Música

Um dos álbuns de 2024, “A Família” de Cassete Pirata

Em 2016, o jazz reuniu um grupo de cinco amigos. Passaram oito anos e, atualmente, Cassete Pirata é uma das bandas mais aclamadas no universo pop rock indie português.

A banda, composta por João Firmino – Pir – (letras, voz e guitarra), Margarida Campelo e Joana Espadinha (vozes e teclados), António Quintino (baixo) e João Pinheiro (bateria), estreou-se no extinto e emblemático Popular Alvalade, em Lisboa, e desde então marca uma constante presença nos tops nacionais.

Seguido de A Montra (2019) e A Semente (2021), A Família é sem dúvida um dos mais fortes discos concorrentes aos tops nacionais de 2024.  

Em cima: João Pinheiro, Pir e Joana Espadinha
Em baixo: António Quintino e Margarida Campelo
Fonte: Spotify

A Família

Lançado a 24 de maio, A Família é o terceiro longa-duração da banda. O álbum conta com dez faixas e com a produção de Moritz Kerschbaumer.

Este disco traz um som diferente dos anteriores. Para além de músicas “100% Cassete”, traz também uma vertente mais jazz – com, por exemplo, um piano acústico e um contrabaixo – e muitas outras sonoridades marcadas desde a primeira faixa. Esta diferença colocou a banda a pensar no seu conceito, com alguns receios e anseios. 

O resultado? Um disco de canções maduras, enérgicas e suaves, capaz de agradar a todos os que já conheciam a banda, abrindo a porta a novos ouvintes e mostrando que o rock é eterno.

Fonte: Spotify
Faixa a Faixa

Logo na primeira faixa, Portas do Céu, conseguimos ver uma diferença relativamente aos álbuns anteriores, uma música cheia de fuzz um efeito de distorção de áudio utilizado nos instrumentos musicais.

Em Promessas conseguimos ver um lado mais “psicadélico”, várias repetições e um refrão que fica no ouvido de quem o escuta. 

Videoclipe: A Rotina

Não podia faltar um lado mais “Cassete Romântico” com todas as coisas boas e más que o amor pode trazer. A Rotina fala-nos abertamente sobre os caminhos desamparados do tédio, sobre os momentos em que os sonhos nos parecem refúgios ao quotidiano, e a que nos rendemos muitas vezes: Tudo se destrói, a nossa liberdade (…) Preciso estar sozinho, perder-me p’lo caminho outra vez”, mas também nos quais temos alguma esperança:  “Tudo se constrói e eu sei que o nosso amor pode encontrar de novo a solução / Está nas nossas mãos”.

A quarta faixa é Primavera, uma canção mais melancólica que aborda o tema da solidão. A meio do disco temos Tanta Vida Pra Viver, uma homenagem à vida, aos caminhos que ficam por viver, às escolhas que fazemos ao longo da mesma, à sorte, aos impulsos, às decisões ponderadas e às oportunidades que vamos conquistando e perdendo, com um refrão que marca uma clara urgência em viver: “Eu tenho tanta vida p’ra viver / Mas só me deram uma p’ra gastar”.

Videoclipe: Ninguém Fica a Perder

Segue-se Véu Dourado, uma canção calma que contrasta com a faixa seguinte,  Nem Quero Saber, que mostra um lado mais de revolta sobre as questões do quotidiano, sobre ideias estereotipadas, conceitos e preconceitos, senso e contrassenso. 

Ninguém Fica a Perder junta o erotismo ao romantismo, os enlaces e desenlaces das relações longas. 

A penúltima faixa é Fruta Madura, uma canção com várias camadas de pads e sintetizadores, que fala sobre a passagem do tempo e da maturidade que esta traz.

Encerrando o álbum temos Tens o Meu Coração, onde a banda nos fala sobre o bom e o mau de cada coração, um lado mais doce – amor e segurança – e um lado mais amargo, que por norma destrói as relações com as pessoas que mais amamos. Fala também em saber pedir ajuda, saber estar só e resolver-se interiormente, sobre longas batalhas que exigem bastante autoanálise. 

Fica aqui o convite à escuta do novo disco desta banda de amigos. A discografia de Cassete Pirata pode ser ouvida em todas as plataformas digitais.

Fonte da Capa: Público

Artigo revisto por: Miguel Calixto

AUTORIA

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Beatriz não vive sem música e tem uma playlist para todas as ocasiões. Entrou na Magazine para escrever sobre quem mais gosta de ouvir e, após um ano como redatora de Música, aceitou o desafio de ser editora no mesmo ramo. Está no 2.° ano de Publicidade e Marketing e no futuro espera vir a unir o gosto pela escrita e pela música a estas duas grandes áreas.