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Conhecer alguém: nervosismo ou entusiasmo?

Penso que existe uma grande dualidade no que toca a conhecer pessoas. Numa ponta do espectro, temos quem ache que é super entusiasmante e está sempre disposto a fazê-lo.  Na outra ponta, temos aqueles que quanto mais poderem evitar colocar-se nesta posição melhor. 

Acredito que, para alguém extrovertido, conhecer pessoas novas seja algo muito entusiasmante e, até mesmo, natural: não têm de se esforçar muito, acontece só. No entanto, para alguém mais introvertido, conhecer pessoas é uma missão; não é natural, não acontece só. Na verdade, é um processo. 

Para mim, é um pouco dos dois. 

Normalmente, no início, tenho alguma resistência em interagir com pessoas novas: ganho bastante vergonha e só quero que aquela interação acabe, parece que fico sem saber falar, não sei nada sobre nenhum tema e ganho noção de todos os músculos do meu corpo ao mesmo tempo que o meu cérebro tem de, conscientemente, decidir o que cada um faz. É muito complexo, e, por isso, só quero fugir. 

Apesar disto tudo, há pessoas que, quando falo com elas pela primeira vez, dão-me conforto e continuo a ser eu, sem receio e sem que o meu cérebro trave. Estas pessoas são aquelas que provavelmente me vão ouvir mais do que gostariam.

Fonte: Quiet Revolution – Susan Cain

Então, a questão mantém-se: quando conheces alguém, sentes nervosismo ou entusiasmo? Eu sinto os dois. 

Acho fascinante cada ser humano que conheço. Gosto de perceber como cada um pensa, aquilo por que passaram, o que os tornou quem são, que música ouvem, que gelado comem e, principalmente, o que os move. 

Eu percebo o entusiasmo, porque o sinto. Quando conhecemos uma pessoa nova, conhecemo-nos a nós também. Em conversas surgem temas sobre os quais nunca tínhamos refletido, mostram-nos uma música que desconhecíamos até então ou provamos uma comida que pensávamos odiar. Vamos crescendo juntos.

No entanto, percebo perfeitamente o nervosismo, porque 90% das vezes é o que eu sinto. Conhecer alguém é mergulhar de olhos fechados. Não sabemos a que altura estamos, onde vamos parar e se vamos gostar da sensação. 

Fonte: Harvard Health

É complexo entregar e expor uma parte de nós a uma pessoa nova de quem não sabemos nada. Não sabemos se vamos gostar, não sabemos se vão haver interesses em comum e, por vezes, ficamos sem saber falar, o que não ajuda à situação. 

No entanto, acredito que vale sempre a pena conhecer uma pessoa nova. Apesar de, ao início, poder dar medo e desconforto, não sabes se, no futuro, essa não poderá vir a ser a pessoa que mais conforto e segurança te vai dar.

Fonte da capa: The Wall Street Magazine

Revisto por Natacha Moreira

AUTORIA

LINKEDIN | + artigos

A Leonor tem 20 anos, está no segundo ano da licenciatura de Publicidade e Marketing, e se algum dia lhe dissessem que ia estar na ESCS Magazine a escrever artigos, provavelmente ela não acreditaria. Sempre gostou de escrever, mas de uma maneira mais livre e informal, agora está na jornada de "experimentar coisas novas" e decidiu atirar-se de cabeça para a editoria de opinião. Gosta de ouvir podcasts, músicas e de ter os seus cosy days em casa a ver séries ou a cozinhar, viu na ESCS Magazine a oportunidade de se expressar e mostrar a sua opinião.