Música

Grammys de 2023 com grandes destaques, ausências e (des)credibilidade

A 65.ª edição dos Grammy Awards está a bater à porta. No dia 6 de fevereiro, vamos ficar a conhecer os vencedores do galardão mais importante da indústria da música. Os nomeados foram anunciados no passado dia 15 de novembro, com alguns artistas a liderarem a tabela das nomeações e, como já é comum na história da premiação, alguns trabalhos a serem ignorados pela Academia. Na terceira década do século XXI, a premiação, que teve a sua primeira cerimónia realizada em 1959, tem sido constantemente alvo de críticas quanto à sua credibilidade. Será que os Grammy Awards continuam a ter a relevância que conquistaram ao longo das décadas?

Highlights dos quatro grandes prémios

Com as nomeações anunciadas, há quatro nomes que figuram no topo da lista das indicações, sendo assim os favoritos à vitória nesta edição: Beyoncé (nove vezes), Kendrick Lamar (oito vezes), Adele e Brandi Carlile (sete vezes cada). Não é surpresa para ninguém que Beyoncé e Adele apareçam como duas das mais nomeadas da noite, já que o álbum Renaissance e o single Easy On Me foram sucessos incontestáveis. Além disso, o álbum de Kendrick Lamar Mr. Morale & the Big Steppers revelou um impacto cultural imenso aquando do seu lançamento, em maio.

Fonte: Variety

Nas categorias principais de Álbum do Ano, Música do Ano e Gravação do Ano é de destacar as nomeações de Beyoncé em todas essas categorias (com Renaissance e Break My Soul, respetivamente) e a indicação do álbum Voyage, dos ABBA, estes que, com cinco décadas de carreira, mostram a sua força após quarenta anos sem lançarem um álbum de inéditas. Também nesta lista aparece o álbum Music of the Spheres, dos Coldplay, que, como conta com uma participação dos BTS na faixa My Universe, faz história ao ser a primeira nomeação de um artista sul-coreano a uma das quatro categorias principais. Quanto à categoria de Artista Revelação, é de realçar a nomeação de Anitta, que finalmente conseguiu ser reconhecida pela Academia, e do grupo Måneskin, vencedor do Festival Eurovisão da Canção de 2021 que tem conquistado o mundo desde então.

As ausências mais sentidas

Já é tradição os internautas criticarem todos os anos as nomeações anunciadas e darem voz às suas opiniões sobre que artistas e trabalhos foram ignorados pela Academia. As nomeações às categorias principais foram motivo de discussão na internet, uma vez que se notaram as ausências de trabalhos incontornáveis no cenário musical global.

Rosalía superou as expectativas (que já eram altas) para o sucessor do El Mal Querer com o seu novo álbum, Motomami. Sendo um sucesso à escala global, era esperado que tivesse sido considerado como um dos candidatos a Álbum do Ano. No entanto, o álbum de Rosalía ficou-se apenas por uma nomeação na categoria de Melhor Álbum de Rock Latino ou Alternativo.

Fonte: Observador

Quatro anos após o seu último álbum, Nicki Minaj voltou às luzes da ribalta com o lançamento da música Super Freaky Girl. Alcançando o primeiro lugar da Billboard Hot 100 logo na sua semana de estreia, era expectável que a música da rapper recebesse alguma nomeação, por exemplo de Gravação do Ano ou nalguma das categorias de rap. No entanto, o single não figurou em nenhuma das categorias, fazendo com que Nicki Minaj não tenha conseguido uma única nomeação para a edição de 2023.

Bad Bunny também foi um dos artistas que não teve o destaque que seria de esperar. Apesar de ter recebido três nomeações, inclusive a Álbum do Ano com Un verano sin ti, um dos maiores êxitos presentes nesse mesmo álbum, não figurou na lista de indicados. Tití Me Preguntó é um dos maiores sucessos do ano, tocado ao redor do globo e tendo inclusive alcançado a 5.ª posição na Billboard Hot 100. Apesar disso, a Academia não o considerou para nenhuma categoria.

Relevância da premiação nos últimos anos

Apesar de continuar a ser a noite mais esperada da indústria musical, os Grammys têm experienciado uma queda relativamente grande de audiências nos últimos anos. Em 2022, a cerimónia foi acompanhada por cerca de 9 milhões de espectadores e, apesar de ter sido um valor mais elevado que o da cerimónia de 2021, foi um dos valores mais baixos de sempre. As pessoas parecem não dar tanta importância à premiação como há dez anos, quando, em 2012, a cerimónia atingiu o seu valor de audiência mais alto desde 1984. As constantes acusações de favoritismo, machismo e racismo certamente tiveram um grande impacto nesta queda de audiências e de reputação. Esta reação não partiu apenas do público, tendo também partido de alguns artistas, como foi o caso de The Weeknd, que, em 2020, acusou a premiação de ser corrupta após o seu álbum de grande sucesso After Hours não ter sido nomeado a nenhuma categoria.

Fonte: USA Today

Com artistas e espectadores a criticar a ética da Academia, os Grammys certamente sofreram um golpe na sua relevância e reputação, mas é seguro dizer que, em fevereiro, milhões de pessoas estarão a acompanhar a cerimónia.

Fonte da capa: Billboard

Artigo revisto por Beatriz Santos

AUTORIA

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A escrita e a música sempre estiveram presentes na vida de Bruno. Assim sendo, sempre foi hábito associar as duas paixões e conjugá-las numa só, e a ESCS Magazine foi o propósito perfeito para o fazer. Entrou como redator de Música em 2022, e após um ano, aceitou o desafio de ser o editor no mesmo ramo.