Opinião

Pseudónimo- A arte do segredo 

Fernando Pessoa, um grande escritor português, tinha como hábito utilizar esta “arte”, para dar uma perspetiva diferente aos seus livros. Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis: são todos “escritores” e “poetas” criados por este grande autor. Estes diferentes heterónimos representam também o diferente estado de espírito do poeta nos poemas que foram escritos. A mentalidade diferente, as palavras, a coesão, o ritmo e a harmonia textual. 

Este “segredo”, diria eu, ajuda os escritores a entrarem na sua personagem. Os escritores, por vezes, são como atores, pois interpretam diferentes papéis. Mesmo que não estejam dentro da história, fazem parte dela de outras maneiras. Tal como os atores, estes desempenham uma personagem que não eles próprios, por isso também os escritores o fazem, ao eleger um pseudónimo para tomar o seu lugar. É uma ação, na minha opinião, de humildade, pois, em vez de haver uma preocupação pelo reconhecimento de quem contou a história, ou quem será o autor por detrás deste bestseller, existe uma maior preocupação com o livro e a história que este conta. Um certo carinho e estima, por não haver fama, mas sim um mistério, um propósito e um desejo de ter algo maravilhoso, bonito ou intrigante para contar aos leitores.

Fonte: Freepik

O grande e recente bestseller A criada, e todos os seus livros que se seguiram, foi também escrito por um pseudónimo: Freida Mcfadden, que representa a sigla de Fellowship and Residency Electronic Interactive Database, um programa que ajuda alunos e pós-graduados de medicina a encontrarem um estágio ou hospital para poderem trabalhar. Como vemos, muitas vezes, existe uma causa maior do que fama, e damos vida a um nome de algo que gostamos em vez de ser uma homenagem a nós próprios. 

No entanto, é notório revelar que todos os livros escritos com os nomes dos mesmos autores podem ser igualmente bons ou até melhores, mas esta opinião visa apenas dar destaque aos livros e autores que o fazem sob um pseudónimo. 

Os livros escritos por J.K Rowling, da saga do Harry Potter, são uma série de livros que mais tarde se tornaram em filmes que toda a gente conhece. No entanto, muita gente desconhece o facto de esta autora ter alguns livros sob o pseudónimo de Robert Galbraith. 

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Podemos perguntar o porquê. Se esta autora já é tão notoriamente famosa, porque haveria de escrever um livro sob um pseudónimo? 

Diria que a resposta é simples. Tal como quando um grande ator de um filme participa numa outra série, por vezes não deixamos de ver a personagem

anterior, deixando pouco espaço para uma nova interpretação, igual ao que acontece com muitos livros e histórias. 

A meu ver, os pseudónimos servem para transformar esse conhecimento numa invisibilidade sem sabermos o que estamos a ler, sem prévias informações, permitindo-nos assim entrar num mundo completamente novo. 

Apesar de sabermos alguns autores e os seus pseudónimos, tal como os de Fernando Pessoa ou de J.K Rowling, estes continuam a cumprir a sua missão de desviar atenções para aquilo que são verdadeiramente os escritores e atrair as atenções para o que eles querem que nós vejamos dentro da história que escrevem. 

Revisto por Liliana Braz

Fonte da capa: Unsplash

AUTORIA

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A Sara tem 18 anos, e está no primeiro ano de relações públicas e comunicação empresarial, desde pequena que sonha em fazer a diferença no mundo. Tem interesse nas artes, no cinema, no teatro. Sempre quis ter um meio para partilhar das suas opiniões e ajudar a dar uma voz a quem não a tem, no departamento de opinião da ESCS Magazine tem expectativas de se desafiar e expor as suas opiniões para assim também explorar novos mundos. O trabalho de sonho é fazer parte da ONU, algo com o qual sempre sonhou, que lhe permitiria uma ponte de acesso mais facilitada para a população global. Criatividade é o seu grande amigo e a escrita é uma maneira de o fazer transparecer.