Editorias, Opinião

Eutanásia – A “Morte” Consciente

Tal como devem saber, a eutanásia é a teoria/prática que defende que um doente incurável possa pôr fim à sua vida (de forma ativa e consciente, ou de forma passiva, em que o médico o pode fazer caso não tenha meios para fazer o seu paciente sobreviver).

É um tema bastante controverso com o qual a nossa sociedade tem de se debater no dia-a-dia, isto porque a vida é um bem sagrado que todos nós temos e poderá ser moralmente incorreto acabar com ela. Sendo que temos duas perspetivas bastante similares: a ética médica que considera que a eutanásia de forma passiva é homicídio por parte do médico (que assistiu e permitiu a morte do seu paciente) e a ética religiosa que considera que a eutanásia de forma ativa é usurpação do direito à vida humana (não podemos acabar com a nossa própria vida visto que é um bem sagrado tal como já tinha referenciado).

Eu considero que deveria haver eutanásia dependendo das situações e da opinião do próprio paciente: nós não temos qualquer legitimidade para manter uma pessoa a sofrer, de forma crónica, dores que apenas ela sente. É verdade que há situações em que os conhecimentos medicinais existentes podem ajudar mas há outras situações que pouco ou não nada ajuda. Temos de ser suficientemente profissionais e civilizados para pôr em prática ou não um assunto como este.

Mas vou-vos colocar diante uma situação e depois irei fazer algumas perguntas retóricas para perceberem todos estes pontos de vista e perspetivas: “Uma pessoa de 75 anos está internada no hospital e desde os 50 anos sofre de uma doença crónica, que ao longo destes 25 anos tem vindo a piorar, provocando dores físicas insuportáveis, falta de memória, vómitos, tonturas, enxaquecas crónicas e bipolaridade extrema”; é errado esta pessoa pôr fim à sua vida? Está, esta pessoa, a destruir toda a sua condição humana através de uma simples morte consciente? Porque é que uma pessoa que sofre dores insuportáveis não pode pôr fim à sua vida? Não poderão haver situações “especiais” e excecionais em que a pessoa poderá acabar com a sua vida?

Em todo o tipo de situações e em todo o tipo de problemas bioéticos deveriam haver exceções, porque na sociedade de hoje em dia (com uma população extensa) é normal alguém necessitar de pôr em prática, por exemplo, a eutanásia. Os governos e os países preocupam-se demasiado com a economia do seu bolso e com a corrupta política que põem em prática, mas se fossem os seus familiares próximos a passar por uma situação destas é óbvio que iriam abrir uma exceção (pois claro que irão fazer isso, só o fazem quando lhes convém e é por isso que a nossa sociedade tem mais problemas sociais do que já teve).

O Pedro Almeida escreve com o Novo Acordo Ortográfico.

AUTORIA

+ artigos