Desporto

Correu bem. O que é que se segue?

Em cinco anos, Ruben Amorim transformou um Sporting estagnado e extremamente dividido num crónico candidato ao título e capaz de encantar a Europa. Sai a meio de uma época, que tinha tudo para ser histórica, rumo a Manchester e fica a pergunta no ar: precipitação ou ambição?

5 de março de 2020. Sensivelmente dois meses depois de se ter estreado como treinador principal na Primeira Liga, Ruben Amorim era apresentado como o quarto treinador da época de um Sporting ainda a recuperar do ataque a Alcochete, em 2018. A dificuldade do desafio que tinha em mãos refletia-se na qualidade do primeiro onze que escalou, contra o Desportivo das Aves, que figurava nomes como Tiago Ilori, Andraz Sporar ou Ristovski.

Em Braga era já rei, depois de vencer os três “grandes” cinco vezes em menos de um mês e conquistar uma taça da Liga, mas Alvalade chamou por Amorim. A ambição e o desafio de reconstruir um clube estagnado motivaram a saída precoce de um projeto promissor. Se o cenário parece familiar é porque, quatro anos depois, se volta a repetir, numa magnitude ainda maior.

Nem o arranque perfeito na Liga, e quase imaculado na Champions (empatou apenas com o PSV), se superiorizou ao interesse que demonstrou pelo Manchester United. Desde o início da carreira de treinador, no Casa Pia, que o antigo médio demonstra que não tem medo de dar um salto para fora da sua zona de conforto e arriscar. Fica a sensação de que nos leões podia atingir resultados históricos dentro e fora de portas, mas o desafio de recuperar um dos históricos do futebol europeu foi demasiado apetecível.

A sofrer uma crise de identidade profunda desde a saída de Sir Alex Ferguson, os red devils encontram-se na segunda metade da tabela na Premier League e fora dos lugares de apuramento direto na Liga Europa. Depois de uns primeiros jogos relativamente acessíveis, deslocações a Etihad e a Londres para defrontar o Arsenal e o Tottenham, até ao final de 2024, são os primeiros grandes testes de fogo. Curiosamente, ao serviço do Sporting, derrotou ou eliminou todos estes adversários, com destaque para a goleada 4-1 frente ao City, no último jogo da Era Amorim em casa.

Fonte: Daily Mail

Mais do que conquistar títulos, nesta primeira época, Ruben Amorim vai procurar recuperar a confiança de jogadores chave e perceber com quem pode e quer contar a longo prazo. O capitão do United, Bruno Fernandes, é uma das chaves para o sucesso do sistema idealizado pelo compatriota. A elevada qualidade do médio no passe de rotura e a finalizar tornam-no no candidato mais forte às tarefas realizadas por Pote em Alvalade.

Em sentido contrário, a grande dor de cabeça para Amorim pode estar nas alas onde Mazraoui e Diogo Dalot estão longe do perfil de Nuno Santos, Maxi Araújo ou Geovany Quenda. Laterais direitos de origem não têm a mesma capacidade de dar largura, atrair a pressão e lançar os avançados na profundidade.

No ataque, quem não tem Gyokeres, caça com Hojlund. O dinamarquês tem seis meses para demonstrar que não é preciso ir a Lisboa contratar um dos melhores jogadores desta temporada: soma 23 golos em 18 jogos disputados. Rúben Amorim já avisou que em janeiro não vai “pescar” em Alvalade. Em junho, vamos ver…

De geração em geração… encarnada?

No jogo da sucessão, João Pereira tem muito em comum com o amigo, ex-companheiro de equipa e antecessor no comando técnico do Sporting, Ruben Amorim. Ambos com passagens pela formação do Benfica e com campeonatos conquistados do outro lado da segunda circular, partilham sistema tático e uma personalidade forte que já demonstravam como jogadores. Agora cabe a João, na sua quarta passagem por Alvalade, manter o nível exibicional e pontual exímio apresentado pelos leões nos primeiros meses da época.

Fonte: Sic Notícias

Para quem entra numa equipa que ainda não perdeu pontos na Liga e que na Champions tem hipóteses realistas de se apurar no Top 8 da Champions League, a manutenção das dinâmicas já estabelecidas é essencial, pelo menos numa fase inicial. A grande responsabilidade do antigo jogador leonino será conseguir fazer os ajustes adequados a cada adversário e a cada partida, quer nas substituições, quer taticamente.

Neste último plano, João Pereira é apologista de um 3x4x3 em que um dos extremos desce para fazer um losango no meio-campo, optando ainda por vezes por um 3x5x2 com um avançado móvel e um de referência. As comparações a Ruben Amorim vão ser inevitáveis, mas cabe ao antigo treinador da equipa B demonstrar que, tanto a nível comunicacional, como a nível tático, a diferença não se traduz em menos qualidade.

Três partidas seguidas em Alvalade para iniciar a nova era trazem alguma folga ao novo técnico que, ainda assim, logo no segundo jogo tem a missão de defrontar um Arsenal ferido, mas sempre perigoso.

Em Manchester, procura-se voltar ao caminho da glória, em Alvalade quer-se continuar a ser mágico. Responsáveis por estes dois sonhos estão dois amigos, praticamente da mesma idade que respiram futebol desde Corroios e a Meia Laranja. A partir do final de novembro, a responsabilidade é deles para que o teatro dos sonhos tenha duas localizações no final da temporada.

Fonte da Capa: Leonino

Artigo revisto por Beatriz Morgado

AUTORIA

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Desde miúdo que tinha duas paixões, a escrita e o desporto. Ao crescer percebi que combinar as duas áreas e tornar-me jornalista desportivo era o meu objetivo de vida. Gosto de dizer que fui criado por Pablo Aimar, Lionel Messi e Matías Fernández, dada a quantidade de horas que passei a vê–los distribuir classe e sonho pelos relvados. Tenho uma lista com duas páginas de estádios míticos que quero visitar e sim, a Bombonera está em primeiro lugar.