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José Sócrates deu a primeira entrevista e falou de interesses políticos na sua detenção

Foi ontem que o ex-primeiro-ministro, José Sócrates, deu a primeira entrevista, depois de estar um ano em prisão preventiva, na cadeia de Évora. Deixou acusações ao Ministério Público e críticas ao Partido Socialista.

José Sócrates decidiu dar a primeira entrevista à estação da TVI, que foi conduzida por José Alberto Carvalho, no final do jornal das oito. O ex-primeiro-ministro acusou o Ministério Público, na figura de Joana Marques Vidal, procuradora-geral da República, de ser o principal responsável pela operação Marquês, onde é arguido.

“Ela [a PGR] é que tem de dar uma explicação sobre o que está a acontecer. O MP devia pensar bem no que está a fazer e olhar para as regras do direito penal. Aquilo que deve fazer é calar-se”, aconselhou. “Depois de me deterem, o normal era passados três, seis ou mesmo nove meses apresentarem provas e acusarem”, afirmando que “um ano depois [da detenção] não há provas, nem factos, nem vai haver porque não podem provar o que não aconteceu” e que “as acusações são falsas, injustas e absurdas”.

Sócrates saiu em Liberdade a 16 de outubro deste ano e fez questão de reivindicar a sua inocência nesta entrevista, reduzindo todo o processo a uma “campanha de brutal difamação” e de “denegrimento pessoal”. Sócrates foi mais longe a acusou a justiça de fazer uma “operação de terror” à sua família e amigos.

Sem mostrar arrependimento, já que se declarou inocente, Sócrates acusou o Ministério Público de o deter “sem haver qualquer indício de corrupção” e aproveitou para desmontar as eventuais imputações de crimes ligados com as Parcerias Públicas Privadas e a Parque Escolar e o envolvimento do Grupo Lena, onde o seu nome foi mencionado.

Sócrates ainda declarou que este caso serviu apenas para prejudicar o PS nas eleições legislativas. O partido Socialista que também teve espaço para críticas do ex-líder socialista. Sócrates criticou o PS de não apoiar a sua causa e defender o seu nome.

O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público já reagiu às acusações do ex-primeiro-ministro, afirmando que as declarações de Sócrates são uma “narrativa sem qualquer suporte de realidade”. E justificou: “o Ministério Público (MP) não é nenhuma associação criminosa que se dedica a aterrorizar as famílias dos arguidos. O MP tem como objetivo o exercício da ação penal daqueles que cometeram crimes”.

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