Opinião

Abraçar-nos

Das primeiras coisas que esperam de nós é que paremos de chorar, mas a realidade é que ninguém chora só porque sim – nem mesmo um bebé. É natural sentirmos emoções menos boas, e isso não tem de ser mau, não tem de ter uma conotação negativa, nem tem de ser evitado. 

Eu acredito que essas emoções têm de ser abraçadas.

Fonte: BlogSpot

Se tivermos um ataque de riso,  somos incentivados a continuar a rir e, se possível, a nunca parar. No entanto, se tivermos um ataque de choro,  somos encorajados a parar de chorar, quase como se, ao pararmos de chorar, parássemos de sentir o que estamos a sentir e o que nos faz chorar. 

A sociedade não está preparada para que as pessoas sintam emoções menos boas; não nos ensina a lidar com  sentimentos como tristeza, raiva ou frustração.  Enquanto sociedade, desejamos que as pessoas sejam felizes, muitas vezes de uma maneira irreal. 

Penso que aos poucos, com o tempo, a pandemia e as redes sociais, isto esteja a mudar. A saúde mental está a ser cada vez mais valorizada, e as pessoas cada vez mais a ser ouvidas.   Muitas vezes, estão a encontrar online outras pessoas que sentem o mesmo, ou que as ajudam a lidar com o que sentem.

Ainda assim, chorar continua a ser um ato que nos trava enquanto ser humano. 

A maior parte das vezes queremos desesperadamente que a pessoa pare de chorar, e eu não condeno. Ninguém quer ver alguém a chorar, porque chorar é quase símbolo de sofrimento e não queremos ver ninguém a sofrer. E, por ser um sentimento tão comum, é que acho que todos devíamos refletir sobre por que choramos, o que simboliza chorar e como nos sentimos depois.

Para mim, chorar é libertador, e não sinal de sofrimento.

É deitar cá para fora através de lágrimas o que ainda não estou preparada para dizer por palavras.

É a minha maneira de me abraçar e expressar aquilo que estou a sentir, mas que muitas vezes ainda não estou preparada para que o mundo saiba. 

Porque, para que o mundo possa saber e abraçar a minha tristeza, primeiro tenho eu que chorar e abraçar-me a mim mesma.

Fonte: Canção Nova

Fonte da Capa: Visão

Artigo revisto por Leonor Almeida

AUTORIA

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A Leonor tem 20 anos, está no segundo ano da licenciatura de Publicidade e Marketing, e se algum dia lhe dissessem que ia estar na ESCS Magazine a escrever artigos, provavelmente ela não acreditaria. Sempre gostou de escrever, mas de uma maneira mais livre e informal, agora está na jornada de "experimentar coisas novas" e decidiu atirar-se de cabeça para a editoria de opinião. Gosta de ouvir podcasts, músicas e de ter os seus cosy days em casa a ver séries ou a cozinhar, viu na ESCS Magazine a oportunidade de se expressar e mostrar a sua opinião.