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Fate: A Saga das Winx vale a pena?

Nota: Este artigo contém spoilers!

E chegou finalmente à Netflix Fate: A Saga Winx”.

Produzida pela Archery Pictures Production em parceria com Rainbow, “Fate: A Saga Winx” conta com Iginio Straffi, como produtor executivo ao lado de Judy Counihan, com Kris Thykier e com Brian Young, um dos escritores da série The Vampire Diaries. Baseada no famoso e popular desenho animado Clube das Winx (exibido em Portugal no ano 2004), “Fate” é uma série live-action que estreou no dia 21 de janeiro de 2021, abrindo portas aos fãs das fadas de Alfea. As polémicas e o anseio do lançamento desta nova produção surgiram rapidamente entre os fãs, após o lançamento do trailer em dezembro de 2020. Mas afinal onde está a Flora? Quem é esta personagem chamada Terra? Onde estão as Trix? O que aconteceu ao mundo colorido e às roupas estonteantes e brilhantes? Será que vale a pena assistir?

Antes de vos apresentar todas as diferenças inesperadas e todas as polémicas que giraram em torno desta nova adaptação, vou explicar-vos a história que envolve este universo mágico. A trama gira em torno de cinco fadas: Stella (Hannah van der Westhuysen), a fada da Luz e princesa de Solaria, uma adolescente vaidosa e problemática; Aisha (Precious Mustapha), a fada da água que está sempre disposta a ajudar Bloom (Abigail Cowen); Musa (Elisha Applebaum), uma fada da mente que usa constantemente fones para afastar os sentimentos das pessoas ao seu redor; Terra (Eliot Salt), a fada da natureza, uma rapariga doce que apresenta grande talento e grandes capacidades; e, por último, Bloom, a fada do fogo que é a protagonista, para onde o foco da narrativa é mais direcionado. Alfea localiza-se no Outro Mundo e tem como objetivo formar as fadas e instruí-las na arte da magia que já existe há milhares de anos. A premissa é muito simples. Bloom acaba de entrar no colégio e precisa de aprender a controlar os seus poderes de fada do fogo, após um incêndio na sua casa que quase matou os seus pais. Ao contrário de outras fadas, Bloom foi escondida e criada no mundo “humano” e terá de aprender a dominar o seu poder e as suas emoções enquanto tenta descobrir o seu passado.

Mergulhadas em rivalidades, emoções, romances e inimigos, as cinco fadas adolescentes terão de lidar com os monstros que irão ameaçar as suas existências e Alfea: os Queimados.

Da esquerda para a direita, as Winx de 2021: Musa (Elisha Applebaum), Stella (Hannah van der Westhuysen), Bloom (Abigail Cowen), Aisha (Precious Mustapha) e Terra (Eliot Salt).
Fonte: Netflix

É totalmente normal que após a leitura desta sinopse os fãs do Clube das Winx se sintam desiludidos. De facto, as personagens favoritas dos amantes das fadas estão de volta a Alfea, mas as coisas estão definitivamente diferentes. Flora não é incluída no grupo de amigas, sendo substituída pela sua prima, Terra. A mudança foi difícil de “engolir”, principalmente pelo facto de Flora ser latina no desenho, já que a personagem foi inspirada por Jennifer Lopez, e Terra é apresentada com uma americana normal.

Fonte: Netflix

A nossa Tecna, a fada com poderes sobre a tecnologia, também não tem lugar na narrativa.

As vilãs também sofreram alterações pelos produtores, substituindo as Trix por Beatrix (Sadie Soverall). A meu ver, uma espécie de “3 em 1” que acabou por resultar muito bem. Beatrix é habilidosa e mexe muito com a ação da trama.

Beatrix (Sadie Soverall) substitui as famosas Bruxas do Clube das Winx, as Trix. Fonte: Netflix

Em termos amorosos, existiu alguma deceção por parte dos fãs pelo facto de não terem visto Musa com o ‘badboy’ Riven (Freddie Thorp) – um dos casais mais amados e famosos no desenho animado. Os produtores também acabaram por pecar num triângulo amoroso entre Stella, Bloom e Sky que acabou por ser muito forçado, perspetivando uma imagem de vilã a Stella e tornando a relação de Bloom e Sky (Danny Griffin) num verdadeiro clichê e pouco romântica.

Musa apaixona-se por Sam (Jacob Dudman), irmão de Terra, não havendo espaço para um futuro com Riven. Créditos: Jonathan Hession
O trio Bloom, Sky e Stella. Créditos: Jonathan Hession

Uma mudança excelente foi o facto de os produtores apresentarem uma maior igualdade de género entre as personagens. No desenho animado, as mulheres eram apenas as fadas e os especialistas eram sempre os homens. Em “Fate” existem fadas homens e especialistas mulheres.

Após estas mudanças todas, será que vale a pena assistir?

Brian Young e os outros produtores decidiram dar um cariz mais sombrio e maduro à série ao retirar os guarda-roupas brilhantes característicos do desenho animado e os cenários perfeitos e idealizados de Alfea. “Eu sou um grande fã de anime, mas ninguém se parece com isso”, acabou por dizer Bryan Young numa entrevista ao The Guardian. E, sinceramente, ainda bem que o fez. A construção de uma identidade própria, dando um ar mais adulto, mais sombrio e menos colorido a “Fate: A saga Winx“, era necessária. Os cenários opacos, as cores frias e o clima de mistério envolvente acabam por nos agarrar mais ao ecrã.

Outro aspeto importante é o facto de a primeira temporada da série ser muito curta, contando com apenas seis episódios, o que prejudica o desenrolar da narrativa e a exploração mais profunda das personagens. Os seis episódios são muito bons para nos apresentar as personagens principais, a problemática inicial que envolve uma guerra no passado e ainda muitos outros mistérios.

Além disso, existem muitas referências à Saga Harry Potter e fica impossível não fazer um sorrisinho!

Não fez jus ao legado original, mas “Fate: A saga Winx” está cheia de pontos positivos e é claramente digna de se maratonar.  Pode não agradar tanto a alguns fãs da animação, mas é uma série que vai agradar aos mais apaixonados por fantasia. E não fiques triste quando acabares, porque a Netflix acabou de anunciar a renovação da segunda temporada!

Artigo revisto por Miguel Bravo Morais

Fonte da foto de capa: Wikipédia

AUTORIA

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Com 19 anos de vida, Ana alia a sua paixão por animais, fotografia e música ao mundo da comunicação. Sempre gostou de contar histórias, de escrever, de ler e ainda arranjava espaço para falar pelos cotovelos. Criativa, determinada e sempre disposta a ajudar o outro, a Ana vê no jornalismo o privilégio de poder conectar o mundo e as pessoas.