Opinião

A ilusão do enriquecimento rápido

O Ministério Público abriu um inquérito, dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, sobre “cursos” de criptomoedas por YouTubers. Estão também em causa vídeos partilhados por influenciadores digitais relativos a apostas desportivas. O objetivo é perceber se há burla.

Fonte da imagem: Reuters/Dado Ruvic

A imprensa tem dado alguma cobertura a esta situação. Mas mais importante agora do que especular sobre se o estilo de vida destes influenciadores digitais é alimentado por burlas (porque ainda só foi aberto um inquérito), é refletir sobre a ilusão do enriquecimento rápido. Este é um problema marcante que vemos desde logo, muito em jovens, o que é verdadeiramente preocupante.

É chocante constatar a importância que muitos jovens dão a esta ideia de enriquecimento fácil e rápido. E claro que aos influenciadores digitais que têm enorme poder de persuasão sobre eles se pede que não os conduzam a esta ideia.

Os jovens têm de ser educados para a literacia financeira, para que possam futuramente investir o seu dinheiro, se assim quiserem, nos instrumentos financeiros que entenderem, com conhecimento de causa. Como é possível não haver uma disciplina de literacia financeira nas escolas?

Fonte da imagem: Porto Editora

Os jovens são atirados para o mundo dos adultos sem estarem preparados para gerir o seu dinheiro e vendo os outros adultos a não saberem gerir o seu dinheiro também. Talvez seja por isso que ainda enquanto jovens comecem logo a pensar em formas de enriquecer depressa, sem critério…

A vontade de enriquecer depressa é-nos muito intrínseca. É importante dar aos jovens conhecimentos sobre como podem futuramente aplicar o seu dinheiro e maximizá-lo, sobretudo a longo prazo. Tirar-lhes da cabeça esta ideia de procurar o caminho mais fácil e rápido.

Independentemente do maior ou menor apreço que sinta por este ou aquele influenciador digital ou YouTuber, pensando de forma geral e sem tirar mérito a quem consegue ganhar a vida a produzir este género de conteúdos, a verdade é que alguns destes influenciadores ostentam riqueza. Isso só por si já passa à audiência jovem uma ideia de que qualquer pessoa pode enriquecer depressa.

E isto não é uma crítica aos influenciadores. É um elogio até. Não é qualquer pessoa que torna virais conteúdos produzidos por si. É um pequeno grupo de pessoas.

Mais: claro que os jovens não têm necessariamente de seguir uma vida dependente de um salário. Podem ser empreendedores. Podem ter uma carteira diversificada de investimentos. Mas precisam de literacia financeira. De aprender com quem sabe.

Fonte da imagem de destaque: Wikipedia

Artigo revisto por Lurdes Pereira

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