Música

Slipknot: As máscaras que mudam com a música

O último álbum dos Slipknot saiu em setembro e marcou a contínua procura da banda por algo belo. The End, So Far exibe a versatilidade dos seus membros, sobretudo do vocalista Corey Taylor, sendo também o álbum menos heavy do catálogo da banda. 

Com o regresso a Portugal marcado para o Evil Live Festival, a 29 de junho, olhamos para as mudanças da sonoridade de uma banda que, a cada álbum, encontra formas únicas de se distinguir de entre todas as outras da história do heavy-metal

Slipknot – Uma dor estrondosa

Batia com tanta força naquele kit que as minhas mãos sangravam, estavam cobertas de ligaduras sangrentas”, declarou o baterista, Joey Jordison, à Metal Hammer, acerca da gravação do primeiro álbum da banda, lançado em 1999 – um álbum que os próprios membros não sabiam se ia ter sucesso porque não tinham uma base de fãs. As músicas foram escritas pelos membros para si mesmos, com base na dor muito real que alguns deles tinham sofrido. O resultado foi um registo brutal de raiva e desespero, sem paralelo no metal

Taylor afirma que este ainda é o álbum mais pesado a chegar ao top 3 do Billboard norte-americano e músicas como Wait and Bleed, (sic) e Spit it Out são ainda hoje tocadas em concerto. 

Iowa – O álbum definidor

Vindos de Des Moines, no estado de Iowa, os Slipknot não eram mais do que um grupo de conhecidos, com gostos musicais semelhantes, mas sem forma de se expressar e sem um futuro risonho pela frente. 

No seguimento do aclamado álbum de estreia, em 2001, Iowa foi ainda mais intenso e sombrio: “quando fizemos Iowa, odiávamo-nos uns aos outros, odiávamos o mundo, o mundo odiáva-nos”, disse o percussionista Shawn Craham. 

No entanto, num grupo de nove homens à beira de um esgotamento mental, o seu talento e paixão pela música foi mais do que visível e o resultado foi, para muitos fãs, o melhor álbum da banda até hoje.

Vol. 3: (The Subliminal Verses)  – Olá, guitarra acústica

Com a produção de Rick Rubin (que já trabalhara com Metallica, System of a Down e Linkin Park), este álbum trouxe uma variação de ritmo notória e introduziu as primeiras músicas dos Slipknot guiadas pela guitarra acústica: Circle e Vermillion Pt. 2

Também houve espaço para o nascimento de Duality e Before I Forget, sendo ambas marcantes por haver um foco notório na melodia, sem perder a essência pesada da banda. A segunda venceu um Grammy em 2006, na categoria de “Melhor Performance de Metal”. 

Misturando um novo som melódico com riffs cruéis, este álbum acabou por vender mais do que os dois anteriores. 

All Hope Is Gone – Êxito Sustentado

Lançado em 2008, All Hope is Gone não deixou dúvidas de que os Slipknot, menos de dez anos depois do primeiro álbum, eram uma das maiores bandas de metal do mundo – e não paravam de cimentar esse lugar.

Focado em temas como raiva, obsessão e na própria indústria musical, daqui saíram os clássicos Psychosocial e Snuff, a maior balada que a banda já fez.

.5: The Gray Chapter – Mudanças Irreparáveis

Lançado em 2014, é dedicado ao membro fundador Paul Gray, o baixista que faleceu em 2010. Além disso, o álbum também não conta com o talento único do baterista Joey Jordison, despedido no final de 2013. Jordison sofria de mielite transversa, uma forma de esclerose múltipla que lhe paralisara as pernas. Apesar de ter voltado a tocar, Jordison faleceu em 2021.

Alessandro Venturella e Jay Weinberg substituíram Gray e Jordison, respetivamente.

Assim, este álbum marcou uma alteração musical permanente, mais melancólica e calma, dando a sensação de uma perda irreversível. Não deixou de ser bem recebido (pela crítica e pelos fãs) e deu à luz um dos clássicos da banda: Devil in I.

We Are Not Your Kind – O menos memorável

As pessoas querem um novo Iowa, mas já não somos essa banda.” As palavras do guitarrista Jim Root, pouco antes do lançamento do sexto álbum da banda, em 2019, mostravam que o grupo soube evoluir e encontrar novas formas de se expressar, sem nunca perder a sua identidade. 

O single Unsainted foi muito aclamado e representa esta mudança na perfeição: tem um coro feminino, um riff enérgico e um foco claro na melodia. Também se destaca Nero Forte, ao contrário das restantes músicas do álbum, que não deixa de ser um bom tema, mas não deslumbra.

The End, So Far – Um dos melhores, so far

Os álbuns dos Slipknot começam com uma pequena música de introdução e este tem a mais longa dessas introduções – Adderall – que nos apresenta uma banda que não liga a expetativas nem ao que é convencional. A música Finale mostra o mesmo. 

O som pesado continua a ser a sua principal característica,tal como os singles The Dying Song (Time to Sing) e Yen demonstram, e não deixa dúvidas de que esta continua a ser uma banda indomável e pronta a continuar a dominar o mundo do metal.

Fonte da capa: Anthony Scanga

Artigo revisto por Daniela Leonardo

AUTORIA

LINKEDIN | + artigos

A Música sempre fez parte da sua vida. Após uma iniciação na música clássica, passou para o rock clássico de Rolling Stones e depressa se focou em bandas de hard-rock e metal (sendo Scorpions e Iron Maiden, respetivamente, as principais referências nesses campos). Hoje, gosta de ouvir um pouco de tudo, desde Mozart a John Coltrane, e desde Guns N’ Roses a System of a Down.