Desporto

Super Squadra Azzurra

A Squadra Azzura, como é conhecida a seleção nacional de Itália, é a grande revelação do Campeonato da Europa de 2020, que se realiza no presente ano. Venceram os três jogos que realizaram na fase grupos, onde marcaram sete golos e não sofreram nenhum. Terminaram o grupo em 1.º lugar, sendo, inclusive, a primeira seleção da história a ultrapassar a fase de grupos sem qualquer golo sofrido. Posto isto, a grande questão aqui é o porquê de a Itália ser considerada a equipa revelação.

Sempre que se fala das grandes competições de seleções inclui-se a Itália no lote dos crónicos favoritos. E com razão. A Itália conquistou já quatro Campeonatos do Mundo (1934, 1938, 1982 e 2006) e um Campeonato da Europa (1968), tendo sido campeã invicta em todas essas competições. Deve-se, em grande parte, ao rótulo defensivo que o futebol italiano detém. Como se diz na gíria do futebol: “O ataque ganha jogos e a defesa ganha campeonatos”. E que bem se aplica neste exemplo. Portanto, associamos sucesso e conquistas à seleção italiana. Mas o passado recente não foi de muita glória.  Os italianos falharam a presença no último Campeonato do Mundo, na Rússia, mas conseguiram voltar a marcar presença numa grande competição.

Um dos principais fatores que motivou este regresso competitivo da Squadra Azzurra foi a evolução do futebol italiano. Conotado como defensivo, o futebol italiano tem sido alvo de um desenvolvimento sustentado e gradual, tanto em quantidade como em qualidade, tanto de treinadores como de jogadores. Houve uma aposta clara na adoção de filosofias próprias de gestão. O futebol italiano é, hoje, um futebol muito tático, mas já não tão defensivo como há uns tempos. Há uma visão mais ofensiva do jogo, beneficiando muito o espetáculo que é o jogo. Como curiosidade, a Serie A, como é conhecida a liga italiana, foi, das principais ligas europeias, a que teve mais golos marcados na época, já finda, de 2020/2021.

Dois dos grandes exemplos dessa gestão são o Sassuolo e a Atalanta. Vou apenas aprofundar o primeiro. O Sassuolo é clube modesto que apostou numa identidade de gestão e de jogo muito própria, com princípios muito bem definidos e sustentados. O treinador Roberto de Zerbi reviu-se na filosofia do clube e, desde que chegou ao clube, em 2018, até à sua saída, em 2021, conseguiu potenciar vários jogadores e incluí-los nas respetivas seleções nacionais. Com uma ideia de jogo ofensiva, de posse e de constante movimentação, conseguiu prestações bastante aceitáveis no campeonato interno. Como consequência disso, duas das estrelas da Itália neste Europeu são jogadores do Sassuolo. Falo de Domenico Berardi e de Manuel Locatelli, extremo e médio, respetivamente. O primeiro já conta com uma assistência e com um auto-golo provocado e o segundo leva já dois golos marcados. É a prova real de que não são apenas os clubes ditos “grandes” que têm impacto nas seleções. Os projetos “com cabeça, tronco e membros” também têm os seus impactos: pode não ser número de troféus conquistados, mas são, com certeza, vitórias que valem tanto como troféus. No fundo, estes projetos centram-se muito naquilo que é a potencialização e valorização dos jogadores.

Caught Offside

Outra das grandes vantagens desta seleção italiana é a quantidade e qualidade de jogadores que tem à disposição. Para todas as posições existem três ou quatro soluções de qualidade praticamente igual. Desde 2018, a equipa sofreu uma renovação gradual, o que levou a um rejuvenescimento da mesma. Um dos grandes protagonistas é Roberto Mancini, selecionador italiano desde 2018. Conseguiu incutir um espírito vitorioso, uma coesão defensiva muito forte  e um estilo de jogo ofensivo, intenso e apaixonante, sempre com a preocupação de retirar o melhor de cada jogador.

Globo Esporte

     Como grande consequência do seu trabalho, a seleção italiana não perde há 32 jogos para todas as competições, estando atualmente nas meias finais do euro 2020.

Artigo revisto por Ana Sofia Cunha

AUTORIA

Sou amante de futebol desde que me lembro, mas não descarto nenhum desporto. Ambiciono ser Jornalista Desportivo, falando do jogo e quero deixar a minha marca nesse sentido. Gosto de me refugiar em séries e livros, o que me permite adquirir conhecimentos de forma contínua. Para além disso, nunca nego um bom convívio e ver o pôr-do-sol na praia dá-me bastante tranquilidade.