Literatura

LIVROS TRADUZIDOS: HOT OR NOT?

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Se outrora era apologista de ler sempre na minha língua – se falo, escrevo e penso em português, por que haveria eu de ler noutra língua qualquer? –, hoje em dia a minha opinião já não é tão “preto no branco”, mas sim um pouco mais colorida.

Ora vejamos: tal como eu penso e escrevo na minha língua materna, também o autor de dada obra – por exemplo, Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Marquéz – pensou e escreveu a obra na sua língua, e, como todos sabemos, as traduções nem sempre são literais. Existem provérbios, expressões e palavras que pertencem a uma determinada língua (tal como saudade nos pertence), e ao tentar traduzi-las não estaremos nós a tirar-lhes a sua essência?

Na minha opinião, tirarem-me a minha saudade para a simplificarem num “te extraño” ou num “I miss you” (que, sejamos honestos, têm menos carga sentimental) é também tirar o sentimento que na minha saudade coloquei quando a escrevi. Por isso, (e como a maior parte da literatura que consumo é inglesa ou americana) desde há uns tempos que deixei de ler obras traduzidas e, sempre que posso, opto por comprar a obra na sua língua original. É muito mais interessante lermos a obra como quem a escreveu, quem a pensou e não com traduções e “censuras” (tomando como exemplo as famosas Cinquenta Sombras de Grey, que na versão portuguesa estão muito menos “sombreadas” que na original).

Fonte:  http://revistapolen.com/traducoes-perdidas-18-livros-que-merecem-ser-reeditadas-no-brasil/

No entanto, como referi acima, nem tudo é “preto no branco” e o mundo não tem só a cor em que o pinto, e nós – apesar de podermos – não somos obrigados a dominar todas as línguas do mundo. É evidente que, tal como eu domino bem o inglês, existem pessoas que preferem o francês ou o espanhol (ou, quiçá, mandarim), e que é impossível para mim ler um livro em francês. Nesse caso, apesar de defender a leitura das obras originais, também eu leio a versão traduzida.

As opiniões sobre este assunto divergem e se uns partilham da minha, outros certamente discordaram fervorosamente. Daí o eterno dilema: serão as traduções boas ou más? Será um poema de Pessoa traduzido para inglês tão emocionante como o seu original na nossa língua?

E vocês? Acham que ler um livro traduzido é hotor not?
Artigo revisto por: Joana Silvério