Opinião

A minha nova perceção das redes sociais

Já muito se falou sobre as redes sociais e as suas vantagens e desvantagens. Mas gostava de dar a minha visão. Quem sabe se alguém se poderá identificar com ela.

A perceção que temos das redes sociais e a importância que lhes damos é subjetiva. Podemos sempre dar-lhe uma utilização saudável, mas acredito que não é fácil conseguir isso logo à partida. É uma aprendizagem que se vai fazendo.

No meu caso foi assim. Há quatro ou cinco anos entrei cheio de entusiasmo no Instagram. Mas acho que entrei porque sentia que tinha de o fazer para “existir”. Para “existir” na sociedade de hoje em dia. Para estar em contacto com as pessoas numa das formas que elas mais estavam a usar, para interagir umas com as outras.

Fonte da imagem: cesar.org

Criei, inclusivamente, uma segunda conta de Instagram que se destinava a mostrar um lado mais extrovertido, por vezes exagerado, com o intuito de suscitar mais reações das pessoas e, assim, aproximar-me delas. Contudo, recentemente comecei a olhar para as coisas com uma visão mais consentânea daquilo que realmente sinto e menos apegada à relevância que se dá às redes sociais.

Percebi que estava a perder muito tempo no Instagram com conteúdo que, na verdade, não me interessava. E, para mim, o tempo é valioso. Além disso, no que toca a interagir com pessoas, prefiro enviar diretamente às pessoas algo que queira partilhar com elas, em vez de publicar algo no Instagram e esperar reações. É menos artificial, na minha sensibilidade.

Preciso de me aproximar das pessoas ao meu ritmo, sem pressão social. Se calhar não sou uma “pessoa das pessoas”. E agora sei que não sou obrigado a sê-lo. Sou mais reservado e gosto de me aproximar das pessoas só quando me parece orgânico.

Passei a ter Twitter e estou a gostar muito mais. Sinto que tem conteúdo mais relevante, na minha perspetiva (subjetiva). Esta mudança coincidiu com uma fase em que estou a olhar mais para dentro de mim e para a minha vontade própria e a compreender aquilo com que me identifico.

Tenho 21 anos. Estou a construir a minha identidade. Tudo isto faz parte deste processo. Costumava pensar: “Já tenho 21 anos. Já devia saber quem sou“. Aprendi a pensar: “Só tenho 21 anos“. É uma diferença pequena, mas avassaladora…

Tinha medo de ser adulto. Não sabia como me queria apresentar perante o mundo. Tentava ser o que as pessoas esperavam de mim. Desempenhava um papel diferente com cada pessoa. Agora, preocupo-me em ser quem eu sou.

No futuro, vejo as minhas redes sociais como essencialmente de cariz profissional. É nesse âmbito que identifico múltiplas vantagens na utilização delas, nomeadamente aproximar-me de pessoas da mesma área e interagir com partilhas e comentários com elas. Isso contribui para todos aprendermos uns com os outros. Todos ficamos mais bem informados e podemos facilmente trocar ideias.

E porquê focar-me só nesta vertente? Apercebi-me de que, na verdade, não ligo nada a fotografias. São raras as situações em que tenho o impulso de agarrar no telemóvel para tirar fotografias a alguma coisa. Nem tenho o impulso de tirar fotografias a mim próprio. Antigamente, tirava e publicava para ter a tal interação com as pessoas nas redes sociais.

Fonte da imagem: MAGG

Isto não significa que agora eu seja uma pessoa fechada. Ser uma pessoa reservada não implica ser uma pessoa fechada. A verdade é que esta maior calma me está a ajudar a perceber melhor como quero interagir com as pessoas.

Fonte da imagem de destaque: Revista Galileu – Globo

Artigo revisto por Ana Janeiro

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