Editorias, Opinião

Tugas, não gozem na minha cara. Apontem para outro lado!

Existe algo que é extremamente belo e singular na relação entre Brasil e Portugal, e isto é a existência de pequenas palavras da língua portuguesa que usamos no quotidiano da forma mais casual e natural possível mas que, pela ironia da vida, possuem significados completamente diferentes nos bairros lusitanos e nas terras tupiniquins. Isso gera um certo desconforto que só quem conhece os significados da mesma palavra no Brasil e em Portugal pode explicar.

Um exemplo clássico dessa diferença é a palavra ”rapariga”, que em Portugal significa miúda ou mulher jovem, enquanto a mesma palavra no Brasil remete para a mulher que ganha a vida através da distribuição monetizada das suas partes íntimas – para os conhecidos, a excelentíssima senhora dona puta.

Porém, existe uma palavra que causa o mesmo desconforto, mas num grau muito mais polémico, que é a palavra ”gozar”. E, por algum motivo, eu pareço ser a única pessoa que realmente tem uma preocupação real em relação à utilização dessa palavra e aos constrangimentos que ela possa causar.

Primeiramente, para quem não sabe, “gozar” no Brasil é o mesmo que ejacular. Que magnífica é a nossa língua portuguesa, não é mesmo? Quem foi o génio que acreditou em que a melhor forma de traduzir a expressão ”Tás a brincar comigo?” seria ”Tás a ejacular no meu rosto? (Tás a gozar com a minha cara?)”.

O mais engraçado é que o Sr. Mendonça Costa (CEO da empresa oficial de tradução das expressões portuguesas e brasileiras desde 1937) também é responsável por essas saudosas traduções:

Pica = pénis; broche = alfinete de peito; trabalhar sem contrato = fazer um bico; discutir = esporrar.
A lista é interminável e as traduções tornam-se cada vez mais fantásticas. Ainda me lembro do dia em que estava no médico e uma miúda, com mais ou menos dez anos, saiu da sala do doutor a reclamar à mãe que o homem tinha gozado muito com ela pois deu-lhe com três picas no rabo.

Escutar aquilo me deixou traumatizado por uns quatro anos!

Existe ainda outra problemática que vale a pena trazer à tona, que é o ”Estou-me a vir”, que seria a tradução literal do ”I’m cumming”, o que para mim nunca fez sentido algum e sempre deixou-me extremamente curioso.
Há alguns anos atrás estava com uma portuguesa, quando escutei pela primeira vez esta expressão. Tenho a recordação de ter feito um pequeno brainstorming, de onde tive reflexões como:

Ela está a vir de onde? Se ela está a vir eu tenho que dizer que estou a ir? Quando eu terminar, tenho que falar ”cheguei”?

Enfim…

É oficial, este é o artigo mais porco que já escrevi!

Obrigado! \o/