Os cinemas à volta de todo o mundo voltaram a receber o público animado e entusiasmado para assistir às estreias do novo ano. Foram vários os filmes que fizeram rir, chorar, gritar, pensar e aplaudir em conjunto. Os redatores de Cinema e Televisão da ESCS Magazine reuniram as suas opiniões para sobre os melhores filmes de 2022.

Everything Everywhere All At Once

O filme escrito e realizado por Dan Kwan e Daniel Scheinert conta a história de Evelyn Wang (Michelle Yeoh), uma imigrante dona de uma lavandaria que se confronta com problemas económicos levantados pela agente financeira Deirdre Beaubeirdre (Jamie Lee Curtis). Waymond Wang (Ke Huy Quan) é o marido da protagonista, que se prepara para terminar o casamento entre os dois. A filha do casal, Joy Wang (Stephanie Hsu), lida com problemas de autoestima enquanto tenta preservar a relação conturbada com os seus pais. O drama familiar completa-se com Gong Gong (James Hong), o pai de Evelyn, responsável por questionar as opções de vida tomadas pela filha.

Everything Everywhere All At Once apresenta o conceito de um “multiverso” infinito recheado de realidades paralelas únicas e peculiares. O drama junta-se à comédia nesta narrativa de rodopios e surpresas constantes. O filme somou mais de 103 milhões de dólares em todo o mundo, tornando-se no maior filme de bilheteria de todos os tempos da produtora A24.

Nope

O projeto mais recente de Jordan Peele é uma homenagem aos blockbusters de verão que, em tempos, sustentaram muitos cinemas espalhados por todo o mundo. O realizador, considerado um verdadeiro especialista do terror moderno, fez questão de não revelar grande parte do plot narrativo durante a divulgação da longa-metragem. Os posters, teasers e trailers lançados deixavam uma sensação incógnita no ar. O principal objetivo era, sem dúvida, surpreender os fãs do género de terror e do aclamado realizador. E essa meta foi alcançada, tendo em conta que Nope já ultrapassou 100 milhões de dólares em bilheteira.

A longa-metragem, que conta com uma classificação de 82% no Rotten Tomatoes, conta com um elenco de luxo. Daniel Kaluuya (OJ), Keke Palmer (Emerald), Steven Yeun (Ricky), Brandon Perea (Angel) e Michael Wincott (Antlers) dão vida e corpo ao terror que ameaça a vida humana. No fundo, Nope funciona como uma crítica ao mundo do espetáculo e Jordan Peele fá-lo de maneira magnífica, consagrando-se como um dos filmes mais memoráveis do ano.

X

Ti West surpreendeu os fãs com o lançamento de X. A longa-metragem é um slasher recheado de mortes violentas, sangrentas e verdadeiramente explícitas. A narrativa acompanha um grupo de jovens que viaja até ao Texas, onde planeia realizar um filme pornográfico na propriedade rural de um casal de idosos. O que Maxine (Mia Goth), Lorraine (Jenna Ortega), Bobby (Brittany Snow), Jackson (Scott Mescudi), Wayne (Martin Henderson) e RJ (Owen Campbell) desconhecem é que as suas vidas serão ameaçadas por uma equipa improvável de assassinos.

X consegue construir uma tensão que já não era sentida no género slasher há algum tempo. O filme funciona como uma homenagem a The Texas Chain Saw Massacre, recriando ambientes e sequências da obra inesquecível de 1974. A longa-metragem de Ti West demarca-se pela construção de personagens multidimensionais e envolventes, o que muitas vezes não acontece neste género cinematográfico. No Rotten Tomatoes, os críticos avaliam a obra com uma percentagem de 94%.

Top Gun: Maverick

A sequela do filme original de 1986, Top Gun, foi realizada por Joseph Kosinski. 36 anos depois, Pete Maverick (Tom Cruise) está de volta, desta vez para treinar um grupo de jovens pilotos para uma missão ultrassecreta: voar sob uma região montanhosa e destruir uma central subterrânea que desenvolve urânio. A narrativa destaca-se pela evolução da personagem principal e pelas fortes sensações emocionais, nomeadamente a nostalgia. O elenco conta com nomes como Miles Teller, Jennifer Connelly, Jon Hamm, Glen Powell, Lewis Pullman, Ed Harris e Val Kilmer.

Esta longa-metragem tornou-se o filme mais bem-sucedido da carreira de Tom Cruise. O filme consagrou-se a maior estreia de cinema do ano, ultrapassando a marca dos mil milhões de dólares em receitas de bilheteiras, o que se traduz em cerca de 944 milhões de euros.

Triangle of Sadness

A longa-metragem introduz o público ao casal de influencers e modelos composto por Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean). Os dois embarcam gratuitamente num passeio de cruzeiro, à mercê de um luxuoso iate, e são acompanhados por diferentes multimilionários de todo o mundo. O público conhece o oligarca russo Dimitry (Zlatko Buric), a sua esposa, Vera (Sunnyi Melles), e a amante, Ludmilla (Carolina Gynning). Therese (Iris Berben) é uma vítima de vários acidentes vasculares cerebrais, Thomas Smith (Woody Harrelson) é o capitão da embarcação, Paula (Vicki Berlin) é a comandante do staff do navio e Abigail (Dolly De Leon) é a responsável pela limpeza das retretes.

O novo filme do realizador sueco Ruben Östlund foi o grande vencedor da Palm d’Or de 2022 no prestigiado Festival de Cinema de Cannes. A obra recebeu grandes elogios por construir uma sátira perfeita aos grupos sociais privilegiados e à política mundial. A comédia junta-se ao drama, numa escrita tão bem-sucedida que consegue, sem dúvida, transmitir a mensagem social pretendida. A narrativa é imprevisível graças às personagens multidimensionais que funcionam graciosamente devido às atuações impressionantes de todo o elenco.

Fonte da capa: Ângelo Oliveira

Artigo revisto por Francisca Teodósio