Opinião

Janelas “Assassinas”

Atualmente têm chegado notícias, principalmente, de Portugal, de crianças a morrerem ao caírem de diferentes andares dos prédios. Eu, por exemplo, assisti a uma tragédia há uns anos atrás, quando uma criança se mascarou de homem-aranha e quis experimentar “voar” pela janela – é óbvio que estava sozinho em casa (o pai tinha ido a uma padaria e deixou-o sozinho) e o final nem é preciso revelar.

Infelizmente não só aconteceu apenas neste dia; por exemplo, em Lisboa, mais propriamente no dia 19 de fevereiro de 2016, uma criança atirou-se do 21º. de um prédio localizado no Parque das Nações (estava sozinha em casa, o que é quase uma moda em Portugal) – ou seja, começa a ser absurda a falta de consciência por parte das pessoas e um homicídio por “desleixo” poderia ser evitado. Já houve empresas e associações a tentarem dar a volta a esta situação, implementado uma maior segurança nas janelas e nos próprios edifícios através de produtos inovadores.

Contudo, penso que o principal problema prende-se com o facto de os pais destas crianças não estarem atentos o suficiente para evitar este tipo de problemas. Não digo que tenham de ser super protetores mas minimamente inteligentes para saberem que as crianças são os seres mais curiosos à face da terra e não podemos subestimar este seu poder de imaginar o imaginável e confrontarem a impossibilidade, roçando a ingenuidade, de não saberem os riscos ou consequências que daí advém.
Não pretendo criticar as pessoas, sei que às vezes não é fácil ter um perfeito papel de pai e mãe, sei que às vezes o cansaço impossibilita de nos transformarmos em super-pais. Contudo, há pais que já salvaram os filhos de situações incríveis apenas porque tiveram um olhar atento e, consequentemente, uma ação rápida para evitarem o pior.

Se eles conseguiram e, com certeza, também trabalham, é certo que muitos mais o conseguirão fazer se tiverem certas precauções. Tal como já referi várias vezes noutros artigos, nós vivemos numa sociedade do “deixa andar” e só sabemos pensar nas coisas e solucioná-las quando acontece algo trágico.

Qual é a razão para nos seguirmos pelo “novo provérbio” “remedeia antes de prevenires” e não pelo “mais vale prevenir do que remediar”? A verdade é que a janela pode ser um chamariz para as crianças e nós não percebemos isso; talvez um dia possamos vir a ter a prevenção necessária, quem sabe.

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O Pedro Almeida escreve ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico.

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