Literatura

Desenhadores de palavras: Stieg Larsson

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Os Homens que Odeiam as Mulheres, A Rapariga que Sonhava Com Uma Lata de Gasolina e Um Fósforo e A Rainha no Palácio das Correntes de Ar. Estes títulos não são desconhecidos de ninguém, quanto mais não seja pelo seu carácter chocante. Karl Stig-Erland Larsson, mais conhecido por Stieg Larsson, nasceu a 15 de Agosto de 1954 em Skelleftehamn, a cerca de 644km de Estocolmo, e é o autor da trilogia Millenium, publicada nos anos 90 mas conhecida e adorada ainda nos nossos dias.

O autor foi criado com os avós até aos nove anos de idade. Quando o avô, activista da Segunda Guerra Mundial que esteve preso por se opor ao Nazismo, morreu, Stieg passou a morar com o pai e com o irmão mais novo.

Tendo como referências a escritora inglesa Enid Blyton e Astrid Lindgren, escritora sueca, Larsson conseguiu escrever o seu primeiro romance com 12 anos. Assim, quando completou os 13 anos, o pai ofereceu-lhe uma máquina de escrever, onde Stieg passava o tempo a escrever, juntando-se à família apenas para as refeições.

Na altura da Guerra do Vietname, Stieg Larsson passou a focar-se na política e jornalismo – na realidade, também os seus pais estavam envolvidos na política, sendo o pai comunista e a mãe social-democrata. O pai afirma que já nessa altura o filho se inclinava para a Esquerda, costumando marchar pela cidade com outros jovens gritando “Fora do Vietname”. Num dos protestos, em 1972, Stieg conheceu Eva Gabrielsson, também activista, mulher com quem Stieg ficou até ao fim dos seus dias.

Com 25 anos, Stieg juntou-se ao Exército sueco para completar o serviço militar obrigatório. Quando terminou, foi para o Este de África para ajudar a treinar mulheres Marxistas para usarem lança-granadas na Eritreia. Terminado este período, voltou para a Suécia e estabeleceu-se com Eva em Estocolmo.

Nos primeiros anos da década de 80, Stieg tornou-se correspondente da revista inglesa Searchlight, dedicada ao anti-fascismo e anti-racismo. Foi também editor da Fjarde Internationalen. Em 1995, ajudou a fundar a Expo Foundation, organização que combatia as forças de Direita na Suécia. A revista Expo, de que Stieg era editor, serviu de modelo à revista Millenium nos seus livros.

A 9 de Novembro de 2004, com 50 anos, Stieg Larsson morreu repentinamente. Muitos pensaram ter sido obra dos seus inimigos políticos, mas a história oficial é que o escritor morreu com um ataque cardíaco depois de ter subido vários andares a pé para chegar ao escritório, por o elevador estar avariado. Um dos seus editores, Christian Maclehose, afirma que Larsson fumava 60 cigarros por dia e trabalhava demasiado.

Eva conta que tinham grandes planos: iam utilizar o dinheiro dos livros para pagar as dívidas, comprar uma casa de Verão e ainda doar dinheiro para instituições de caridade. Afirma também que pressentia que algo estava mal, pois uma época tão boa e favorável teria de ser seguida de alguma tragédia. Eva tem ainda o portátil de Larsson, com um esboço do quarto livro, que se recusa a dar ao pai e ao irmão do escritor – como não eram casados, Eva não é herdeira de Stieg. Gabrielsson afirma que Stieg mal se dava com a família, e não quereria que publicassem trabalho não terminado.

Stieg planeava que esta sequência de livros fosse bem mais extensa, mas, mesmo assim, as vendas dos três livros ultrapassaram os 40 milhões de dólares.

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