O segredo da felicidade
Se os seres humanos têm algo em comum é o desejo de ser feliz. De certo modo, é irónico: pouco se sabe sobre a felicidade, apesar de conquistá-la ser o objetivo de vida de grande parte da população mundial. Segundo o dicionário, é a “condição da pessoa feliz” – mas esta definição não faz jus ao conceito em questão, que é provavelmente o mais conhecido e discutido globalmente.
A grande maioria não se incomoda com a imprecisão na referência ao termo, pois está entretida com a constante e intensiva busca desse estado. Que continuem desinteressados: afinal de contas, não existe solução para o problema. Criar uma definição universalmente aceite para uma concepção tão abstrata é uma missão quase impossível. Quando a ideia de felicidade de uma pessoa é a ideia de estupidez de outra – a subjetividade, ou seja, a divergência no que toca à sua designação e interpretação torna-se óbvia.
Através da apresentação da perceção de 17 pessoas conhecidas e desconhecidas, de diferentes idades e origens, pretendo reforçar que a felicidade é diferente para cada pessoa (e não será essa a beleza da vida?). Não existe um guia ou manual que ensine como viver uma “vida feliz”. Atingir esse estado implica reconhecer o valor da individualidade e ousar explorar os territórios do nosso interior.
O que é a felicidade?
Rita, 45 anos
“Uma criança fez um desenho e a mãe disse-lhe: ‘Agora pinta-o’. Ele pintou com diferentes cores e o desenho ficou mais bonito, mais vivo.
A felicidade serve como a cor, que acrescenta beleza à pintura da vida e a torna mais viva.”
És feliz?
Samantha, 18 anos
“Sou feliz? Não é algo que eu me questione (ou que me questionem) frequentemente. É difícil responder a essa pergunta, porque a felicidade não é um estado constante.
Ou seja, a resposta é não. Eu acho que a maioria das pessoas honestas (que não estão em negação) admitiriam isso. A culpa não é nossa, mas sim do nosso cérebro – recordamos mais vivamente as coisas más e, no fundo, todos nós estamos inclinados para o pessimismo.
Não é suposto seres feliz a tempo inteiro. A crença de que o deverias ser é o resultado de positividade tóxica e marketing irrealista. A felicidade tem de ser cultivada e, mesmo quando atingires esse estado, terás de continuar a escolher pensar positivamente e perdoar-te (até quando isso parece impossível).”
Francisco, 20 anos
“Sim. Sou feliz quando consigo fazer o outro feliz. E levo isso comigo para aquilo que quero fazer na vida: quero entreter as pessoas e pôr-lhes um sorriso na cara.
Para mim a felicidade está em conseguir garantir que não sou feliz sozinho, porque os que estão à minha volta também o são. Felicidade gera felicidade.”
Guto, 20 anos
“Não sou feliz, nem sou triste.
A felicidade, para mim, é o estado que se atinge ao fim da longa caminhada que é a vida. Tenho a certeza absoluta de que, chegando à linha final, serei uma pessoa feliz. Entretanto, trabalho para ser a melhor versão possível de mim.”
O que te faz feliz?
Dino, 12 anos
“A família e os amigos.”
Leonor, 18 anos
“Saber que consigo retribuir tudo de bom que os meus amigos e família me concedem.”
Jorge, 54 anos
“Tocar o bandolim nas ruas de Lisboa. E a companhia de uma mulher bela.”
Daniela, 30 anos
“Viajar e comer.”
Fernando, 63 anos
“A contemplação da vida.”
Diana, 19 anos
“Passear à beira mar.”
Filipe, 94 anos
“Acordar de manhã, sabendo que Deus me presenteou com mais um dia para andar na Terra.”
António, 18 anos
“Chegar à comichão a meio das costas.”
Qual é o caminho para a felicidade?
Christine, 60 anos
“Mesmo perante os obstáculos que a vida nos impõe, devemo-nos manter firmes e confiantes. É possível encontrar felicidade nas mais simples e pequenas coisas do dia a dia.”
Jacquelin, 61 anos
“Se acreditares no impossível, o incrível pode tornar-se realidade.”
Guto, 20 anos
“É saber lidar com a dor. A dor é inevitável; o sofrimento é uma escolha. Se eu fosse atingido por uma flecha, poderia reagir de duas formas: deixá-la espetada na perna e chorar; ou arrancá-la e cobrir a ferida com um penso. De uma forma ou outra, eu iria recuperar do acidente – a diferença está no processo de cura. Tendo isto em mente, sou mais livre e feliz.”
Andy, 42 anos
“Felicidade é estar em paz consigo mesmo.”
Elizabeth, 45 anos
“A felicidade pode ser cultivada através de uma jantarada, uma conversa no carro ou um encontro para beber um copo de vinho – todos estes momentos proporcionam alegria, desde que sejam partilhados com alguém com quem se tenha uma conexão genuína.”
Mário, 18 anos
“Aceitar a infelicidade, porque essa é a chave para a felicidade. A primeira concede valor à segunda: se a felicidade fosse um estado contínuo, não seria tão estimada.”
Com respostas extraordinárias, os testemunhos contribuíram para verificar o seguinte: a conquista da felicidade é um processo único e individual, tal como o ser humano o é. O indivíduo é um ser sem igual, criado e desenvolvido através das suas vivências – evidentemente, isso reflete-se na sua compreensão da felicidade e nos motivos que a originam. Talvez, o caminho para a felicidade seja a autenticidade e honestidade com o “eu”.
Fonte da capa: Autor
Artigo revisto por Adriana Vicente
AUTORIA
Daniela nasceu nos Estados Unidos, mas cedo se mudou para a ilha da Madeira, onde foi criada. Embarcar para a cidade de Lisboa é um primeiro passo para conquistar o seu sonho de criança: ser uma renomada Jornalista. Ambiciona criar conteúdos para grandes revistas turísticas, porque, para além da escrita, a sua paixão é viajar. São os pequenos prazeres da vida que a movem, e deseja partilhar esse olhar único sobre a vida.
Extraordinário!!
Melhora de artigo para artigo, imagino as partilhas e reflexões que virão por aí…
Precisamos muito dessa força e inspiração, que brota dos nossos jovens é sinal que continuamos a aprender e a renovar as nossas consciências.
Well done Dani!