Editorias, Opinião

Clubes políticos: qual o seu?

O campeonato das eleições já passou. Todos os analistas, comentadores e toda uma panóplia de especialistas dissecaram o tema de todos os ângulos possíveis. O resultado é sempre o mesmo. Alguém ganhou, perdeu ou não se sabe ao certo, mas não é sobre isso que pretendo debruçar. A mim, particularmente, fascina-me a aceitação geral das constantes analogias entre os partidos políticos e os clubes de futebol. O amor incondicional que se cria pelo partido é, no mínimo, perigoso quando se trata de gerir um país.

As eleições são perfeitas para vislumbrar a loucura em que a política se tornou. Os partidos viraram autênticas claques. Com as suas bandeiras e os seus hinos correspondentes, gritam efusivamente pelo seu clube. Perdão, partido. Grita-se pelo líder, pelo partido político e os discursos arrastam-se horas e horas provocando cãibras merecidas aos adeptos presentes naquele recinto.

Dar-me-ia muito prazer conseguir distanciar liminarmente este dois temas, mas tal não me é possível. O degredo da política centra-se mesmo aí, não se aparenta nada fácil separá-los. As evidências estão em todo o lado, basta olhar para os programas televisivos onde existem comentadores das várias áreas políticas, opinando sobre a “sua visão” (partido) dos acontecimentos decorrentes da nossa sociedade. Lembra-vos algo? Outro tema debatido até a exaustão na caixa mágica por diversos especialistas, cada um com a sua cor “política”?

Existe, no entanto, uma diferença fundamental: no futebol as claques cingem-se às bancadas, já na política estas serão os futuros governos do nosso país. O atual presidente do Sporting Clube de Portugal apenas demonstra a exceção que confirma a regra.

Gostaria de terminar este apontamento apresentando uma solução definitiva e racional que colocasse a gestão do estado no local onde merece. Não será o caso, até porque não tenho a mais pequena ideia sobre como seria possível alterar as próprias raízes culturais deste povo que adoro. Atrevo-me apenas a uma sugestão: e que tal transformarem a política atual num desporto e deixarem a gestão deste país longe desse circo? Os milhões de pessoas que dependem deste pequeno e pobre estado agradeciam efusivamente.

Um cidadão preocupado

(O João Garrido escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico)