Morangos com Açúcar foi um grande fenómeno que estreou em 2003 e que até hoje continua a marcar várias gerações, sendo que as nove primeiras temporadas estão disponíveis na TVI Player. Quem não se lembra da Joana e do Pipo, do Bar do Fred, do Colégio da Barra ou até mesmo da Escola de Artes D. Sebastião?

Aviso: este artigo tem spoilers da nova temporada de Morangos com Açúcar.

Os episódios da nova temporada de MCA chegaram à Prime Video e à TVI a 23 de outubro. É transmitido um episódio por semana no canal quatro e a plataforma de streaming disponibilizou os dez episódios da nova temporada no dia de estreia. Seguir-se-á, no início de 2024, uma segunda temporada e, depois, uma terceira, já no verão. 

O primeiro episódio é uma seca! A história é entediante, sem desenvolvimento e mal estruturada. Mas a temporada melhora de episódio para episódio. O primeiro episódio não faz justiça aos seguintes. Algo que se verifica neste episódio é a incompetência da realização. Não há intermediários entre cenas, o que é importante para o desenrolar da ação e para deixar a história menos confusa. Não tem a ação que devia para o 1.º episódio.

A adaptação aos tempos de hoje é um assunto polémico. Muitas pessoas criticam e reclamam que os Morangos já não são iguais, e ainda bem! Os tempos não são os mesmos. As preocupações não são as mesmas. As pessoas já não são iguais, e provavelmente se continuássemos com personagens iguais às antigas seria mais do mesmo. Além de que os adolescentes atuais não iriam compreender os problemas das personagens, porque não é a realidade deles. 

Acima de tudo, os Morangos com Açúcar falavam das ansiedades da adolescência e dos problemas vividos pelos jovens do nosso país, e esta nova temporada não é diferente. É claramente notório que os problemas dos adolescentes atualmente não são os mesmos que  há 15 ou 20 anos atrás, ou seja, os Morangos nunca poderiam ser iguais, nem faria sentido. Os novos Morangos falam sobre os problemas da atualidade: redes sociais, influencers, drogas, cyberbullying, bodyshaming, sexo, …

Falando da história, o triângulo amoroso é algo visto em todas as séries: uma menina que tem dois amores, e uma vilã, que é a namorada do protagonista, e que se junta ao vilão para separar os outros dois. Aqui, acontece exatamente o mesmo. É mais do mesmo. A história, mesmo sendo interessante, não tem muita variedade. O guião parece que foi escrito por uma criança de 13 anos. Por ter um elenco grande e querer dar história a todas as personagens, a temporada deixa muitas pontas soltas. Há assuntos que, simplesmente, parecem ter ficado esquecidos num cacifo qualquer no Colégio da Barra. Esperemos que a segunda temporada resolva isto e acabe com estas histórias mal contadas.

A voz off da Kika, a narradora: é como o famoso ditado – primeiro estranha-se, depois entranha-se. Mas falando na Kika, é necessário dar os parabéns à Beatriz Frazão, que mostrou mais uma vez que o seu percurso como atriz só a fez desempenhar bem o seu papel. Pelo contrário, Margarida Corceiro é uma péssima atriz e não deu vida nenhuma à Gabi. A Gabi é a vilã e é uma personagem icónica, mas a atriz não conseguiu dar a “chama” de que a personagem precisa.

Falando em atores, pior do que terem matado a Ana Luísa (Cláudia Vieira), é mesmo terem matado a personalidade do Simão. Parece que fazem do Pedro Teixeira, que é um ótimo ator, um mau ator A Rita Pereira é a mesma coisa: a sua personagem, Soraia, é alguém que dá vontade de se estrangular e de fazer calar. O Crómio (Tiago Castro) não deixa de ser o Crómio – era, e continua a ser, uma personagem icónica.

A temporada termina de maneira misteriosa, o que me fez querer ver a próxima para saber o que aconteceu à Carol, ao Bruno e à Kika. Será que estão todos juntos em alguma parte? Será que a Carol (Ana Andrade) ou o Bruno (Gonçalo Braga) foram raptados? Quem será o culpado pelo vídeo da Carol na casa de banho? É algo sobre o qual pensamos que, ao longo da temporada, vamos ter respostas, mas a verdade é que não é no fim da primeira temporada que as recebemos. Será na segunda temporada ou na temporada de verão?

De forma geral, a série não está má, pelo que aconselho a ver. Superou, sem dúvida, as minhas expectativas enquanto espetadora que, tal como outras pessoas, julgou a série pelo trailer. Considero, no entanto, a série cativante, pelo facto de manter os ideais e as representações de uma boa história. Mesmo não sendo os Morangos que todos esperávamos, verificamos uma melhoria de episódio para episódio, tal como na representação dos novos atores. Tenho esperança de que, se assim continuar, as duas próximas temporadas sejam ainda melhores e com um enredo superior.

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Fonte da capa: Meios & Publicidade

Artigo revisto por Leonor Pereira