma (que é superior a qualquer coisa).

Hora para parar e Aprender a Valorizar 

Saberás e verás a tua sorte quando dançares com a chuva enquanto dás umas gargalhadas, mirando o céu e agradecendo ao universo pelo poder daquela sensação. Correres entre a terra abatida de um campo em cultivo, sentires a lama entre os teus dedos depois de um dia chuvoso e amanhecer com o sol tão forte que não podes fugir ao instinto de sorrir – um puro sorriso pela simplicidade daquela felicidade.

Posso dizer que sou uma sortuda, porque cresci assim, nesta simplicidade numa aldeia. Como me alegra saber que passei a minha infância a correr com o meu cão no mato, com quem, ao crescer comigo, estabeleci uma relação inexplicável. Era tão feliz a ir em direção ao som da água e a seguir o rastreio da sua linha tão imperfeita, porém tão perfeita (pela sua forma única). Mal sabia a sorte que tinha de poder cheirar as flores da minha mãe ao acordar, comer comida que vinha diretamente do campo e deitar-me ali, na relva molhada, enquanto completava as formas que o céu tem o poder de criar. Coisas tão simples, mas que todos no fundo buscamos. 

Espero que toda a gente possa sentir (e que tenha sentido) essa conexão com o que mais nos conecta, com a nossa casa partilhada. Minha Mãe Terra, como eu estou grata.

Artigo revisto por Ana Sofia Cunha

Fonte da foto de capa: Cedida por Patrícia Pinto

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