Adolescência – Uma geração em crise
A Netflix lançou recentemente a minissérie Adolescência, que tem captado a atenção dos espectadores pela sua abordagem intensa. Com apenas quatro episódios, a produção criada por Stephen Graham e Jack Thorne destaca-se por explorar, de forma envolvente, as complexidades da juventude nos dias de hoje. A história centra-se em Jamie Miller, um rapaz de 13 anos que está envolvido numa investigação relativa à morte de uma colega de escola.
A sua narrativa não se limita a explorar o crime em si, mas também questiona os fatores que moldam esses comportamentos extremos. A série aborda temas como a masculinidade tóxica, bullying e o impacto das redes sociais, destacando como discursos misóginos e conservadores podem influenciar negativamente os jovens. Com um olhar incisivo, explora como as crianças, muitas vezes vulneráveis, são influenciadas por esses ideais distorcidos, comportamentos tóxicos e uma pressão constante para corresponderem a padrões irrealistas. Os episódios revelam, com intensidade, como essas experiências podem moldar o desenvolvimento comportamental das novas gerações.
Assim sendo, esta série surpreende desde o primeiro episódio, onde a inocência do protagonista parece contrastar com a gravidade dos acontecimentos. Com 13 anos, Jamie surge inicialmente como uma criança vulnerável, protegida pela sua idade e aparente ingenuidade. Contudo, à medida que a narrativa avança, a série conduz-nos por um jogo de emoções, revelando camadas complexas da sua personalidade e das circunstâncias que o rodeiam. Este contraste que emerge ao longo dos episódios mantém-nos constantemente colados ao ecrã, questionando ideias pré-concebidas sobre a culpa, responsabilidade e maturidade.
Infelizmente, os temas abordados nesta história encontram eco em casos reais que chocam a sociedade, como em notícias mais recentes, que expõem a apatia e a desumanização que podem surgir na era digital. Influenciadores que propagam discursos machistas, assim, reforçam estereótipos prejudiciais e perpetuam uma cultura de controlo e opressão.
Adolescência não é apenas uma série, é um convite à reflexão. A produção desafia-nos a questionar o papel da família, da escola e da sociedade na formação dos jovens. Até que ponto estamos atentos aos sinais de alerta? Estamos a criar um ambiente que promove o respeito e a empatia ou estamos a perpetuar ciclos de violência e discriminação?
A mudança começa com a consciencialização. É essencial (re)educar os jovens e a sociedade sobre a igualdade, respeito e responsabilidade, enquanto se combate ativamente discursos e comportamentos prejudiciais.
Fonte da capa: X
Artigo revisto por Miguel Costa
AUTORIA
Marta Reis uma jovem de 18 anos está a embarcar na sua jornada universitária, no primeiro ano da licenciatura de Relações Públicas e Comunicação Empresarial. Desde cedo o “bichinho” da leitura despertou-lhe uma paixão que só tem vindo a aumentar ao longo dos anos, alimentando igualmente o seu amor pela escrita. Fascinada por filmes antigos, Marta gosta de se perder nos clássicos, especialmente nos romances. A esta nova jornada junta também o início de uma aventura na ESCS Magazine, onde pretende aprimorar a sua escrita, como também partilhar tudo aquilo que mais lhe apaixona.