Presidente ucraniano assina pedido de adesão oficial à União Europeia
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assinou esta segunda-feira o pedido de adesão formal para a entrada do país na União Europeia.
Apesar de ser considerado um momento histórico para o parlamento ucraniano (Verkhovna Rada) e do pedido de Kiev para que a Ucrânia seja rapidamente integrada na UE, o processo é longo e pode demorar anos a ser concluído.
“Isso é uma coisa que não está na ordem do dia, acredite. Temos de trabalhar em coisas mais práticas. Em qualquer caso, a adesão é algo que levará muitos anos, e o que temos que dar à Ucrânia é uma resposta para as próximas horas. Não para os próximos anos, mas para as próximas horas”, declarou o Alto Representante para a Política Externa e de Segurança da UE, Josep Borrell.
Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou no passado domingo, numa entrevista à Euronews, que “temos muitos tópicos em que estamos a trabalhar em estreita colaboração e, com o tempo, queremos que eles estejam dentro [da UE]”.
Esta segunda-feira, horas antes da assinatura do pedido formal, Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, já havia recorrido às redes sociais para informar que voltou a pedir “luz verde” à União Europeia para integrar rapidamente o bloco comunitário, através de um recurso a um procedimento especial.
“Pedimos à União Europeia a adesão imediata da Ucrânia [ao bloco comunitário], através de um novo procedimento especial”, realçou Volodymyr Zelensky.
Em entrevista exclusiva à Euronews, a presidente da Comissão Europeia disse que, “no devido momento”, a Ucrâniadeve juntar-se ao bloco.
“Temos um processo [conjunto] com a Ucrânia que passa, por exemplo, por integrar o mercado ucraniano no Mercado Único europeu. Temos uma cooperação muito estreita. Eles fazem parte da nossa família. São um de nós e nós queremos que eles entrem”, referiu Ursula von der Leyen.
No entanto, esta segunda-feira, o porta-voz principal da Comissão Europeia, Eric Mamer, relembrou que o assunto tem de ser discutido pelo Conselho Europeu, o que resulta na previsão de debates intensos.
“Ouvimos a mensagem do presidente Volodymyr Zelensky a apelar a um processo de adesão acelerado e rápido, mas permitam-me que recorde que a Comissão Europeia funciona com base num mandato que recebe para negociar. Não somos nós mesmos a definir esse mandato”, sublinhou Eric Mamer.
Segundo a agência Lusa, o presidente do Conselho Europeu, Charles Miguel, afirmou ter sido informado antecipadamente da intenção da Ucrânia de enviar um pedido formal de adesão e especificou o procedimento a seguir.
“A adesão é uma exigência de longa data expressa pela Ucrânia. Mas existem opiniões e sensibilidades diferentes na UE sobre o alargamento. A Ucrânia transmitirá um pedido oficial, a Comissão Europeia terá de expressar um parecer oficial e o Conselho decidirá”, afirmou, segunda-feira, o presidente do Conselho Europeu.
Charles Miguel declarou também que a adesão da Ucrânia exige a unanimidade entre os 27 Estados-membros da União Europeia. Acrescentou ainda que, neste momento, existem “opiniões e sensibilidades diferentes”.
O pedido de integração da Ucrânia na UE exige negociações complexas sobre diversas questões e critérios difíceis de cumprir nas condições conflituosas atuais em que se encontra o país. Além de ser necessária a aprovação da unanimidade (acima referida) entre os 27 países membros, é igualmente necessária a estabilidade política e uma economia de mercado funcional.
Antes da reunião de emergência da semana passada do Conselho Europeu, os primeiros-ministros da Eslovénia e da Polónia, Janez Jansa e Mateusz Morawiecki, respetivamente, avançaram uma carta aberta. Apelam a que os seus parceiros concretizem a “perspectiva europeia” para a Ucrânia, através da definição de uma data específica para a sua inclusão no bloco: 2030. Esse apelo ganhou tração, com os líderes dos países do Báltico a manifestarem o seu apoio à integração da Ucrânia no processo de alargamento que está a decorrer.
Segundo o jornal Público, esta terça-feira, oito Estados-Membros reafirmaram a disponibilidade para integrar a Ucrânia no processo de alargamento em curso, não tendo, no entanto, estabelecido um prazo para o efeito. Realizou-se ainda uma reunião em Bruxelas, na qual o presidente ucraniano se dirigiu ao Parlamento Europeu com o fim de discutir a ajuda económica à Ucrânia, pedindo também à União Europeia que demonstre estar com o seu país.
“Sem vocês, a Ucrânia ficará sozinha. Provámos a nossa força, provámos que somos como vocês. Por isso, provem que estão connosco. Provem que são, de facto, europeus; e a vida vencerá a morte e a luz vencerá as trevas”, pediu Volodymyr Zelensky, que se pronunciou por videoconferência, numa sessão plenária extraordinária do Parlamento Europeu.
A presidente do Parlamento, Roberta Metsola, garantiu que a Europa está do lado da Ucrânia:“Estamos todos juntos e estaremos juntos no futuro, porque estamos com a Ucrânia”. Foi aplaudida de pé após o discurso, numa altura em que Kiev já formalizou o pedido de adesão à União Europeia.
O presidente ucraniano mostrou-se “muito feliz” com o que ouviu, “por sentir a união de todos os países da UE”, mas “não sabia que era este o preço a pagar” por defender a liberdade. Acrescentou que é um preço “muito elevado” e realçou que “centenas de pessoas morreram”, lembrando os eurodeputados de que “para alguns ucranianos este dia é o último”.
Zelensky relembrou a Europa de que a Ucrânia já foi alvo de “cinco dias de invasão em larga escala”. “Lidamos com a realidade, [com] a morte de pessoas. Estamos a entregar vidas por direitos; para sermos livres. Os ucranianos são incríveis e vamos vencer”, referiu.
Alegou que “Somos ucranianos. Ninguém nos vencerá. Queremos estar vivos para ver os nossos filhos”, enquanto recordou que Vladimir Putin, presidente da Rússia, afirma estar a realizar “operações militares”.A Ucrânia não se encontra sozinha na luta pela adesão à União Europeia. Ao país juntam-se Albânia, República da Macedónia do Norte, Montenegro, Sérvia, Kosovo, Moldávia e Bósnia-Herzegovina, países que também aguardam pelo processo para estarem “de igual para igual” com outros líderes do bloco comunitário.
Foto da capa: The Times of Israel
Artigo revisto por Andreia Custódio
AUTORIA
Lisboeta de nascença e de coração, a Cláudia é uma aspirante a jornalista e uma entusiasta do mundo da arte e da cultura. Desde cedo que a área de informação e de entretenimento a fascinam, vendo no jornalismo a conjugação de duas virtudes: informar os outros e dar voz a quem não é ouvido. É,por isso, uma eterna sonhadora pronta a explorar o mundo que a rodeia e a lutar pelos ideais em que acredita.