Cinema e Televisão

Variações

António Joaquim Rodrigues Ribeiro, mais conhecido como António Variações, é a grande estrela deste filme. Nascido a 3 de dezembro de 1944, numa pequena aldeia no concelho de Amares, veio, mais tarde, a tornar-se numa enorme influência no ramo da música em Portugal.

Com uma realização estupenda de João Maia e interpretações brilhantes de Sérgio Praia, Filipe Duarte, Vitória Guerra e muitos outros atores portugueses extremamente talentosos, o filme “Variações” chegou aos cinemas a 22 de agosto de 2019, tendo um enorme sucesso pelas salas deste país e ainda arrecadando sete prémios em variadas categorias.

O filme começa com a infância de António (Sérgio Praia) na aldeia onde nasceu. Desde essa altura revela interesse pela música e uma forte influência pelo fado de uma tão importante cantora portuguesa: Amália Rodrigues.

Passando de seguida para o início e ascensão da sua carreira, começa aqui a narrativa da vida de António Variações. Viajamos através do ecrã para a época em que António viveu em Amesterdão, trabalhando como barbeiro e tentando a sua sorte na música. Quando esta, finalmente, lhe bate à porta, surge a oportunidade de voltar para o seu país. Já em Lisboa, vemos o seu percurso com editoras, músicos e concertos, nunca abandonando a profissão de barbeiro, uma outra paixão. Está também presente no filme a relação entre António e Fernando (Filipe Duarte), alguém que teria feito parte do seu passado antes de ir embora do país.

Fonte: Comunidade Cultura e Arte

António Variações foi um ícone de força e da luta contra a homofobia e a discriminação. Distinto pela forma excêntrica como se vestia que marcava firmemente a sua personalidade única, deixou em Portugal uma revolução necessária nas mentes do povo.

No filme, para além do romance com Fernando Ataíde, António vive um romance com a música, com o mundo e com a vida. Romances estes que são dos mais puros e sinceros que já alguma vez vi, pois era uma pessoa extremamente genuína e fiel a si próprio. Infelizmente, António acaba por falecer no auge da sua carreira, em 1984, por complicações de saúde. Tinha ainda uma vida por viver, mentalidades para mudar, música extraordinária para criar.

O fado é algo muito presente no filme, já que integra a sua abertura e também o seu fecho numa cena inesquecível entre António e Fernando, que aperta o coração de qualquer um. No final da sua vida e, portanto, no final do filme, António sonha também algumas vezes com Amália Rodrigues, revelando, mais uma vez, a influência desta na sua vida e a admiração por ela.

Se eu já gostava de António Variações, agora, após ver o filme que retrata a sua vida, gosto e admiro-o ainda mais e nunca irei esquecer a magia e o amontoado de emoções que tomaram conta de mim ao ver esta obra-prima no cinema. Escusado será dizer que recomendo este filme a 100%, não só pelo assunto que trata, mas também pelo facto de ser um filme português, pois tendemos a esquecer o que é nacional que muitas vezes é tão bom ou melhor do que o internacional.

Fonte: Imagem retirada do filme

Acho impossível o facto de alguém ficar indiferente a este filme tão bem conseguido, que capta a nossa atenção desde início e permanece na nossa memória durante muito tempo, sendo, sem dúvida, um filme que nos leva a pensar na importância das relações interpessoais, de fazer o que realmente nos apaixona e ainda de sermos nós próprios, sem medos e vergonhas. A quem ainda não viu este maravilhoso filme (algo que acho extremamente improvável, mas que, ainda assim, e a pensar nessas mesmas pessoas, não há um único spoiler presente neste artigo para não estragar a magia de o ver pela primeira vez) aconselho vivamente que o faça, mas preparem-se para chorar com a introspeção de António e a dureza dos seus sentimentos e pensamentos.

Trailer oficial. Fonte: Youtube

Artigo redigido por Filipa Amaro

Artigo revisto por Ana Sofia Cunha

Fonte da imagem de destaque: Blitz

AUTORIA

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Quase ingressou no curso de cinema aquando do início da sua jornada no ensino superior, porém, à última hora, decidiu que afinal queria enveredar pelo mundo do jornalismo. Veio da área dos números, mas após a sua entrada na ESCS Magazine - que tomou como um desafio - descobriu um gosto imenso pela escrita. Agora, enquanto editora da Secção de 7ª Arte, ambiciona proporcionar o conforto que sentiu quando entrou na Magazine a todos aqueles que, tal como ela, são apaixonados por cinema.