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A Coroa na Tela – A Influência do Cinema nas Opiniões Sobre a Monarquia Britânica

Ao longo das últimas semanas, temos assistido à grande “onda” de comoção que surgiu em torno do anúncio inesperado sobre a doença oncológica da Princesa de Gales, Catherine Middleton. Antes de o anúncio ser efetivamente feito pela equipa de comunicação do Palácio de Kensington, as redes sociais ficaram repentinamente recheadas de informações – nem sempre verdadeiras – sobre o estado de saúde da Princesa.

Este evento trouxe à tona discussões pertinentes sobre a influência que a cinematografia pode ter em relação à Família Real Britânica na cultura popular. Particularmente entre os jovens, esta influência pode ser ainda mais forte, uma vez que utilizam as redes sociais com mais frequência e que estas têm o poder de criar narrativas, por vezes, ligeiramente distópicas.

Em 2022, Pauline Maclaran, professora do Centro de Estudos da Monarquia Moderna do Royal Holloway  – que é também uma escritora especializada na realeza -, afirmou que uma grande parte dos jovens não guarda recordações dos anos 90 e que, por isso, é comum que as séries e filmes criados sobre a Família Real Britânica acabem por influenciar as suas opiniões em relação à monarquia britânica.

Segundo Pauline, um dos exemplos claros da poderosa influência do cinema nas opiniões dos mais novos reside na série The Crown, da Netflix. “Acho muito provável que estes episódios da Netflix venham a ser considerados como um semi documentário. Eles (os jovens) provavelmente irão perceber a Diana como vítima do tratamento que ela recebia de Charles”, afirmou a professora Maclaran.

Entre os espectadores da Geração Z, a Princesa Diana emergiu, de facto, como um “ícone cultural” – agora, mais do que nunca – depois de ter os dilemas da sua vida representados de forma crua em The Crown. Uma grande parte da população mais jovem identificou-se com as dificuldades pessoais da Princesa, com os seus atos defensivos e vagamente rebeldes perante causas públicas menosprezadas e com os seus questionamentos constantes acerca das instituições formais que “ditam as regras” do jogo.

Ainda que muitas das cenas retratadas em The Crown tenham muita dramatização associada aos factos reais, Pauline assegurou que o impacto real da série encontra-se na mensagem emocional que esta transmite ao público. Segundo a professora, a mensagem é fortificada, sobretudo, através do uso das redes sociais que “filtram” a informação de modo a tornar o cariz emocional da ficção ainda mais evidente.

Fonte: Business Insider

De acordo com uma pesquisa do instituto britânico YouGov, os jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos estão três vezes mais dispostos a acreditarem que a série The Crow é meticulosamente precisa naquilo que relata, em comparação com as faixas etárias mais avançadas. Em parte, esta crença quase inflexível deve-se à constante circulação de informação nas redes sociais.

Embora a disseminação de informações imprecisas na era digital possa distorcer a compreensão e opinião pública, é importante reconhecer que a influência das obras cinematográficas sobre a Família Real Britânica não é um fenómeno novo. Ao longo da história, produções como documentários e dramas de ficção moldaram as perceções do público sobre a monarquia. 

Por exemplo, A Rainha, que contou com a produção de Stephen Frears e com Helen Mirren no papel de Rainha Elizabeth II, ofereceu uma visão intimista dos bastidores do Palácio de Buckingham durante um dos períodos mais desafiadores do reinado da Rainha. O filme recebeu uma grande aclamação crítica e popular, destacando a humanidade por trás da figura real e conseguindo, assim, gerar simpatia por parte do público. “A imagem de Elizabeth II foi realmente beneficiada por A Rainha. O filme deu-lhe um lado emocional que as pessoas não tinham ainda observado”, disse Maclaran.

Fonte: Filmelier

É importante perceber que estas representações não proporcionam apenas entretenimento, uma vez que também desempenham um papel crucial na formação da identidade nacional e na compreensão da história britânica. A monarquia, como instituição, tem habilmente navegado entre as águas da cultura popular, aproveitando as representações cinematográficas favoráveis para fortalecer a legitimidade da Coroa junto do público.

No entanto, é importante manter um olhar crítico sobre as representações mediáticas, reconhecendo a natureza ficcional e os seus possíveis impactos na perceção pública. Em última análise, o poder da cinematografia sobre a Família Real Britânica é um lembrete vívido do poder das narrativas no que diz respeito a moldar a nossa compreensão do passado, presente e futuro.

Fonte da capa: UOL

Revisto por Maria Batalha

AUTORIA

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A Carolina tem dezenove anos e está atualmente a tirar uma licenciatura em Relações Públicas e Comunicação Empresarial – uma das suas grandes paixões. Outra das suas paixões é a escrita, a sua forma de arte preferida. Desde os doze anos escreve sobretudo ficção, mas gosta de explorar diversos géneros que a permitam “brincar” com as palavras. Partilhar aquilo que escreve sempre foi um grande desafio, mas ao decidir construir uma carreira na área da comunicação, decidiu que a timidez não podia continuar a representar uma barreira no seu caminho. Os seus tempos livres são ocupados com leitura e nada a cativa mais do que a literatura clássica, em especial os romances de Jane Austen e das irmãs Brontë. Ao escrever para a ESCS Magazine, a Carolina sente que tem a liberdade de unir a sua paixão pela escrita com a sua admiração pelo cinema.